Medida decretada na capital cearense na última quarta-feira (03) pelo governador Camilo Santana, o isolamento social rígido - ou lockdown - tem como objetivo reduzir a propagação da Covid-19, por meio do decreto nº33.965. Com liberação de funcionamento somente para serviços essenciais, o momento atual se assemelha ao vivido em maio de 2020, mas com número de casos superior ao pico do ano passado. A Capital se junta a outros 24 municípios cearenses que já aderiram à medida.
Ainda na quarta-feira, Elias Leite, presidente da Unimed Fortaleza, relatou em vídeo nas redes sociais que o número de internações supera as do pico de 2020. Em todo o Ceará, a taxa de ocupação das UTIs passa dos 90%. Diante desse cenário, o decreto de lockdown - em vigência desde ontem (5) até o dia 18 de março - já era esperado por parte da população.
De acordo com Luciano Pamplona, biólogo e epidemiologista, o lockdown pode ser definido como resposta a uma situação incomum ou fragilidade do sistema para evitar um perigo maior. No caso do novo coronavírus (Sars-CoV-2), como a Covid-19 é uma doença respiratória, o distanciamento físico reduz o risco de propagação do vírus.
Em relação ao momento de implantação do lockdown, Luciano comenta que a decisão foi analisada por diversos ângulos, mas, principalmente, pela saúde e economia. “Acredito que, pesando tudo, esse seja um momento necessário. Ideal, nunca seria. Essa tem que ser vista como uma medida extrema.”
Segundo estudos realizados por pesquisadores ligados à Universidade Estadual do Ceará (Uece), o pico da segunda onda na Capital deve ocorrer entre os dias 12 e 22 de março. “Os modelos matemáticos apontam risco de maior transmissibilidade entre segunda e terceira semana de março. Tudo isso pode ser impactado por uma maior ou menor adesão às medidas restritivas”, reflete Luciano Pamplona.
Exemplos de outros países
Ainda em 2020, diversos países da Europa, como Inglaterra, França, Espanha e Portugal, adotaram períodos de lockdown para diminuir a propagação do vírus. Uma eventual comparação com o Brasil seria difícil, avalia Luciano, pois há diversas questões que os distanciam da realidade nacional, como o porte dos países.
“Não acredito que essa medida deva ser implementada de forma nacional. As realidades locais são distintas e merecem uma análise local. Certamente, a falta de educação e exemplo do governo federal prejudicam e diminuem a aceitação a essas medidas impostas por prefeitos e governadores.”