Quase todas as escolas municipais de Fortaleza pararam devido ao protesto desta quarta-feira (15) contra o corte no repasse de verbas para educação anunciado pelo Ministério da Educação (MEC), segundo a Secretaria Municipal de Educação (SME). Não haverá aulas também no período da tarde, assim como ocorreu pela manhã. A SME afirma que houve adesão de 99% das instituições do município.
A manifestação no Ceará ocorre desde as 8h. Um grupo se concentrou na Praça da Bandeira, em frente ao prédio do curso de direito da Universidade Federal do Ceará (UFC), no Centro de Fortaleza. Os manifestantes usaram carros de som e faixas com palavras de ordem contra o bloqueio nos repasses para a educação. Algumas vias no entorno da Praça da Bandeira foram fechadas pelo grupo durante o ato.
Os participantes saíram em passeata por ruas e avenidas da capital e chegaram à reitoria da Universidade Federal do Ceará, no Bairro Benfica, por volta das 10h30, onde o protesto se concentrou no cruzamento das avenidas da Universidade com 13 de Maio.
Pesquisadores
Professora de biologia no Instituo Federal do Ceará (IFCE), Cristiane Bezerra afirma que o bloqueio dos 30% anunciado pelo MEC vai afetar a oportunidade de formação e investimento em pesquisa dos estudantes.
“O corte de 30% representa impossibilidade de continuidade dos trabalhos. Nós temos muitos alunos de baixa renda, que dependem de uma assistência estudantil para continuar estudando. Por mais que os cortes ainda não estejam localizados na assistência estudantil, eles vão repercutir em outras áreas que dão também a possibilidade desses alunos continuarem na instituição. Sem isso, não tem como eles continuarem”, reforça.
Ela endossa, ainda, que o bloqueio da verba vai afetar a continuidade de bolsas remuneradas. “Com esses cortes, eles não vão ter essas oportunidades, além de não ter bolsas. Os cortes também repercutem na perda de bolsas de pesquisa, que é outra forma de manter os alunos na instituição, eles vão ter que sair pra trabalhar em algum subemprego e vão abrir mão da educação. Então a gente tá aqui na luta pra impedir que isso aconteça”, acrescenta.
O doutorando em química pela Universidade Federal do Ceará, Welison Gadelha, realiza pesquisas com foco no combate a doenças como câncer, hipertensão e tuberculose. Ele diz que corre o risco das atividades no laboratório de pesquisa serem canceladas.
“Porque a gente já trabalha sob condições precárias, falta muito material, muitos equipamentos. Então, o corte de 30% torna quase impossível o trabalho no laboratório”, lamenta.
O pesquisador também defende o papel das universidades no país. “Com certeza o trabalho da universidade tem impacto positivo, tanto na vida de cada uma das pessoas de uma forma particular, quanto de uma forma geral na vida da comunidade como um todo. O trabalho da universidade busca melhoria pra sociedade, não é um trabalho à toa”, frisa.