Dez meses e os danos somados pelo tempo, a maresia e a força das ondas continuam evidentes. A reforma da Ponte dos Ingleses, popularmente conhecida como Ponte Metálica, iniciada desde o dia 25 de janeiro deste ano, ultrapassou o prazo estipulado para a conclusão do reparo, e os tapumes seguem erguidos, com os seguintes dizeres: "em breve, novos bons momentos em uma ponte metálica renovada".
O restauro é aguardado, mas requer paciência de sobra. A Secretaria de Turismo do Estado do Ceará (Setur) foi procurada para informar a respeito de um novo prazo e do avanço nas obras, porém, não respondeu até o fechamento desta edição. Pichações marcam partes do material das cobertas dos quiosques, enquanto alguns dos postes de iluminação da ponte pendem para as laterais da estrutura. As cercas de madeira, originalmente brancas, encontram-se manchadas e deterioradas, e, ao lado direito do corredor, um trecho das cercas foi destruído, aparentemente, pela maré.
A espera por novos bons momentos é compartilhada por banhistas e visitantes da Praia de Iracema. Hélio dos Santos é um deles e guarda memórias da adolescência que, segundo ele, teve a Ponte dos Ingleses como cenário de algumas das melhores lembranças. "A gente tinha mais ou menos uns 16 anos quando vinha pra cá nadar e ver o pôr do sol. A gente ia até o final da ponte e ficava por lá, um grupo de amigos. Faz falta demais", relata o apontador de obras, de 29 anos.
Na companhia da esposa e do filho, Jair Evangelista completa as histórias de Hélio, seu primo. Ele fazia parte do mesmo grupo que ocupava o local durante a juventude, quase sempre com um violão em mãos, como ele se lembra. "A gente não se cansava. Vinha pra ficar até a hora que fechava mesmo, por volta de meia-noite. Os seguranças ficavam de olho, não gostavam muito", conta, respaldado pela confirmação do primo.
Aos 33 anos, Jair não mora mais em Fortaleza, mas garante que os fins de tarde na Ponte dos Ingleses são levados e lembrados com carinho até sua casa, no Maranhão. "A gente ainda vem visitar, mas não é a mesma coisa. Era pra terem reformado logo. Por enquanto, só dá pra ficar por aqui nas pedras mesmo, vendo de longe", lamenta.
Histórico
Por trás do cartão-postal e ponto de encontro para transeuntes, a antiga estrutura abriga um símbolo histórico para Fortaleza, tombada pelo Município em 1989. O projeto de adaptação ao uso paisagístico e de lazer foi feito em 1994, pelos arquitetos Fausto Nilo e Delberg Ponce de Leon.