Parte de iniciativa para auxiliar na gestão do Parque Estadual Marinho da Pedra da Risca do Meio, única Unidade de Conservação totalmente submersa no mar do Ceará, projeto ajuda a mapear espécies de animais que lá vivem desde fevereiro deste ano. O Plano de Manejo para o parque, que ainda não está finalizado, juntamente com pesquisas anteriormente realizadas, já mapeou cerca de 200 espécies marinhas vivendo no parque.
Esse é o número mínimo de espécies na área, podendo ser "até maior" após a conclusão do estudo, segundo o professor do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC), Marcelo Soares. Investimento na ação é proveniente do Projeto Áreas Marinhas e Costeiras Protegidas (GEF Mar), com recursos do Banco Mundial em uma parceria firmada entre o Labomar e a Secretaria do Meio Ambiente (Sema).
A unidade é localizada a cerca de 10 milhas náuticas, o equivalente a 18 quilômetros de distância do Porto do Mucuripe, em Fortaleza. O plano, essencial para a manutenção da vida marinha, tem previsão de ser entregue em novembro deste ano. Atualmente, de acordo com Marcelo Soares, que é coordenador do plano de manejo, os trabalhos estão em fase de diagnóstico.
Com auxílio da operadora de mergulho Mar do Ceará, equipes do Labomar realizam expedições, desde o último dia 10 de julho, em uma profundidade que varia entre 17 e 30 metros, para coletar amostras da qualidade da água (temperatura, oxigênio e salinidade) e registrar e contabilizar espécies encontradas no fundo do mar. Conforme o professor, já foram realizados seis mergulhos.
"Estamos na fase crucial de diagnosticar a saúde dos animais e do ambiente para então podermos fazer intervenções. É como se fosse o trabalho de um médico. A gente tem se surpreendido muito com os resultados. Nos últimos mergulhos, encontramos espécies de tubarões, arraias, tartarugas e peixes. Essa diversidade de animais indica que o ambiente está saudável. Encontramos também corais grandes e isso é um indicador de saúde do local", pondera.
Das 200 espécies que estima-se ter na área do parque, 131 foram contabilizadas em pesquisa do Labomar da UFC em parceria com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Universidade de São Paulo (USP), divulgada no início do ano. A descoberta do restante foi feita nas recentes expedições.
Conservação
As idas ao parque têm como preocupação a contaminação da água como risco à vida aquática. De acordo com Izaura Lila, administradora do Parque Estadual Marinho da Pedra da Risca do Meio, o trabalho desenvolvido no plano de manejo é importante para divulgar a existência da unidade de conservação.
"Muita gente não sabe que o parque existe. Neste ano, ele completa 22 anos de criação, em setembro, e é essencial que mostremos para a população que essa unidade existe e o que nós fazemos no mar pode afetar os animais que vivem lá", frisa a gestora.
Um dos objetivos das expedições, de acordo com Marcelo Soares, é também detectar a presença de fatores que ponham em risco os animais.
"A gente mergulhou semana passada em uma das áreas e tinha uma tartaruga morta em uma rede de pesca abandonada. Isso favorece a chamada 'pesca fantasma'. Redes que caem de barcos de pesca vão parar no fundo do mar, ficam presas lá embaixo e os peixes vão ficando presos e podem morrer", relata.
Outro problema resulta do descarte de canudos e sacos plásticos no mar, lixos comumente jogado em praias por banhistas. "Muitos animais estão ingerindo microplásticos. Estes são pequenas partículas de plástico que vão se degradando e isso vira um problema. Ainda estamos pesquisando e entendendo isso".