O município de Maranguape - localizado na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) - registrou um tremor de terra de 1,8 mR (sigla que indica a escala de magnitude no Brasil) na madrugada da última sexta-feira (23). O abalo sísmico, considerado de baixa intensidade, foi detectado pelas estações da Rede Sismográfica Brasileira (RSBR), que divulgou a ocorrência neste sábado (24).
Ainda em julho, no dia 9, havia ocorrido um evento semelhante em Cariré, a aproximadamente 300 km da capital cearense, também com intensidade de 1,8 mR.
Já nos dias 4 e 6 deste mês, outros dois tremores foram registrados, um em Santa Quitéria (2,0 mR) e outro em Sobral (1,5 mR), este inclusive sendo notado pela população.
De acordo com o geofísico do Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Labsis/UFRN) - local parceiro da Rede Sismográfica Brasileira -, Eduardo Menezes, essas ocorrências são comuns, ocasionadas por “falhas geológicas que entram em atividade devido às pressões que são submetidas no interior da Terra”.
Questionado sobre o risco de abalo de maior intensidade no Ceará, o especialista afirma que “a probabilidade sempre existe, mas não há como prever”. Além disso, seria algo incomum, visto que o último tremor de grande magnitude no Estado ocorreu em 1980, registrando 5,3 mR e sendo considerado até hoje o maior tremor já registrado no Nordeste, segundo o geofísico.
Menezes comenta ainda que não é possível fazer uma média de quantos tremores ocorrem mensalmente na região. “Você pode ter mês que tenha uma média de dez tremores ou você pode ter só cinco ou 20”, é algo variável.
Em junho, por exemplo, foram contabilizados dois tremores de terra no Ceará e, em julho - até sexta-feira (23) -, foram quatro.
Monitoramento constante é necessário
O membro do Labsis pontua também que é de grande importância realizar um monitoramento constante dos abalos sísmicos, pois isso “nos dá a condição de fazer uma identificação, quase que em tempo real, da ocorrência e enviar para os órgãos de Defesa Civil dos municípios para que eles tenham uma informação precisa e atendam suas necessidades”.
A relevância é ainda maior em casos de tremores a partir de 5,0 mR, considerados grandes, visto que eles podem provocar danos em algumas estruturas residenciais ou prediais, havendo a necessidade de intervenções governamentais adequadas.
“O laboratório faz esse monitoramento diariamente via internet. Nós temos hoje seis estações no Ceará que transmitem o dado em tempo real para o laboratório. Aqui no Nordeste, em geral, o LabSis mantém uma rede com mais de 50 estações. Destas, 22 fazem parte da Rede Sismográfica Brasileira e o restante é o laboratório que mantém”, detalha Eduardo.
O conjunto desses dados possibilitam informações com uma boa precisão na ocorrência dos eventos”.
Rede Sismográfica Brasileira
Conforme informa em nota, a Rede Sismográfica Brasileira é uma organização pública responsável por monitorar a sismicidade do território nacional através de, aproximadamente, 100 estações espalhadas pelo país.
A RSBR conta ainda com o apoio do Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM) e suas estações são operadas pelo Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP), Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (Obsis/UnB), Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Labsis/UFRN) e Observatório Nacional (ON).