Skate é algo de que brasileiros podem se orgulhar, diz Pedro Barros

Aos 24 anos, brasileiro acumula títulos de dezenas de eventos conquistados em países diferentes

Aos 24 anos, o skatista Pedro Barros acumula títulos de dezenas de eventos conquistados em países diferentes. Ainda assim, o catarinense viveu uma situação nova na sua carreira em novembro do ano passado, ao vencer o Campeonato Mundial da modalidade park realizado em Nanjing, na China.

"Foi bem legal ver a bandeira do Brasil subindo num outro país, quando eu estava fazendo algo que começou de forma muito natural na minha vida e me levou até lá, numa competição daquele nível. O skate com certeza é algo de que o brasileiro pode se orgulhar", ele diz à reportagem.

Símbolos nacionais, como bandeira, hino e uniforme de delegação, passaram a fazer parte da realidade dos skatistas após a entrada do esporte no programa olímpico de Tóquio-2020. Até então, o mais comum era os primeiros colocados receberem um cheque representativo com o valor da premiação, posarem para foto e se mandarem do pódio.

A competição na China foi o primeiro Campeonato Mundial sancionado pela World Skate, entidade reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) como responsável pela condução do esporte nesse nível.

A segunda edição do torneio será em São Paulo, desta quinta-feira (12) até domingo (15), no parque Cândido Portinari. A entrada é gratuita nos quatro dias de evento, que distribuirá o maior número de pontos na classificação para os Jogos de Tóquio, em 2020.

Pedro, segundo colocado do ranking olímpico do park, tentará defender seu título na competição, que terá outros nomes de destaques do país, por exemplo Luiz Francisco (terceiro) e Yndiara Asp (sétima). Entre as atrações internacionais está o americano Shaun White, tricampeão olímpico de inverno no snowboard.

Em 2016, quando a presença do skate foi confirmada nos Jogos do Japão, uma das preocupações apontadas pelos praticantes era que a atividade corria o risco de perder suas raízes de contracultura e transgressão em meio aos trâmites estabelecidos pelo COI.

O processo de adequação às normas antidoping e mesmo a questões em tese mais simples, como estabelecer uma entidade para gerenciar os campeonatos e criar um ranking internacional classificatório para a Olimpíada, enfrentou alguns percalços. A menos de um ano do evento das Olimpíadas, essas regras estão estabelecidas.

"Se a gente estiver trabalhando unido para que o skate mantenha a sua essência, ela não vai deixar de existir. Agora, se todos os skatistas acharem que se resume a essa competição, a essência pode se perder", afirma Pedro.

Em fevereiro deste ano, o catarinense foi julgado por testar positivo para um derivado da maconha durante torneio realizado em janeiro de 2018, num dos primeiros eventos com o controle de substâncias proibidas e que não tinha chancela de uma entidade reguladora do esporte.

Segundo as normas da Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês), o uso de maconha é vetado para atletas durante competições. O tempo máximo de punição previsto para esses casos poderia ter tirado o brasileiro dos Jogos, mas a suspensão de seis meses retroativa à data da infração eliminou as chances de prejuízo à sua participação.

"Não é uma situação fácil para ninguém lidar, mas a gente tinha um norte de que isso seria resolvido a tempo e com tranquilidade. Se tivessem avisado semanas antes do evento que já seriam feitos testes, não teria acontecido nada. Hoje acredito que todos já tiveram conhecimento sobre o tema, tanto que não houve mais nenhum problema", diz.

A carreira em nível mundial de Pedro Barros começou em 2008. Dois anos mais tarde, ele conquistou o 1º de seus 6 títulos nos X Games. A exemplo de muitos dos seus pares, o catarinense defende que a Olimpíada precisa mais do skate do que o contrário.

Ele reconhece, no entanto, que os Jogos proporcionam uma oportunidade de extrapolar o alcance que o esporte teve no mundo até hoje: "Buscarei a medalha não para alavancar minha imagem, mas para ajudar o skate brasileiro. O que vai fazer a diferença é a caminhada até lá e a mensagem que estamos passando. Sinceramente, a medalha não muda quem eu sou."

Ainda assim, hoje ele é o favorito para sair de Tóquio com o ouro, o que seria a sua conquista de maior visibilidade mundialmente. Ser visto por mais gente, segundo o skatista, também pode ter seus efeitos negativos.

"Para mim ainda é um luxo poder viver muitas vezes como anônimo, sair do aeroporto ou andar na rua tranquilo, mas sei que depois da Olimpíada isso pode desaparecer", afirma Pedro, cujo perfil no Instagram é seguido por 324 mil pessoas.

C​ampeonato Mundial de Skate Park em São Paulo
Onde: parque Cândido Portinari (av. Queiroz Filho, 1365 - Vila Hamburguesa, São Paulo)
Quando: de quinta (12) a domingo (15), em diferentes horários; programação completa em skatetotalurbe.com.br
Quanto: entrada gratuita
Transmissão: SporTV (sábado, a partir das 13h15) e Globo (domingo, a partir das 10h15)