Crianças e adolescentes começam a utilizar aparelhos eletrônicos com acesso à internet (como smartphones e tablets) cada vez mais cedo. Assim, a exposição a riscos, anteriormente reservados ao convívio pessoal, aumenta no mundo virtual, e entre esses perigos, encontra-se a violência sexual.
Segundo a Pesquisa TIC Kids Online, o percentual de jovens entre 9 e 17 anos que acessa a rede somente pelo telefone móvel chegou em 44%. A assessora jurídica do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca), Dillyane Ribeiro, elenca maneiras de como os pais devem lidar com esse tipo de situação, modos de evitar o abuso sexual, e estratégias para monitorar o uso de internet por parte dos filhos.
Nesta terça-feira (19), o pai de um adolescente de 12 agrediu um militar da reserva, de 55 anos, após se passar pelo filho e marcar um encontro com o acusado, que é suspeito de pedofilia e de assediar o garoto pelas redes sociais. O encontro ocorreu na casa do adolescente, no bairro de Fátima, em Fortaleza.
Contudo, a atitude tomada pelo pai não é aconselhada pela assessora jurídica do Cedeca. A especialista informa que denunciar é a melhor opção ao descobrir a violência sexual. Além de reportar o crime, os pais podem trabalhar maneiras de evitar esses casos.
“Quando a gente fala em prevenção, estamos tratando de como prevenir a violência. Seja pornografia infantil, seja ‘sexting’ — termo inglês para troca de mensagens com conteúdo sexual”, comenta a especialista.
Dicas da especialista
Dialogar. Esse é o primeiro passo que Dillyane elenca para que, em conjunto, pais e filhos evitem abusos sexuais na internet. “Ir dialogando de acordo com a capacidade, fase e desenvolvimento infantil, empoderando essa criança para que ela possa diferenciar as relações afetuosas e de carinho das situações violentas. Dar ferramentas para que a criança entenda que nem todo mundo que se aproxima dela é de confiança, e saber que são as pessoas que ela pode confiar”, complementa.
Monitorar. É outra estratégia comentada por Dillyane, especialmente em relação às redes sociais. “Crianças que têm conta de Instagram, de Whatsapp, precisam ser monitoradas. É claro que quando vai crescendo e ganhando autonomia, com o adolescente tem que ser compactuadas novas regras com os pais”, complementa a assessora jurídica sobre a importância de avaliar qual o tipo de diálogo apropriado para determinada faixa etária.
Bloquear sites. Impedir que as crianças e adolescentes tenham acessos a determinados conteúdos na internet pode contribuir para protegê-los. “Há vários sites que permitem bloquear uma modalidade específica para crianças. É importante tanto empoderar, quanto buscar outras ferramentas”, complementa.
Denunciar a violência sexual é essencial
No caso ocorrido nesta terça-feira em Fortaleza, ao comparecer ao local e encontrar o pai do garoto, o suspeito foi espancado pelo pai e por vizinhos, e preso em seguida. O caso é investigado pela Delegacia de Combate à Exploração da Criança e Adolescente (Dceca).
Dillyane revela que armar algum tipo de “emboscada” para o suspeito não é adequado. “Aqui em Fortaleza existe a Dceca que atende esse tipo de caso. Os pais podem levar ‘prints’ e a criança não precisa estar presente para registrar o boletim de ocorrência”, informa a representante do Cedeca.
“E quando você encontra qualquer site que tenha imagens pornográfica ou crime sexual na internet, pode ser denunciado na Safernet, uma ONG que tem convênio com a Polícia Federal e investiga esses servidores”, finaliza Dillyane.
Saiba mais
Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca)
Telefone: 3252.4202
Email: cedeca@cedecaceara.org.br
Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente - (Dceca)
Telefone: 3101-2044