Museu da Fotografia realiza workshop de fotopintura com Júlio Santos

O mestre da fotopintura ensinou para os alunos técnicas que aprendeu utilizando tintas e pincéis com seu pai na infância

O Museu da Fotografia recebeu, na tarde deste sábado (13), uma turma de 20 alunos que participaram do "Workshop de Retrato Pintado" com o Mestre da fotopintura Júlio Santos. O artista usou meios digitais, como computadores e tablets, para apresentar técnicas que aprendeu utilizando tintas e pincéis com seu pai na infância.

Momentos antes da aula iniciar, Júlio revelou que o convite veio há algum tempo, por meio de Silvio Frota, diretor do Museu. O workshop era um tema era bem procurado. "Eu me coloquei à disposição e agora surgiu a oportunidade de vir". O Mestre explica que a maior dificuldade é o tempo. "São apenas quatro horas para dar um curso de Photoshop", lamenta.

Ele ainda pontua que outro desafio é manter o mesmo nível em uma turma tão heterogênea. "Tem gente que nunca abriu o Photoshop e outros que já têm um conhecimento e até trazem manias de cursos ou tutoriais na internet". O artista ressalta que para o workshop, o aluno deve esquecer o que sabe, já que o que ele ensina é algo muito específico. "É fotopintura, recuperação de imagem, fotomontagem, mas também é arte", esclarece. Durante a aula, os alunos usam uma imagem danificada e seguem os passos do professor para aperfeiçoá-la.

Lembrando do passado, Júlio revela que quando entrou no "mercado" da fotopintura não tinha nem noção do que era fotografia. "Em 1950, eu vivia dentro de um mosteiro para ser monge beneditino". Quando foi passar umas férias em casa, viu seu pai montando o espaço e preparando o local para uma oficina da técnica, que era moda daquele tempo. "Na época era uma coqueluche, quase todo mundo tinha uma fotopintura na sua parede". Júlio pediu para não voltar mais para o mosteiro, pois queria se dedicar à arte que o pai dominava. "Quando meu pai concordou, tive uma alegria tão grande que eu saí numa 'carreira' para a Praia de Iracema e fiquei lá até tarde. Era uma alegria imensa saber que eu estava livre".

A partir daí, passou a fazer cursos e aprender a desenhar, tanto que, em pouco tempo, ele já era o principal retocador dentro do estúdio do pai, que tinha mais de 40 pessoas.

"Eu não queria ser um servo de Deus, minha vontade era servir a Deus de outra forma. Para que meu pai não fracassasse no projeto de ter um filho monge, resolvi ser um monge da fotopintura."

O projeto

A coordenadora do Museu, Fernanda Oliveira, explica que o museu tem um trabalho coletivo. "Eu, o Silvio e o Yan, que é o educador, pensamos juntos a programação do Museu". Ela conta que propôs o nome de Júlio para oficinas pois o Mestre é um nome conhecido na área de imagem. "O Museu tem uma proposta de todo mês trazer alguém que tenha um discurso imagético, não necessariamente na fotografia, mas que seja uma referência regional", explica. O equipamento já recebeu nomes como Tiago Santana, Gentil Barreira e Evandro Teixeira.
 
A jornalista e publicitária revela que tem a intenção de convidar Júlio novamente, já que a turma de 20 alunos se formou rapidamente. "A gente teve uma procura muito grande pelo workshop dele e eu já estou pensando no pessoal que ficou fora para a próxima turma". Ela pontua que o mês de maio ainda traz uma oficina de câmera escura no final do mês e em julho uma oficina de fotografia digital, inclusive com fotopasseio. "Pra junho nós vamos estar trazendo um renome nacional, que eu acho que vai ser fantástico, o Museu prepara surpresas pra Cidade".
 
Por também ser professora universitária, Fernanda sempre teve o cuidado com o educacional. "O Silvio também tem essa preocupação muito forte, com essa vertente da fotografia como construção de conhecimento". Ela pontua que o Museu está a frente de todas frentes no que se refere a fotografia como forma de educação. "Não só nos projetos abertos ao público, como nos nossos projetos sociais nas comunidades e com outras instituições, como IPREDE, APAE e Universisade Sem Fronteiras, com idosos". A coordenadora esclarece que o Museu não veio apenas para receber fotografias e visitantes. "Ele veio também como uma forma atuante e ativa dentro da sociedade", finaliza.

Oportunidade

A consultora de acessibilidade e gestão pública Sâmia Machado soube do curso pela página do Museu da Fotografia nas redes sociais. "Eu estou apenas iniciando na fotografia, mas já gosto muito", conta. Ela explica que precisou da arte dentro do trabalho e que, com os cliques, começou a apurar o olhar. "Vai ser um hobby para o resto da vida com certeza". A consultora ainda revela que a oportunidade de aprender com o Júlio é única. "Ele é um profissional muito gabaritado, tem um 'know-how' gigante", afirma.

Sâmia ressaltou ainda que aguarda outras oportunidades para aprender com o Mestre. "Minha vontade é que que essas aulas se multipliquem e que a fotografia resgate toda essa magnitude de eternizar o momento".

Mestre

O cearense Júlio Santos já expôs em diversas cidades brasileiras, como Recife, São Paulo e em outros países como Uruguai e Estados Unidos. "Já expus na China com o fotógrafo pernambucano Luiz Santos e fui escolhido entre os 25 artistas que representou o Brasil em Bruxelas, na Bélgica". O mestre da fotopintura tem um projeto de fazer um livro. "Colocando em miúdos vai ser 'Um século de fotopintura do Ceará'".

Serviço:

Museu da Fotografia
Funciona de quarta-feira a domingo, de 12h às 17h
Entrada: R$ 10 e R$ 5
Menores de 18 e maiores de 60 não pagam.
Às quartas, a entrada é gratuita
Mais informações na página do Museu da Fotografia