Em plena Avenida Beira-Mar, principal cartão-postal da cidade, fortalezenses e turistas são surpreendidos com uma mancha de esgoto que sai de uma galeria de água pluvial, na altura da Avenida Barão de Studart, e deságua no mar. A poluição, visível a quem passa, prejudica a biodiversidade marinha e põe em risco os desavisados que se arriscam em um banho de mar.
Sem perceber que estavam passando por um esgoto a céu aberto, uma família caminhava, na tarde de ontem, pelas areias da Beira-Mar. Próximo dali, quase em frente ao esgoto, surfistas aproveitavam para pegar onda.
"Esse cenário me assustou. Passei aqui três vezes fazendo caminhada e fiquei em dúvida se realmente era esgoto ou não. É um absurdo ver esse episódio na Beira-Mar, uma praia tão bonita", ressalta a empresária Rosana Marques, 50, de Minas Gerais. Ela conta que, no hotel em que está hospedada, os funcionários até alertaram para que não tomasse banho de mar na região. Mas, ainda assim, arriscou. "Não tive coragem de entrar aqui (em frente à Avenida Barão de Studart), tomei banho mais na frente", disse, apontando em direção ao Mucuripe.
O doutorando em Matemática Rafael Rezende, 25, que costuma tomar banho de mar nas proximidades, comenta que o cenário está sempre mudando. "Na semana passada, passei por aqui e não estava assim. Inclusive, tinha uma placa indicando que a qualidade da água estava boa para banho, o que levanta a suspeita se realmente é feito um controle da qualidade da água".
De acordo com o último boletim de balneabilidade divulgado pela Superintendência Estadual de Meio Ambiente (Semace), no primeiro fim de semana de 2015, a orla da Capital contou com 20 pontos próprios para banho, entre eles o trecho citado na matéria, na altura da Avenida Barão de Studart.
Entre os impróprios, cita a praia do Farol; entre as praias dos Botes e o Farol; entre o monumento do Jangadeiro até a praia dos Botes; entre a foz do Riacho Maceió e o monumento dos Jangadeiros; e entre os espigões da Rua João Cordeiro e Avenida Rui Barbosa.
O boletim aponta ainda que, na Região Metropolitana de Fortaleza, 100% dos pontos estão ideais para banho. A Semace alerta, entretanto, que os resultados podem ser modificados devido à ocorrência de chuvas, aumento da maré, presença de animais no entorno, disposição imprópria de resíduos sólidos e adensamento urbano nas proximidades das praias.
Procedência
A assessoria de imprensa da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) afirmou que iria enviar, ainda na tarde de ontem, uma equipe técnica ao local para verificar a procedência do transbordo de esgoto e tomar as devidas providências cabíveis. O órgão acrescenta que o despejo indevido de água de chuva dentro da rede de esgoto ocasiona transbordamento, gerando transtornos para a própria população.
"A Cagece orienta que não seja feito despejo de água de chuva dentro das tubulações de esgoto (interligação da água de chuva dos quintais ou dos telhados, por exemplo), tendo em vista que a rede de esgoto é dimensionada apenas para o esgoto doméstico. Lembrando que a água de chuva deve ser encaminhada para as redes de drenagem pluvial", frisa o órgão, através da nota.
O órgão recomenda que as pessoas não coloquem lixo nas tubulações, para evitar que fiquem obstruídas. A Cagece ainda afirma que, periodicamente, realiza manutenção preventiva e o desassoreamento das tubulações de esgoto para prevenir o acúmulo de lixo e areia dentro dos tubos, o que pode ocasionar obstrução.
Mais informações:
Para denunciar esgotos a céu aberto pela cidade ou ligações clandestinas com as redes da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), é só ligar para 0800 275 0195
Luana Lima
Repórter