Um equipamento produzido no Ceará minimiza o avanço de dificuldades respiratórias em pacientes com Covid-19, reduzindo a necessidade de ventiladores mecânicos, e, consequentemente, da internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTIs). Trata-se de um protótipo de capacete de respiração assistida, que foi finalizado nesta semana e será submetido a testes de usabilidade em voluntários antes de chegar aos pacientes.
Através dele, é realizada uma oxigenoterapia do paciente, que inala oxigênio puro e não re-inala o gás carbônico produzido, que também não será expelido no ambiente, evitando a contaminação dos demais. Batizado de Elmo, o modelo foi desenvolvido no Instituto SENAI de Tecnologia em Eletrometalmecânica.
O Elmo prevê a utilização de um mecanismo de respiração artificial não invasivo, sem necessidade de o paciente ser intubado, com maior segurança também para os profissionais de saúde. “Diferentes pessoas vão testar o Elmo para avaliar a ergonomia, mas é certo que se utilizado hoje o equipamento cumpriria com a finalidade de dar suporte ventilatório necessário”, explica o engenheiro eletricista David Guaribara, especialista em engenharia clínica.
O próximo passo será submeter o capacete de respiração assistida a testes finais de usabilidade em voluntários, que devem acontecer em curto prazo. Em seguida, o modelo será avaliado pela Comissão de Ética e Pesquisa da Escola de Saúde Pública do Ceará Paulo Marcelo Martins Rodrigues (ESP/CE) para que possa ser testado em pacientes com insuficiência respiratória pela Covid-19, internados no Hospital Leonardo da Vinci.
A etapa final é necessária para começar a produção definitiva do equipamento. Enquanto isso, a equipe de desenvolvedores busca o registro do Elmo junto a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Baixo custo
Além de evitar a necessidade de internação em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), a produção do capacete é de baixo custo, o que garante facilidade de produção em larga escala — cada unidade custa cerca de R$ 300, enquanto uma máquina de ventilação mecânica custa, em média, R$ 70 mil. O equipamento pode ser desinfectado e reutilizado, e segue um tipo adotado em países da Europa, que teve bons resultados, com redução da necessidade de aparelhos de ventilação mecânica em cerca de 60%.
“Isso obviamente não aconteceu com essa velocidade somente por causa da pandemia, mas fundamentalmente porque esse domínio científico e tecnológico estava presente”, ressalta Rodrigo Porto, pró-reitor-adjunto de Pesquisa e Pós-Graduação da UFC. “Fica como uma lição para a sociedade brasileira de que esse investimento nunca foi em vão, pelo contrário, nos deixa preparados para reagir nas novas necessidades e demandas não só na saúde, mas em todas as áreas da sociedade”, afirma.
A produção do capacete envolve a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), Escola de Saúde Pública do Ceará e Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), além da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai/Ceará), e a Universidade Federal do Ceará (UFC) e Universidade de Fortaleza (Unifor).