Parte dos profissionais de saúde que estão trabalhando no Hospital Leonardo Da Vinci, em Fortaleza, e tiveram contato direto com algum paciente em tratamento para Covid-19, está hospedada em um hotel contratado pela Secretaria da Saúde do Ceará, como medida de segurança. Ao todo, o Governo do Estado disponibilizou 180 vagas para hospedagem, que podem ser solicitadas pelos próprios colaboradores.
Atualmente, há 11 profissionais em dois andares do Hotel Meridional, localizado no Centro da capital cearense. Camareiras, recepcionistas e cozinheiros receberam diversas orientações de limpeza e higienização dos cômodos para evitar qualquer tipo de proliferação da Covid-19 no empreendimento. Unidade considerada de retaguarda, o Hospital Leonardo Da Vinci é destinado especificamente para casos confirmados do novo coronavírus e tem recebido cada vez mais pacientes. Com 230 leitos, sendo 30 de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), atualmente está com 70 pessoas em tratamento, segundo a plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).
Os trabalhadores da unidade hospitalar são recebidos desde do dia 23 de março no Hotel Meridional. Conforme o Portal de Transparência do Governo do Estado do Ceará, o serviço de hospedagem e alimentação deve ser fornecido no período de quatro meses, para atender o Plano de Contingência do Coronavírus do Estado. O espaço já atendeu, nas primeiras semanas do contrato, 19 profissionais de saúde, entre médicos infectologistas, enfermeiros e fisioterapeutas, sintomáticos ou não para a doença.
Vicente de Paiva, responsável pelo Hotel Meridional, conta que todas as solicitações dos médicos foram atendidas. “Estamos cuidando deles para que eles possam cuidar da gente. É um dos trabalhos mais nobres que o ser humano tem com o outro, o cuidar”.
Recomendações
Roseane Jaques, a governanta do Hotel, conta que em 24 anos atuando na rede hoteleira jamais imaginou um trabalho tão cuidadoso. “Está sendo um aprendizado que deverá continuar para quem trabalha no setor. No Meridional já tínhamos procedimentos de higienização dos quartos e áreas sociais. Os médicos estão redobrando os cuidados”, explica. O uso de vassouras para limpar qualquer ambiente foi proibido pelos médicos. Os funcionários foram ensinados a como higienizar cada ambiente com diferentes soluções. “Toda superfície dos quartos está sendo limpo por duas vezes, com pano úmido e em pano com água sanitária ou cloro. Os banheiros apenas com detergente clorado especificado pelos médicos”.
A governanta explica que os cuidados com as roupas de cama e de uso social dos médicos são ainda maiores. “Eles não vêm ou circulam de jaleco pelo Hotel. Aqui, só lavamos as roupas sociais diárias com todo um procedimento criado por eles. Após o uso, eles deixam em uma sacola fechada. Pegamos esse material e deixamos alocados por 72h, por orientação deles. Seguimos tudo à risca”. Outra recomendação dos médicos para quem trabalha no Hotel é que nenhum funcionário trabalhe sem máscara, como forma de proteção para os profissionais de saúde e para quem trabalha no prédio.
Equipamentos
Mesmo com todos os cuidados com os profissionais de saúde, o Sindicato dos Médicos do Ceará (Simec) alerta para uma melhor distribuição de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) dentro das unidades hospitalares. “Considerando que nós não temos o número EPIs adequado e a transmissão de gotículas do ar, todo profissional de saúde que atuam nas unidades de saúde são pessoas suspeitas para ter a doença, só falta confirmar. Precisamos de uma força-tarefa para proteger as pessoas, por isso nossa luta para o fornecimento de EPIs. A máscara N95, por exemplo, evita que o profissional pegue ou transmita o convid-19”, afirma o presidente do Simec, Dr. Edmar Fernandes.