ADefesa Civil de Fortaleza interditou temporária e preventivamente o Edifício Modigliane, no Bairro de Fátima, na noite de ontem (30), após inspeção inicial na estrutura do prédio. O órgão havia sido acionado pelos próprios moradores, que denunciaram a precariedade da edificação e um estalo ouvido no segundo andar.
De acordo com eles, uma obra está sendo realizada desde a última segunda-feira (28) e - assim como as imagens anteriores ao desabamento do Edifício Andrea, divulgadas pelo Sistema Verdes Mares -, há a aparição de ferragens expostas nas bases de sustentação, além de outras avarias.
O documento afixado nas paredes do edifício cita que, "considerando a gravidade da situação do referido imóvel, que apresenta inclusive risco à vida, fica o mesmo interditado temporária e preventivamente para uso". O aviso determina, ainda, que "o responsável pelo imóvel deverá providenciar a imediata desocupação", mas cerca de dez moradores ainda resistiam a sair do local ontem.
"Iniciamos o trabalho de vistoria. Verificamos que realmente a situação era crítica em relação à infraestrutura", afirmou o coordenador da Defesa Civil, Luciano Agnelo.
Já o diretor da empresa Condus, que administra o condomínio, Davi Rocha, disse que o prédio "não está com problemas de infraestrutura". Ressaltou que a última inspeção predial realizada no edifício ocorreu em 2017, a qual não apresentava nenhuma falha.
Moradores
O biólogo Davi Landim, morador do apartamento 201, assim como sua esposa e as filhas, temem pela segurança. "São rachaduras pequenas, não sei se elas são estruturais ou não. São no chão, entre as portas. O que me preocupou mais foi a porta do elevador não estar abrindo", conta, ao lembrar que todos saíram com as roupas do corpo.
Segundo a advogada Socorro Cavalcante, que vive no 6º andar, houve uma reunião sobre a estrutura. "Ficou certo que deveria ocorrer a reestruturação predial e mais alguns reparos, mas eu e alguns condôminos achamos que deveria ser feito, primeiro, a avaliação estrutural para depois verificar a possibilidade dos reparos e se poderíamos continuar no prédio".
"Eu fui deixar meu filho no colégio, e a gente só recebe uma torrente de mensagens no WhatsApp do condomínio de que está tudo rachando", conta o professor universitário Márcio Benevides, habitante do apartamento 402, que abandonou o prédio antes da interdição. "Morar lá não tem mais condições", conclui.