Léo Condé, novo técnico do Ceará, foi apresentado nesta terça-feira (2), em Porangabuçu. O profissional, campeão da Série B com o Vitória na temporada passada, assume o Alvinegro com a missão de levar a equipe novamente para a Série A. Em coletiva de imprensa, o treinador explicou como foi o primeiro contato com os atletas, o modelo de jogo e projetou o duelo contra o Santos.
MOTIVO DO ‘SIM’ AO CEARÁ
“É uma satisfação assumir essa equipe a partir de hoje. Também destacar que herdo o trabalho de um profissional extremamente competente e experiente, certeza vou herdar coisas boas e naturalmente vamos tentar acrescentar algumas ideias que temos de trabalho. Após a minha saída do Vitória, naturalmente pelo bom momento do clube não só no Vitória como nos últimos anos de carreira, apareceram alguns convites tanto no futebol nacional como no exterior, e a gente sempre se depara com aquela tomada de decisão que temos que ter na carreira. Quando o Ceará fez o convite, pelo entendimento da grandeza do clube, do elenco, das pessoas a frente, aceitei. A Série B a cada ano que passa as equipes estão dando mais valor a ela. Difícil, equilibrada, só a camisa não é o suficiente para fazer com que disputem a Série A. Tem que ter camisa, torcida, um bom elenco, tem que estar bem estruturado financeiramente, uma boa comissão. É um pacote. São fatores que vão convergir para alcançar um acesso. Mas isso não é garantia de nada. O Ceará tem vários predicados que façam com que o clube brigue pelo acesso.”
PAPO COM OS ATLETAS
"Ontem, no primeiro bate-papo com os atletas, nós temos que ir passo a passo, fazer de cada jogo uma verdadeira final para que a gente possa alcançar no final do ano quem sabe esse objetivo. Antes de ser treinador, sou um ser humano como todos vocês aqui. Vocês sempre terão meu respeito, como os atletas, com os funcionários, com o porteiro. Não pode ser diferente. É o que penso. Sou direto com eles. É um ambiente de cobrança, de responsabilidade, é esporte profissional, de alto rendimento. Todos têm que ter responsabilidade e seriedade mas, acima de tudo, para você exercer bem a sua profissão, qualquer que seja, você tem que estar bem. A gente procura trabalhar bem no dia a dia, passar confiança para os jogadores. A gente sabe que o torcedor é passional. Ele quer ganhar a qualquer custo. É o do Ceará e de qualquer outro clube. A gente tem que saber como lidar principalmente com as derrotas. Assim também como eu espero que tenhamos mais vitórias, boas sequências de resultados."
"Procuro trabalhar com seriedade como tem que ser e tento transmitir isso. todo clube, o futebol brasileiro como um todo, sempre passa por momentos de turbulência mas a gente tem que acreditar nas pessoas. Foi isso que fez com que eu viesse para o Ceará. As pessoas que estão à frente estão se mobilizando para organizar o que tem que organizar. Para a gente levar tudo isso para dentro de campo uma equipe competitiva que é o que o torcedor vai querer ver. Tem sido tudo muito intenso, rápido, receptividade não só do torcedor, mas dos funcionários, do clube e dos atletas tem sido altamente positiva, mas a gente vai se conhecer mesmo no dia a dia."
SETOR OFENSIVO
"O Saulo e o Erick fizeram uma partida brilhante no último jogo. São atletas com características bem distintas. É um setor que realmente vem correspondendo. E vamos tentar potencializar isso cada vez mais. Passando também algumas movimentações que a gente gosta, sempre incentivando. Principalmente o Erick que tem um bom um contra um, principalmente ali na área. O Saulo a gente pode utilizar de várias formas, como um atacante de mais movimentação, mas por dentro, também pelo lado do campo. Como falei, vamos tentar explorar o que cada um tem de melhor."
MODELO DE JOGO
"Antes se pautava muito no sistema de jogo que o treinador tem a preferência maior. A dinâmica hoje é mais em cima do modelo de jogo, aquilo que se pensa de jogo. Se quer uma equipe mais propositiva, com a marcação alta, com mais posse de bola. Ou talvez uma equipe mais reativa, que jogue em blocos mais baixos, em transição. A Série B, até por disputar vários anos, o entendimento que tenho da competição é que você tem que se adaptar a ela porque cada jogo tem sua particularidade, local, os gramados não são padronizados. As equipes também têm uma variação muito grande. Equipes com transição muito forte ou com muita posse de bola. Tenho tentado montar, de um modo geral, as equipes de maneira bastante equilibrada. Que tenha entendimento, dentro do jogo, que consiga mudar a maneira de jogar dentro da própria partida. Isso é relativo e muito também em cima das características dos atletas que a gente tem em mãos. Você pensa em um modelo de jogar e os atletas talvez não tem característica para o que você pensa. De uma certa forma você tem que se adaptar ao elenco tb. Por estudar o elenco do Ceará a gente já tem uma ideia em cima daquilo que a gente vai trabalhar na competição e tentar ser o máximo possível organizado e competitivo em todas as partidas."
