Dois dos principais técnicos do vôlei nacional, José Roberto Guimarães e Bernardinho disseram estar chocados com a morte de Walewska, campeã olímpica com a seleção brasileira nos Jogos de Pequim-2008. A jogadora de 43 anos faleceu na noite de quinta-feira de forma surpreendente.
Zé Roberto, que treinou Walewska no Campinas e também na seleção, disse ter ficado "sem chão" com a notícia. "A gente fica sem chão para saber e entender as coisas. Mas é difícil falar sobre isso. Abalou todo mundo", declarou o treinador, em entrevista à TV Globo, após a derrota da seleção brasileira feminina para a Turquia no Pré-Olímpico, em Tóquio.
"É um momento muito difícil, muito complicado. Um pouco antes do jogo é que falamos sobre o assunto com as jogadoras. Colocarmos a tarja... É um momento de muita tristeza e dificuldade para todo mundo. Conhecendo a Walewska como conhecemos, ela foi um exemplo de dedicação e comprometimento, tinha tudo de bom que uma jogadora e uma atleta, uma pessoa, pode ter. Ela sempre se cuidou muito, sempre ajudou o time, sempre tentou fazer tudo certo, da melhor maneira possível desde muita pequena."
Walewska jogou sob o comando de Zé Roberto por diversos anos ao longo de sua carreira. "Sabe aquela atleta que todo técnico gostaria de ter, de disciplina, comprometimento, de foco e preocupação com as outras jogadoras do time. Ela se preocupava em fazer os fundamentos bem feitos, da melhor maneira possível, de tudo convergir para o time. Ela deixou um legado como atleta, é um dos maiores exemplos que já vi. E pude vivenciar com ela todos os momentos em que tivemos juntos no clube e na seleção."
Para Zé Roberto, a ex-jogadora vai deixar saudades também na seleção atual. "Ela vai deixar muita saudade para essa meninas, que jogaram com ela, participaram com ela de várias etapas e jornadas. E vai deixar o exemplo para estas meninas mais novas sobre o significado de ser uma grande atleta."
Bernardinho, que também foi técnico da seleção feminina, disse não acreditar no episódio triste.
"Uma menina que eu vi se transformar em uma mulher incrível. Uma pessoa com uma energia lá em cima, dentro de quadra uma guerreira, amiga... Sempre demonstrou um carinho enorme com todos, aquele abraço que acolhia a todos. Uma aspirante que se tornou uma campeã", comentou.
Assim como Zé Roberto, Bernardinho exaltou a trajetória de Walewska. "Eu realmente participei da transformação daquela 'lagartinha' numa borboleta linda, que voou pelo mundo, conquistou tantas coisas, mas nos deixou tão jovem, tão cheia de energia. Difícil demais de acreditar."
Trajetória no vôlei
Além da Seleção, a atleta atuou por diversos times, como Minas, Osasco e Praia Clube. Por este último, foi campeã da Superliga em 2017/2018, do Sul-Americano em 2021 e encerrou a carreira durante a temporada 2021/2022.
No Dentil/Praia Clube, a camisa de número 1 ficou eternizada como sendo da Walewska. Após se retirar das quadras, o uniforme não foi cedido à outra jogadora.
No livro "Outras Redes", a esportista contou que enfrentou diversas barreiras como jogadora de voleibol: "Mudei a vida da minha família e plantei a semente da confiança no trabalho árduo dentro do coração do meu País", diz em um trecho.
Após a aposentadoria, Walewska atuava com consultoria em temas como liderança e alta performance.
Ao podcast Ataque Defesa, ela comentou sobre o futuro fora das quadras: "tenho pelo menos mais 40 anos de vida produtiva. É um mundo inteiro que você tem que pensar quando está dentro da quadra".