Apesar de, nas últimas semanas, a curva epidemiológica de Fortaleza estar em queda, a capital cearense teve 81,84% mais casos confirmados de Covid-19 este ano - até 7 de julho - do que em 2020. A região contou com 161.999 registros da doença em 2021 e 89.084 no ano anterior.
Os dados do IntegraSUS, portal de transparência da Secretaria da Saúde (Sesa), ainda demonstram que os óbitos ocasionados pela infecção, na capital, também sofreram aumento de 9,84% esse ano, com 4.866 mortes. Já o ano passado contabilizou 4.430 falecimentos.
No Ceará, o índice de óbitos foi maior (17,70%), com 12.386 mortes em 2021 e 10.523 em 2020. Além disso, o Estado teve mais contaminações da Sars-Cov-2, com 544.305 casos atuais contra 353.125 no último ano, o que equivale a um crescimento de 54,13%.
De acordo com a médica infectologista e professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), Mônica Façanha, a mudança de cenário ocorreu, possivelmente, pelo aparecimento de uma variante do vírus mais transmissível.
“Essa cepa que tava circulando aqui se transmitia mais facilmente. Além disso, a gente teve o acometimento maior de outra faixa etária, porque no ano passado os idosos foram mais comprometidos e esse ano a gente teve um acometimento maior de pessoas jovens”, explica.
Façanha destaca também que, apesar de essa cepa infectar mais pessoas, ela não tem uma letalidade maior. “Os óbitos são proporcionais aos números de casos e quanto mais casos a gente tem, mais chances de que as pessoas evoluam pro óbito”.
Proporcionalmente tinha mais óbitos porque havia mais gente doente”
Queda nos casos
No entanto, atualmente, a especialista reitera que os índices pandêmicos da região estão em queda, com menos infecções, internações e falecimentos. Isso é devido à vacinação e ao período de estímulo às medidas de proteção, como o distanciamento social e o uso de máscaras e de álcool em gel, por exemplo.
A professora da UFC esclarece que, ainda assim, é necessário continuar com os cuidados entre todos, mesmo entre as pessoas que já estão imunizadas, visto que o Estado dispõe de uma “grande proporção de pessoas que não estão completamente imunizadas”, já que a eficácia das vacinas só é atingida, de fato, após duas semanas da segunda dose.
“Então esses cuidados precisam continuar até a maioria da população se vacinar, aí vamos observar se realmente não tá aparecendo nenhuma cepa nova, nenhuma variante que não responda aos imunizantes que a gente tem, porque esse é um risco que a gente ainda tá correndo”, continua.
A infectologista reforça que, principalmente no mês de julho, que é associado às férias, as pessoas devem ficar mais atentas. “A gente ainda tem que ter atenção nesse momento com festas e encontros [aglomerados] com amigos e familiares”.
A gente tá indo bem, aparentemente estamos no caminho certo pro controle, mas a gente tá no processo… não chegamos lá ainda. Então a gente tem que ir liberando as nossas atividades com cuidado pra que a gente não favoreça o surgimento dessas cepas”