Maternidades com atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Ceará deverão ampliar o acesso de mulheres em idade reprodutiva ao contraceptivo Dispositivo Intra-Uterino (DIU). A determinação, que vale para unidades federais, estaduais e municipais, está em portaria do Ministério da Saúde publicada neste mês no Diário da União. De acordo com o documento, os hospitais terão de oferecer o método a pacientes para anticoncepção pós-parto (APP) ou pós-abortamento (APA). O prazo para o início das mudanças é até 90 dias após a divulgação da portaria.
A medida deve garantir que mais mulheres tenham a opção de aderir ao contraceptivo de cobre, considerado de longa duração e alta eficácia na prevenção contra a gravidez. No Ceará, a disponibilização do DIU de forma imediata, ou seja, no período entre 10 minutos e 48 horas após o parto ou o abortamento, será realizada em caráter inédito. Hoje, no Estado, o método é ofertado às mulheres que procuram atendimento nas unidades básicas de saúde e nas maternidades com ambulatórios de planejamento reprodutivo.
Ainda não há data definida para que a medida passe a valer nas unidades cearenses. No entanto, segundo Silvana Leite, supervisora do Núcleo de Saúde da Mulher, Adolescente e Criança da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), os hospitais já estão em processo de adequação. Conforme a supervisora, todas as maternidades do Estado devem ampliar o acesso ao método.
Silvana explica que a vantagem de oferecer o contraceptivo nas modalidades APP e APA é garantir à mulher a possibilidade de sair do hospital com o DIU implantado. "A maternidade é o momento oportuno para que se ofereça o método e se explique a importância e os benefícios dele", afirma.
A gerente da Célula da Saúde da Mulher e do Homem da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Léa Dias, ressalta que os profissionais do Município já passaram por capacitações e as unidades devem começar a oferecer o método após o parto ou o abortamento no prazo estabelecido pelo Ministério da Saúde. "O DIU já era oferecido nas unidades básicas e nas próprias maternidades, mas a paciente tinha que ir a esses locais, receber a orientação e escolher o método mais adequado. Para colocar o DIU, ela teria que voltar em outro momento e fazer a implantação a nível ambulatorial. Com essa nova modalidade de oferta, ela não precisaria voltar para fazer outra consulta e esperar para fazer inserção", observa Léa.
Benefícios
Em âmbito federal, na Maternidade Escola Assis Chateaubriand (Meac), a orientação ocorre apenas no momento de revisão do parto, cerca de 40 dias depois do procedimento. Contudo, somente metade das mulheres atendidas retornam para uma nova consulta. "Muitas vezes as mulheres não voltavam para a revisão ou, quando voltam, já vêm grávidas novamente", revela a chefe da divisão médica do hospital maternidade, Zenilda Bruno.
A médica destaca que, hoje, a busca pelo método na unidade é baixa, uma vez que a grande maioria das mulheres ainda prefere a utilização dos anticoncepcionais orais. Entretanto, ela ressalta que o DIU possui benefícios que vão desde a longa duração até a menor chance de falha. "Depois que o DIU é colocado, a mulher fica até 10 anos com a segurança de que não vai engravidar nesse período. Além disso, não tem aquilo de esquecer a pílula ou de o marido não querer usar camisinha", acrescenta.
Rede credenciada
Hospital e Maternidade José Martiniano de Alencar
Hospital Geral Dr. César Cals
Hospital Geral de Fortaleza
Hospital Distrital Gonzaga Mota (Gonzaguinha) do José Walter, Barra do Ceará e Messejana
Hospital e Maternidade Zilda Arns
Hospital Distrital Nossa Senhora da Conceição
Casa de Saúde Nossa Senhora das Graças
Hospital São Camilo Cura D'ars
Maternidade Escola Assis Chateaubriand
Pronto Socorro Prontomédico