"A situação é essa", começa a dizer em um vídeo o senhor Flávio Freitas, durante gravação em seu celular na emergência do Hospital Geral de Fortaleza (HGF): "meu sogro, suspeito de AVC, e o hospital não faz ressonância magnética no fim de semana a pedido dos médicos, obrigando o paciente a ficar dois dias no hospital, sem medicação e sem fazer a ressonância pra ter certeza do AVC”.
A denúncia, encaminhada para o Sistema Verdes Mares, foi gravada na noite do último sábado (10), quase 20 horas após o paciente Herisvaldo Gonçalves Lima, 71 anos, natural de Maracanaú, dar entrada no hospital. Terá que esperar até segunda-feira (12) para realização do exame.
Nas imagens, um leito cheio, com pacientes espalhados em macas no corredor e numa sala maior, com acompanhantes e acamados com acesso recebendo soro e medicamentos. Conforme o genro Flávio Freitas, a orientação dada foi esperar até segunda-feira, quando o serviço de ressonância retoma normalmente. Atendido pelo médico da emergência, Herisvaldo Gonçalves realizou tomografia computadorizada.
Diante da também solicitação de um exame de ressonância, pelo mesmo médico, o hospital teria informado ao acompanhante que o serviço não é realizado no fim de semana, devendo esperar até segunda-feira. “Eu estou com meu sogro desde a madrugada de segunda, vou ter que esperar 48 horas aqui porque o hospital não faz ressonância? Um absurdo”, desabafou Flávio Freitas, morador do Centro.
A reportagem questionou a Secretaria de Saúde se os exames são realizados aos fins de semana, e se de fato tem previsão de realização nos dias 10 e 11 de novembro, conforme teriam sido negados ao paciente.
Em nota, a assessoria do órgão informou apenas que Herisvaldo Gonçalves Lima está medicado e sob observação, após dar entrada na emergência do hospital da rede do Governo do Ceará. “Ele aguarda o resultado dos exames já realizados, como tomografia computadorizada, para a definição do tratamento. O HGF realiza exames de ressonância magnética, inclusive aos finais de semana, quando há solicitação”, diz a nota.
A pasta disse ainda que o HGF segue um protocolo científico de avaliação e conduta para pacientes com quadro clínico de AVC e no caso do paciente em questão, segundo a Sesa, esse protocolo "foi plenamente aplicado". Quanto à realização de ressonância magnética, conforme a avaliação médica, indica a Sesa, "não houve necessidade desse tipo de exame para Herisvaldo, por isso não foi realizado".
Há seis anos, em outubro de 2012, a Unidade de AVC do Hospital Geral de Fortaleza passou a ser a primeira do País habilitada pelo Ministério da Saúde com nível 3. Na prática, representava garantia de assistência integral aos pacientes - da emergência aos cuidados sequenciais. Essa novidade significou um aumento nos recursos do Ministério da Saúde junto ao Hospital - à época, foram anunciados R$ 2,1 milhões. O Hospital é mantido pelo Governo do Estado.