Noventa dias após os primeiros casos da Covid-19 serem identificados em território cearense, Fortaleza continua sendo a cidade cearense mais impactada pela Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus. De acordo com a plataforma digital IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), até as 17h48 desta sexta-feira (12), a Capital já havia contabilizado 30.210 confirmações da infecção.
Ao todo, o Estado já soma 75.784 casos confirmados, o que confere a Fortaleza cerca de 40% de todas as testagens positivas já identificadas. Da mesma forma, o número de óbitos continua sendo maior na Capital: 2.848 dos 4.812 aconteceram com moradores da cidade; ou 60% dos falecimentos provocados pela doença no Ceará.
De acordo com o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Fortaleza, todos os bairros da Capital já registraram óbitos pela infecção viral. O último a ter um morador considerado como caso fatal foi o bairro De Lourdes, na Regional II - a comunidade também foi a última a registrar o primeiro caso confirmado na cidade.
Tendência
O boletim aponta para uma maior dissipação da doença na última semana epidemiológica, com redução de focos da infecção nas Regionais I e II, onde antes estavam concentrados os casos provocados pela Covid-19. De acordo com o informe, a tendência de crescimento da infecção é linear e apresenta queda na curva de registros semanais de casos e óbitos. Contudo, a Barra do Ceará ainda tem os indicadores mais dramáticos, com 107 mortes dos 728 testes positivos na região.
Por outro lado, a quantidade de pessoas recuperadas (curadas ou com alta clínica) na Capital também é a maior do Estado. Até o último boletim da Sesa, estavam nesta estatística 39% dos 53.906 recuperados em todo o Ceará.
Anticorpos
A segunda fase do Epicovid19-BR, estudo desenvolvido pelo Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), apontou que 15,6% dos habitantes de Fortaleza possuem anticorpos para o novo coronavírus.
A cidade aparece na quinta posição com as maiores taxas, ficando atrás apenas de Boa Vista (RR), com 25,4%; Tefé (AM), com 20,2; Belém (PA), com 16,9%; e Imperatriz (MA), com 16,5%.
A pesquisa foi realizada em 133 cidades espalhadas pelo Brasil, incluindo 26 das 27 capitais, com exceção de Curitiba (PR). Foram realizadas 31.165 entrevistas, além de 200 testagens de pessoas sorteadas. Na primeira fase, foram 25.025 pessoas entrevistadas e mais de 200 testes.
Conforme o estudo, os resultados, porém "não devem ser extrapolados para todo o país, nem usados para estimar o número absoluto de casos, pois são provenientes de cidades populosas, com circulação intensa de pessoas e que concentram serviços de saúde", avaliam. Outras quatro cidades cearenses participaram da pesquisa e, em cada uma delas, foram realizados 250 entrevistas, além de testes. Em Crateús e em Iguatu, a proporção da população com anticorpos foi menor que 1%, já em Juazeiro do Norte e Quixadá, o valor foi de 1,4%.
Epidemiologistas apontam que, para se chegar à imunidade de rebanho - quando a maior parte da população está imune, e o vírus tende a desaparecer naturalmente -, é preciso que 60% a 70% desenvolvam anticorpos para o novo coronavírus, ou seja, ainda muito distante dos 15,6% avaliados pela pesquisa.