Uma água-viva exótica (significa que não é nativa) foi observada por um banhista na última quinta-feira (23), na Praia de Iracema, em Fortaleza. O professor do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC), Marcelo Soares, a identificou como “Phyllorhiza punctata” — conhecida como água-viva australiana manchada.
Segundo o especialista, a aparição desta espécie é rara no Ceará, mas não representa risco ao ecossistema. No entanto, não é recomendada a aproximação para evitar ser atingido pelas toxinas ejetadas pelo animal marinho.
O empresário Thiago Macedo, de 35 anos, conta que remava, por volta das 16h30 do último dia 23, quando observou e fotografou a água-viva. “Achei que fosse uma sacola. Aproximei-me para retirar, mas observei estar se mexendo e percebi que não era”, lembra.
“Estou acostumado a nadar por essa região há cinco anos. Já vi caravelas, mas essa nunca. Chamou atenção pelo tamanho. Fiquei a olhando por 15 minutos e depois ela desapareceu”, contou.
Como ela chegou no Ceará
Segundo o professor do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC), Marcelo Soares, a “Phyllorhiza punctata é oriunda do Indo-Pacífico, região próxima à Austrália".
A hipótese, observa, é que ela tenha sido trazida pelas águas de lastro de navios (mecanismo de captura para armazenar água do mar para estabilidade da embarcação).
“Ela tem uma fase móvel, fica nadando e a larva dela pode ficar na água de lastro do navio”, explica. As mudanças climáticas também podem contribuir para o aumento da reprodução do animal.
“Essa espécie é rara. Ela foi vista pela primeira vez na década de 1950 no Brasil. Em 2013, teve outra aparição. Hoje, ela pode ser vista do Ceará a Santa Catarina”, aponta.
Características do animal
Marcelo acrescenta que ela não é considerada invasora no Brasil. Portanto, não representa perigos ao ecossistema e as atividades econômicas do mar. “No Golfo do México, ela é invasora e causou grandes impactos para a pesca. Mas não é o caso aqui. O ideal é acompanhar, mas não há riscos”, avalia.
"Ela é como um coral. Esses pontinhos brancos com partes marrons têm algas no tecido dela", diz, acrescentando que essa água-viva nada na superfície porque precisa da luz do sol para fotossíntese.
Essa espécie pode medir de 1cm até 50cm. O professor acredita que a observada na Praia de Iracema meça cerca de 20 com.