Centro de Reabilitação tem 15 peixes-bois à espera de soltura no mar

Há sete anos, o Projeto Manatí, sediado no Sesc Iparana, em Caucaia, resgata mamíferos marinhos encalhados na costa do Ceará e do Rio Grande do Norte e disponibiliza estrutura e cuidados para os animais

Há sete anos, Alva e Maceió trocaram a tranquilidade do mar para viver em tanques de água na superfície. Mas não foi porque eles quiseram. Os peixes-bois encalharam próximo à costa do Rio Grande do Norte e Ceará, respectivamente, e foram resgatados pela equipe do Centro de Reabilitação de Mamíferos Marinhos do Projeto Manatí, vinculado à Organização não-Governamental (ONG) Aquasis. No fim deste ano, a volta para a vida marinha pode se concretizar para eles, os animais mais velhos do projeto.

Semanalmente, passando por uma bateria de exames de sangue, medição de tamanho e manejo, chegou a hora de eles avançarem para uma etapa: a soltura. De acordo com Victor Luz, veterinário responsável pelos cuidados dos peixes-bois, o processo é longo. "Estamos dependendo de algumas licenças ambientais. A estrutura funciona como um semicativeiro. Ele tem o formato de um tanque-rede e será em uma área bem próxima à praia. Diariamente, a nossa equipe vai ao cativeiro para alimentá-los e monitorar o comportamento deles. O período em cativeiro varia de três meses a um ano", afirma.

Assistidos por uma equipe de biólogos, veterinários e voluntários, Alva e Maceió devem adentrar o cativeiro até o fim de junho. Em meio a esse processo, será a primeira vez que peixes-bois marcados com um chip (para monitorar) serão soltos no Ceará. Após a liberação no mar, a equipe remonitora os animais por mais um ano até que se certifique de que os bichos estão em condição para viver sozinhos na costa cearense, livres para nadar.

Junto a eles, outros 13 peixes-bois vivem no Manatí. O Sistema Verdes Mares acompanhou o manejo de dois destes animais: Erê e Minotauro, ambos com dois anos e meio de idade. Eles encalharam na praia de Beberibe, no litoral leste cearense e foram trazidos à sede do Centro, no Sesc Iparana, em Caucaia.

Durante o manejo, Minotauro foi trocado de tanque e passará a viver no oceanário, um reservatório de água de porte maior para animais mais velhos e que esperam na fila para serem devolvidos ao mar.

Amanda Oliveira, 30, é uma das integrantes da equipe. A bióloga trabalha no Projeto Manatí há cerca de três anos e ressalta a importância de preservação dos peixes-bois, espécie em extinção. "Cada resgate faz a diferença. É importante cuidar deles para manter e conservar a espécie, já tão ameaçada. É um trabalho muito gratificante", pondera.

Sensibilização

Para além do trato com os animais, o Manatí trabalha com algumas modalidades de educação ambiental, dentre elas, uma de soltura de animais, voltada para comunidades praianas e onde mais aparecem peixes-bois e uma de boas práticas na pesca. De acordo com Thais Chaves, coordenadora de Educação Ambiental do Projeto, as reuniões têm como finalidade despertar a sensibilidade da comunidade.

Para ela, é importante que essas pessoas saibam como proceder caso pesquem, por engano, estes animais. Ela frisa o papel importante do ser humano no meio ambiente.