Centro de Convenções dará lugar a novo Complexo Cultural

Espaço em Fortaleza contará com museu, teatro, área de lazer e salas multifuncionais. A obra é uma contrapartida da Fundação Edson Queiroz, após devolução do terreno pelo Governo do Estado

O Centro de Convenções do Ceará será transformado, nos próximos anos, em um moderno complexo artístico e cultural de Fortaleza. Sem ser utilizado para shows e espetáculos desde a inauguração do vizinho Centro de Eventos, em 2012, o prédio será repaginado pela Fundação Edson Queiroz, como contrapartida à devolução do terreno pelo Governo do Estado, formalizada em solenidade na manhã de ontem (7), no Espaço Cultural da Universidade de Fortaleza (Unifor).

Participaram da assinatura do documento o governador do Ceará, Camilo Santana; a presidente da Fundação Edson Queiroz, Lenise Queiroz Rocha; o chanceler da Unifor, Edson Queiroz Neto; a vice-presidente da Fundação, Manoela Queiroz Bacelar; e a reitora da Universidade, Fátima Veras. O terreno de aproximadamente 14 mil metros quadrados teve devolução publicada no Diário Oficial do Estado (DOE), no último dia 28 de maio, após seis anos de negociações entre as entidades.

O novo complexo cultural que substituirá o Centro de Convenções deve contar com museu, teatro, área de lazer e salas multifuncionais, de acordo com Lenise Queiroz Rocha. Ela afirma que o antigo prédio será demolido porque a estrutura física está bastante danificada, após vários anos fechada. Já na semana que vem, o terreno deve passar por dedetização e limpeza. Em seguida, o projeto arquitetônico será discutido, embora uma prévia já tenha sido apresentada ao Governo do Estado há um ano e meio.

"Com a assinatura, temos marcadas três visitas de arquitetos que eu prefiro deixar ainda sem mencionar. Em seguida, faremos a divulgação do nome do profissional que vai nos acompanhar nesse projeto". A pedra fundamental da obra deve ser lançada tão logo o projeto seja aprovado.

50 anos da Unifor

Já as obras devem ocorrer ao longo dos próximos anos. "Daqui a quatro anos, a Unifor estará comemorando 50 anos. Acho que seria uma data muito bonita. Pode ser que a gente vá abrindo aos poucos, inaugurando por partes, mas um complexo como esse leva algum tempo. Não são só em quatro anos que você consegue terminar, mas existe a possibilidade de entregarmos alguns itens antes", salienta a presidente da Fundação.

Durante a solenidade, o governador Camilo Santana destacou que "este será um grande presente para Fortaleza dentro da própria lógica que o Estado tem construído de transformar o Ceará em um centro de conexões aéreas e de turismo, que é a nossa vocação e o nosso potencial. Será um equipamento muito importante para as futuras gerações". No entanto, para rememorar a história, adianta que há intenção de o projeto resgatar um pouco da arquitetura da fachada "porque ele teve um papel importante para eventos e turismo no Ceará".

Para o museu do novo complexo, deve ser transferida parte das obras da Fundação Edson Queiroz. O catálogo da coleção, lançado em novembro do ano passado, exibe 870 trabalhos produzidos entre os séculos XVII e XXI, compreendendo escolas artísticas como barroco, modernismo, abstracionismo e contemporâneo. No entanto, Lenise Queiroz Rocha revela que nem todas as obras foram indexadas na publicação - e algumas poderão ser vistas no novo centro. Além de abrigar peças da própria Fundação, o complexo cultural terá capacidade para receber exposições temporárias de outros artistas.

A presidente reforça que a Fundação já mantém dois mil metros quadrados de arte em exposição e frisa a importância do novo espaço para que a população possa fazer visitas mais frequentes, tendo a oportunidade de conferir as obras de arte colecionadas durante 45 anos. "São obras que contam a história do Brasil nos últimos cinco séculos. Acho que é um direito da população ter esse acesso. Meu irmão mais velho, o chanceler Airton Queiroz, que faleceu há pouco, tinha essa vontade. Tenho muito orgulho de poder dar continuidade a essa missão", celebra Lenise.

História

Em 1973, porque o Ceará não dispunha de um espaço para abrigar eventos de grande porte, o chanceler Edson Queiroz resolveu doar o terreno ao governo estadual, mediante convênio e por prazo indeterminado, para a construção do Centro de Convenções, aberto em 1974. Com a inauguração do Centro de Eventos, em 2012, o antigo foi desativado. Em 2013, a Fundação Edson Queiroz e o Governo do Estado iniciaram negociações para a devolução do terreno.

Em junho de 2014, foi formalizado um protocolo de intenções estabelecendo que o Governo ficaria com a propriedade definitiva de parte do terreno e devolveria à Fundação Edson Queiroz uma área de 9.775 m². O protocolo regularizou ainda a doação de cerca de 3 mil metros quadrados para o alargamento da Avenida Washington Soares.

Em dezembro de 2018, o Governo do Estado e a Fundação estabeleceram novas tratativas para a devolução dos 14 mil metros quadrados. Em 28 de maio deste ano, o Governo publicou a lei nº 16.900, com os termos da decisão, como a construção do complexo cultural.