No aniversário de Fortaleza, cearenses nascidos em 13 de abril listam desejos aos 295 anos da cidade

Fortalezenses de nascença ou “de coração” compartilham histórias e a própria data de nascimento com a capital do Ceará

Neste 13 de abril de 2021, quando Fortaleza completa 295 anos de existência, pouco se enxerga a comemorar diante de tantos olhos que choram ao invés de sorrir. Quem compartilha dia e mês de nascimento com a cidade aniversariante, então, é unânime: daria e receberia saúde e sorrisos de presente.

De bairro em bairro – do Álvaro Weyne à Varjota, passando pelo Edson Queiroz até chegar a Messejana –, é como se a vida tivesse acontecido, lá em 13 de abril de 1978, destinando Alinnia Mariano a construir a própria história pelos quatro cantos de Fortaleza. 

Depois da infância e da adolescência indo à praia “todos os dias de manhã cedo”, quando morava na casa da avó, na área nobre, é nos arredores de uma lagoa, bem longe do mar, onde Alinnia se reencontra com a cidade-casa que aprendeu a amar.

“Apesar de pouco tempo em Messejana, eu amo. Tem tudo, até a Estátua de Iracema, considerada ponto turístico. É um bairro antigo, e gosto de passar na rua e ver as pessoas sentadas na calçada, crianças brincando, o que é tão raro hoje. É como se tivesse voltando no tempo. Tem calor humano”, descreve.

É desse calor, aliás, que sente falta. Há mais de um ano, desde março de 2020, a fortalezense não vai à Praça do Ferreira comer pastel com caldo de cana e esbarrar com conhecidos. Há uma pandemia, não senta na areia olhando e ouvindo as ondas para meditar. Já são dois 13 de abril em que o presente é feito de saudade.

O que eu mais desejo, apagando as velinhas do meu bolo imaginário, porque o momento não é de comemoração, é que seja um ano de vacinação em massa, muita saúde pra população de Fortaleza, voltar ao funcionamento normal da vida, ter um recomeço de forma positiva.
Alinnia Mariano
Nascida em 13 de abril de 1978
 

Hoje, no trabalho como assistente de estúdio da Rádio Verdes Mares, é categórica ao revelar quais notícias quer de presente, no novo ano de vida que se inicia.

“Quero ouvir que a população está vacinada, que os casos de Covid diminuíram, que as pessoas não estão mais hospitalizadas, intubadas; que a economia foi retomada e as famílias estão se alimentando de forma digna. Que a gente, fortalezense, conhecida pela alegria, conseguiu de volta o sorriso no rosto”.

“A gente roda a cidade inteira”

Pentecoste, ao norte do Ceará, pode até ser a cidade natal da diarista Solange Sousa Silva – mas é Fortaleza, onde vive há 25 dos 40 anos de idade completados hoje, “o seu esquema preferido”, como ela diz, citando a canção nordestina.

É a capital cearense que Solange “roda inteira” à procura dos melhores “barzinhos” para rir, comer e celebrar a vida com amigos – movimento que faria hoje, e do qual mais sente falta entre todas as coisas que a pandemia tem impedido.

Também adoro praia, mas desde antes da pandemia já era muito difícil eu ir. Ter pra onde sair no final de semana é o que eu mais sinto falta. Os lugares que eu mais vou são aqui na Maraponga mesmo, no Rodolfo Teófilo, no Bairro de Fátima... A gente roda a cidade inteira.
Solange Sousa
Nascida em 13 de abril de 1981

O estilo de vida repercute na resposta sobre o que mais deseja a Fortaleza como presente de aniversário: “que as coisas voltem a funcionar direitinho, com segurança, e que a gente não saia com medo”.

“Que as coisas voltem a funcionar direitinho”, aliás, é um desejo ligado ao lado concreto da vivência de Solange com a cidade: a relação com o emprego. Foi para trabalhar que a diarista se mudou do interior à capital ainda adolescente, e é da gama de oportunidades que Fortaleza oferece que vem a gratidão.

“Graças a Deus sempre tive emprego aqui. Gosto de sair, ir ao Centro, fazer compras, ir à praia, sim. E tive minha filha aqui. Mas sou muito agradecida é pelas oportunidades. Que eu continue com saúde e meu trabalho, nesse novo ano”, finaliza.

“Que Fortaleza sorria de novo”

A terceira a mencionar “saúde” como principal voto à capital aniversariante do dia é a enfermeira Caroline Queiroga, nascida nesta mesma data, mas 29 anos atrás. 

Apesar de ter nascido em Caucaia e morado em Mombaça, no interior, até os 15 anos de idade, é em Fortaleza onde brota o sentimento de estar em casa – conforto quebrado desde março de 2020.

Uma das coisas que me deixam mais aflita é quando eu tô indo pros meus plantões e vejo a cidade vazia e silenciosa. Não é a Fortaleza que a gente conhece.
Caroline Queiroga
Nascida em 13 de abril de 1992

Hoje, quando voltar para casa do trabalho, a profissional de saúde deve encontrar familiares e amigos pela tela do computador, ouvir música, comer e beber algo, como foi no 13 de abril do ano passado. Mas, apesar de amargo e solitário, o resultado das saudades que se somam é gratidão.

A paciência para esperar o tempo certo de estar com quem ama é aprendida todos os dias, ao ver luta pela vida dos pacientes que atende com Covid e ao lembrar de que a própria mãe, também profissional de saúde, foi infectada pelo coronavírus duas vezes. E resistiu.

Eu estou tendo a chance de estar aqui nesse momento. E vacinada! Para muitas pessoas, é o máximo que desejariam de aniversário.