Um dos patrimônios históricos de Fortaleza foi atingido pelos efeitos do tempo. Parte da muralha da Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, sede da 10º Região Militar, desmoronou em março deste ano. Coberto com uma lona, o trecho afetado aguarda obras de reparo por parte do Exército Brasileiro.
De acordo com a 10ª Região Militar, um projeto de reparo da muralha foi submetido ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e aprovado. Agora, os militares aguardam fase de conclusão do processo licitatório da obra para executar intervenções.
Assista:
Um arquiteto e um arqueólogo do Iphan realizaram vistoria da muralha em 31 de março de 2021. "Constatamos que uma grande área da bateria inferior do baluarte nordeste arruinou-se, exatamente em redor ao trecho que sofrera afundamento, em meados do ano passado", aponta documento assinado pelos profissionais do Instituto.
Ainda em março, o Exército Brasileiro isolou a área e fez proteção com lona do trecho arruinado, consolidou o espaço arruinado com sacos de areia empilhados em paralelo ao baluarte e realizou avaliação sobre as causas da queda da muralha.
Em nota técnica, os técnicos do Iphan informaram que há relatos de arruinamentos prévios ao longo da muralha. "Seria importante verificar se os mesmos constam dos arquivos da 10ª Região Militar, e se já haveria ocorrido algo semelhante no baluarte nordeste; tal informação pode vir a contribuir para a determinação das causas do colapso".
Proposta de reforma
O Iphan informou na nota técnica que foi encaminhada proposta preliminar de estabilização estrutural e reconstrução de parte da bateria inferior do baluarte nordeste da Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção.
Ainda em documento, os técnicos pediram urgência na estabilização temporária do maciço e a realização dos laudos necessários para identificar as causas do arruinamento
Intervenções apontadas no projeto:
- Estabilização temporária do muro, com sacos de areia;
- Contratação de equipe para realizar laudos de engenharia necessários à identificação das causas do arruinamento e à elaboração do projeto executivo de consolidação;
- Execução de uma cortina de estacas de concreto no arrimo, paralelamente ao muro da bateria inferior, a qual ficará, em definitivo, como reforço estrutural da área;
- Execução de novo muro, em concreto
Para preservar as históricas da muralha, o órgão ainda orientou como deve ser construído a estrutura. "Quanto à proposta de recomposição do baluarte, é importante que se mantenha o sistema construtivo original do bem, qual seja, alvenaria de tijolos cerâmicos maciços, em vez de alterá-lo para concreto armado".
Equipamento tombado
O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural do Iphan aprovou, no dia 15 de julho de 2008, o tombamento da Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, do século XVII, que deu origem e nome à cidade de Fortaleza, no Ceará.
O parecer técnico do Iphan incluiu a fortaleza nos três Livros do Tombo: Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico; Histórico e das Belas Artes. A proposta foi uma iniciativa do professor José Liberal de Castro, da Universidade Federal do Ceará (UFC), a pedido do Comando da 10ª Região Militar. Ele é também integrante do Conselho e o responsável pelos estudos históricos e arquitetônicos que acompanharam o processo de tombamento.
Base da 10ª Região Militar, a fortaleza está localizada ao lado do Passeio Público, monumento já tombado pelo Iphan. A edificação foi erguida numa área onde vários fortes foram construídos desde as primeiras tentativas de colonização e o local deu origem ao primeiro povoado da região, atualmente a capital do Estado.
Atualmente sua estrutura é constituída por pedra, cal e tijolo, e a edificação se encontra em boas condições gerais de construção. As maiores alterações produzidas em seu conjunto foram realizadas após a Segunda Guerra Mundial, quando as instalações passaram por novas adaptações e reformas.
História da cidade
Em 1649 foram construídos vários fortes, que passaram por sucessivos desmoronamentos, no local. Até então conhecido como Forte Schoonemboch, em 1654 o forte foi tomado pelos portugueses e nomeado Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção.
Em 1812, começou a ser construída a atual fortaleza, que foi praticamente concluída em 1817. De 1857 a 1860 outras obras foram realizadas, e a edificação passou então à categoria das fortificações de segunda classe.
A antiga fortaleza foi desarmada pelo governo da República no ano de 1910 e passou a ser considerada apenas como dependência do quartel. No início da Primeira Guerra Mundial, os canhões de bronze e importantes relíquias existentes foram comercializadas e fundidas.