Seja no âmbito das residências ou em projetos para a melhoria das cidades, um dos direcionamentos do trabalho de arquitetos e urbanistas é proporcionar qualidade de vida e conforto para os cidadãos. Dentro dessa perspectiva, fazer uso das condições climáticas de uma localidade, desenvolver planejamentos das edificações urbanas, entre outros pontos, são trabalhados pelos profissionais no dia a dia.
De acordo com Mário Roque, arquiteto e professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Fortaleza (Unifor), nas residências, entre as ações planejadas está o conforto ambiental, que se aproveita do clima local e da iluminação para gerar espaços adequados para os moradores. “A orientação de uma planta residencial, a forma como se adapta ao clima, direções de ventilação, física dos fenômenos de movimento das massas de ar e trocas de calor, assim como a resposta ao movimento do sol ao longo do dia e ao longo do ano, faz toda a diferença na qualidade ambiental que o usuário vai obter”, explica Mário Roque.
Outro ponto dentro do conforto ambiental é a possibilidade de redução do consumo de energia elétrica, pela utilização adequada da iluminação natural.
No caso da pandemia da Covid-19, a circulação do ar é um dos pontos mais importantes para a prevenção do contágio, aspecto que Mário Roque avalia que precisa ser expandido nas edificações.
Planejamento das cidades
Sobre o espaço urbano, o arquiteto reforça que ele é composto por vias, espaços livres e edificações. Dessa forma, é preciso que haja organização desses componentes dentro do projeto da cidade. Com Fortaleza como exemplo, Mário percebe avanços em relação ao urbanismo, caminhabilidade, acessibilidade e espaços públicos. Contudo, por conta das décadas de expansão com “planejamento precário”, ainda existem muitas regiões sem diversidade urbana e com sistema viário e de transportes mal conduzido.
Para exemplificar, Mário Roque comenta que, a partir da década de 1970, o mantra dos arquitetos em outros países passou a ser “Cidades para pessoas”, que resultou no desmonte de grandes vias expressas e menor número de veículos circulando ao mesmo tempo. Contudo, em nível local, o foco se manteve no que chama de “urbanismo automotivo”, com o alargamento de vias, retirada de canteiros centrais, construção de viadutos e outras ações que estimularam o aumento de veículos.
“O papel dos arquitetos e urbanistas neste contexto é de fundamental importância, visto que eles estão capilarizados nos órgãos de gestão e planejamento, nas definições de políticas públicas e no mercado imobiliário, devendo ter uma postura ética dentro de um horizonte de proteção à qualidade de vida das comunidades urbanas.”
Formação profissional
Segundo o professor Mário Roque, a formação dos arquitetos e urbanistas atualmente também promove a ocupação de espaços que possuíam carência desses profissionais, como cidades do interior e órgãos públicos.
“Muitas áreas de interesse para a economia local e regional, como o turismo, a hotelaria, o mercado imobiliário, o comércio, precisam da contribuição dos arquitetos e urbanistas como componentes de equilíbrio entre as ações de edificação e a qualidade urbana. Para a proteção do patrimônio ambiental e histórico é fundamental a presença dos arquitetos, para que a cidade não perca a sua qualidade de vida, e a cultura e a história não sejam apagadas.”
Além disso, dentro do programa pedagógico dos cursos há diretrizes voltadas para a melhoria da qualidade de vida das pessoas, explica o professor. “Essa diretriz é encaminhada ao longo do curso através do estabelecimento de posturas éticas e de conhecimento amplo e diverso que permitam inter-relacionar a ação de planejar e projetar com o objetivo de atender as necessidades individuais e coletivas.”
Saiba mais sobre o curso de Arquitetura e Urbanismo da Unifor