Jovens com deficiência conquistam autonomia nas aulas de natação adaptada do Cepid

Jovens desenvolvem habilidades através de aulas de natação no Cepid

Cid Regis, de 21 anos, parece dançar na água. Entre um nado e outro, o jovem magrinho e de sorriso fácil faz sua coreografia com os nados que aprendeu nesses quatro anos em que frequenta as aulas de natação do Centro de Profissionalização Inclusiva para a Pessoa com Deficiência (Cepid), unidade da Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS). A paralisia cerebral dificulta a fala, mas Cid é determinado e explica com precisão que o nado costas é o seu estilo predileto. Na água, ele domina cada movimento do seu corpo e mostra que a deficiência não define quem ele é. 

Dados do último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que o Ceará tem mais de 2 milhões de pessoas com deficiência. Neste contexto, o Cepid é um espaço essencial para garantir que este segmento da população tenha acesso à capacitação e ao lazer. Com turmas de capacitação e atividades desportivas, o espaço promove a inclusão recebendo pessoas com e sem deficiência. Atualmente, acontecem no Centro aulas de natação, tênis de mesa e de quadra

“O Cepid é uma segunda casa para as pessoas com deficiência. E atende tanto o público da Barra do Ceará, onde fica localizado, quanto de bairros mais distantes ou mesmo da Região Metropolitana de Fortaleza”, destaca a titular da SPS, Socorro França. A secretária lembra que o equipamento vem cumprindo todas as medidas sanitárias necessárias ao combate da Covid-19. “Desde a entrada, nós aferimos a temperatura e disponibilizamos álcool em gel para quem chega ao equipamento. Todas as turmas presenciais têm um limite pré estabelecido de alunos para que não haja aglomeração nos espaços”, pontua a gestora.

Iasmin Monteiro, de 19 anos, vem de Maracanaú às segundas e quintas-feiras com a mãe para as aulas de natação do Cepid. Dona Rosângela cuida para que a filha não perca nenhuma aula. “Eu venho de longe porque sei o quanto a natação faz bem para o desenvolvimento motor da minha filha. Se ficar em casa, ela acaba passando muito tempo no celular, com quase nenhum movimento”, conta a mãe, que em pouco tempo já percebe evolução na coordenação motora e no humor de Iasmim, que tem deficiência intelectual.

“Aqui no Cepid nós ofertamos diversas modalidades paradesportistas. Nossos alunos participam de competições estaduais, nacionais e internacionais. As equipes que treinam aqui já alcançaram êxitos em muitos campeonatos. O esporte desafia nossos alunos a conquistarem sempre mais e a vencer outros desafios para além da deficiência”, ressalta a coordenadora do Cepid, Regina Tahim.

Autismo e inclusão

Ronald Barbosa, de 22 anos, flutua na água com uma serenidade invejável! Ele fica à vontade e completamente entregue dentro da piscina, como se estivesse em casa. A mãe, Maria Ivonice, explica que Ronald tem diagnóstico de autismo, esquizofrenia e bipolaridade. “Eu aprendo todos os dias com meu filho. Nossa rotina não é fácil e estou sempre alerta para entender o que ele tenta comunicar, seja nos gestos, no olhar”, conta dona Ivonice. “Ele não estava se movimentando direito nesse período da pandemia, mas depois das aulas de natação passou a desenvolver de novo os movimentos e melhorou muito o humor. A piscina traz a calma que ele precisa”, observa ela, apontando as chinelas de Ronald, colocadas por ele metodicamente no cantinho ao lado da piscina. 

“Eu trago meu filho para o Cepid com muita alegria no meu coração, porque sei que isso é como estar  presenteando ele com algo muito valioso e que está fazendo muita diferença na nossa rotina”, completa Maria Ivonice.

O professor de natação, Samuel Macena, observa que é perceptível o desenvolvimento do aluno nos aspectos psicomotores, comunicativos, afetivos e sociais. “Dentro da água eu vejo ele buscando autonomia e autoconhecimento em suas ações o que evidencia para mim o valor da natação no trabalho psicomotor com autistas. Além do Ronald, nós trabalhamos aqui com outros alunos que possuem diversas deficiências e conseguem superar suas limitações dentro da água. Cada aluno exige um método diferente e a partir daí eu começo meu trabalho”, pontua Samuel.