Em campeonato de futsal, escola promove inclusão e solidariedade

A Copa do Mundo de Futsal do Colégio Santa Cecília é um projeto pedagógico que se utiliza do futebol para transmissão de conhecimentos para além da sala de aula.

Espírito de equipe, respeito ao próximo, cooperação, solidariedade, amizade e resiliência. Há lições que não se aprende nos livros, mas precisam ser vivenciadas no campo das relações humanas. E o esporte pode ser um grande professor para crianças e adolescentes, ao ensinar muitos desses valores. Até porque é na quadra de futsal, por exemplo, que elas vão entender que, mais do que ganhar ou perder, o que importa é aprender sobre o movimento da vida. Foi com esse intuito que o Colégio Santa Cecília realizou, de 22 a 30 de outubro, a sua Copa do Mundo de Futsal, um projeto pedagógico que existe desde 2007, integrando alunos e famílias.  

A edição deste ano foi a primeira após a flexibilização do decreto estadual de distanciamento social. “Este ano, sim, foi especialmente diferente”, observa a educadora Paula Freire, mãe do Tom, 13 anos, e do Bento, 10 anos. “Rever as crianças, colaboradores, professores e famílias, depois de tanto tempo de restrições, foi indescritível. Adentrar o ginásio da escola trouxe uma atmosfera de muita emoção e esperança”, descreve. “Foi uma enorme alegria receber as famílias de volta à escola, todos com muita saudade e felicidade em participar desse grande evento”, afirma José Carlos Barbosa de Sousa, professor de Futsal do Núcleo de Esporte e um dos responsáveis pela organização da Copa.  

De acordo com o educador, foram realizados aproximadamente 50 jogos, envolvendo diretamente cerca de 150 alunos. As equipes são formadas com alunos avançados, iniciados e iniciantes no futsal, de modo a trazer equilíbrio para cada time. “A nossa Copa é inclusiva, pois todos os alunos, independentemente do seu nível técnico, participam dos jogos; não valorizamos os melhores, e, sim, a participação de todos”, afirma José Carlos.   

 Além dos jogos, a Copa promove também ação social. “Todo ano, realizamos com a competição uma campanha de doação de chuteiras, tênis e materiais esportivos para ajudar algum projeto social”, afirma o organizador. Isso amplia ainda mais a participação e envolvimento dos alunos no objetivo da escola de ensinar valores e princípios cristãos.  

Mas tudo isso não ocorre apenas no mês de outubro. Como explica o professor, o evento percorre todo o ano letivo, com total envolvimento dos alunos. “Nosso projeto tem início no começo do ano, com as aulas, formação das equipes, sorteios das seleções, escolhas dos números, fotos para o álbum, lançamento do álbum e abertura da Copa”, elenca José Carlos. Ele destaca ainda que o álbum de figurinhas é um dos pontos fortes do projeto.  

“Toda criança participante da Copa tem figurinha no álbum. Eles são os atores da própria história e ficarão eternizados no álbum de figurinhas da infância deles”, diz o professor. A publicação também é disponibilizada para a venda, atraindo o interesse de outras crianças pela cultura da troca de figurinhas na escola. “É um movimento tão rico para a autoestima deles, sem contar que é uma lembrança histórica”, observa a advogada Alaíde Pontes Rosado, mãe do Nicolas, 11 anos, e do André, 9 anos.  

Participação da família  

Na Copa do Mundo Santa Cecília de Futsal, os pais e familiares participam ativamente, seja na torcida, seja como técnicos auxiliares. Para Alaíde Pontes, é uma experiência marcante. “Meus dois filhos tiveram a felicidade de defenderem a mesma bandeira, o time de Portugal, e os pais confiaram ao meu marido, André Rosado, a responsabilidade de ser o técnico do time, então vivemos essa copinha com toda a intensidade e união”, relata a advogada.

  

Para ela, o esporte é um instrumento pedagógico tão importante quanto qualquer outra área do conhecimento. “Não era só a bola rolando, eram nossas conversas em casa, nossas risadas, trocas, planos e torcida. Outro ponto alto foi a integração das famílias. Todos os pais tiveram um entrosamento muito legal, um companheirismo e uma torcida que não ficou só no time. Muitos nem se conheciam, mas, unidos pelo propósito, formamos uma só voz, porque a emoção era à flor da pele, de forma inexplicável”, conta Alaíde.  

Para a educadora Paula Freire, o projeto possibilita muitas aprendizagens para a relação familiar, principalmente na vivência de valores e emoções. “Meus filhos levarão importantes aprendizados para a vida inteira: o trabalho em equipe e a importância de darmos sempre o melhor, a dedicação, o respeito ao outro, o cumprimento de regras, a união e, principalmente, que é importante seguirmos”, reflete.  

Paula observa ainda o caráter inclusivo do projeto. “Os princípios inclusivos são verdadeiramente vivenciados, pois todas as crianças inscritas jogam e são respeitadas em seu jeito e estilo”, destaca. Além disso, ver a interação e alegria das crianças é uma emoção que faz brilhar o olhar dos adultos. “É lindo vê-los torcendo uns pelos outros, vibrando com a vitória dos amigos e também se consolando mutuamente”, comenta a educadora.