TRABALHO EM CAMPO
"São ideias de jogo que cada treinador tem. Vou começar a trabalhar de uma forma mais direta hoje. Ontem nós fizemos uma movimentação com os atletas que não jogaram, mas a título de observação mesmo. Hoje a gente já vai para o campo. De um modo geeral, já vou procurar passar algumas coisas que eu gosto, que penso. Vou herdar muitas coisas boas do Mancini e também conhecer as características dos jogadores. A questão de fazer opção de liberar um pouco mais os laterais ou jogar com um mais preso, ou trabalhar amplitude com extremos ou com os meias. Isso vai ser muito em cima do que vou observar de características. A Série B é muito estratégica. Vamos enfrentar adversários com características diferentes. E a gente tenta montar estratégia para determinado jogo. Claro que sem fugir daquilo que a gente pensa e acredita."
BASE
“Iniciei como treinador da base. Eu gosto, na maioria dos clubes, de pinçar algum atleta da base. Mas ele tem que fazer por merecer. A gente sabe que o Ceará tem um trabalho consistente de base. O Vitória, nesses últimos anos, deixou o trabalho de base em segundo plano. O clube adotou uma política de muita contratação. Agora que está se estruturando que puxamos alguns atletas. O Ceará, com o trabalho que vem sendo realizado na base, a gente sabe que pode aproveitar mais atletas na equipe principal. Isso vai da política do clube. A partir do momento que contrata muito jogador, talvez tire um pouco de espaço do atleta da base. Mas a gente tem que sentir que o jogador tem condições de vestir a camisa da equipe principal. Gosto de estar sempre observando, fazendo movimentação com o Sub-17 e Sub-20 para observar esses atletas.”
ESTREIA CONTRA O SANTOS
“Um jogo importante contra um grande adversário. Talvez o principal favorito ao título e ao acesso por tudo que o Santos representa. Mas o próprio Santos, dentro da competição, também vem sofrendo, tendo dificuldade pois a competição está equilibrada. Mas a gente vai sim aproveitando bastante o trabalho que o Batatais, que estava inserido no trabalho feito pelo Mancini, aproveitando o que ele usou de ideia na última partida. Nesse pouco tempo, já tentar passar alguma coisa que gosto e penso para que a gente possa chegar bem estruturado para essa partida.”
REFORÇOS
“É algo que estamos discutindo internamente, acabei de chegar. O Lucas e o João Paulo estão monitorando junto com o Departamento de Análise do clube. Já me passaram alguns nomes, naturalmente também vou trazer alguns nomes e também vou observar o elenco dentro daquilo que eu entender de necessidade. Também entra o aspecto financeiro para atender as condições do clube. Mas, com certeza, a gente vai tentar de uma forma inteligente reforçar o elenco.”
TROCA DE TÉCNICOS NO CEARÁ
"Não é o Ceará. Como profissional há 23 anos, a gente acompanha isso. É uma cultura do futebol brasileiro. Antes era meio assim, só no Brasil, mas no futebol mundial também é assim. Se os resultados não vem, acaba tendo mudança. Posso falar agora, do próprio Vitória. A gente conseguiu o acesso, o maior título da história do clube da Série B, o título baiano. Infelizmente a gente começou mal... Mas é claro que o clube de uma grande torcida, a pressão acaba sendo um pouco maior. Não venho com esse pensamento... Qual a paciência que vão ter comigo tanto o torcedor quanto a direção. Venho com o pensamento de que vou fazer o melhor trabalho possível. E é assim que faço na maioria dos clubes. No Sampaio foram 3, no Novorizontino duas, no Botafogo-SP uma temporada e meia. No Vitória também bati esse recorde lá. E espero que aqui no Ceará a gente possa bater esse recorde também. Se for, é sinal de que conseguimos um bom resultado aqui."
E A TORCIDA?
“O torcedor pode ter certeza que a gente vai tentar fazer o melhor trabalho possível. Tem os profissionais do clube e os que estão vindo comigo, da comissão técnica, e principalmente com os atletas. O que eu fiz me deu credibilidade para chegar aqui, mas o trabalho começa a partir de agora e vai ser julgado a partir disso. Espero ter sabedoria suficiente para que possa conduzir. Mas é uma competição muito difícil, a cada ano se torna mais complicada a Série B.”