A campeã olímpica e mundial de judô Rafael Silva foi flagrada em exame antidoping por uso de fenoterol durante os Jogos Pan-Americanos de Lima 2019, em agosto, mas garantiu ser inocente. O exame, realizado no mesmo dia em que ganhou o ouro no Pan, em 9 de agosto, deu "positivo para a substância fenoterol", que tem efeito broncodilatador e é habitualmente usado para tratar doenças respiratórias, explicou a própria judoca, em entrevista coletiva ontem no Rio de Janeiro.
"Não faço uso dessa substância, não tenho asma, não tenho nada, nem tenho autorização para usar essa substância", defendeu-se a atleta de 27 anos, que acredita ter se contaminado pelo contato com a filha asmática de uma amiga.
"A única pessoa que fez uso dessa substância é a filha de uma amiga minha que treina no Instituto Reação (no Rio de Janeiro). Eu tenho essa mania de dar o nariz para o neném chupar. Pode ter sido uma das maneiras de contaminação", explicou.
Presente durante a coletiva de imprensa, o advogado Bichara Neto informou que Rafaela não está suspensa das próximas competições.
"Tivemos uma reunião no âmbito dos Jogos Pan-Americanos. A Rafaela não está suspensa preventivamente. Vamos sustentar que ela não deve ser (suspensa), porque ela tem uma versão que mostra que ela não usou a substância para obter vantagem indevida", alegou o advogado.
Rafaela Silva foi campeã mundial em 2013 e campeã olímpica nos Jogos do Rio 2016. Atualmente, é a 4ª judoca do ranking da categoria até 57 kg. Em 29 de agosto, dois dias depois de ganhar a medalha de bronze no Mundial de Judô de Tóquio, ela foi submetida a outro exame, que deu negativo.
"Nenhum atleta se prepara para um momento como esse. Estou aqui para dar a minha cara a tapa. Fiz os testes, estou limpa. É continuar treinando, competindo e provar minha inocência", concluiu a judoca.
Como fica agora?
Como Rafaela Silva não está suspensa oficialmente, ela seguirá treinando e competindo normalmente até o caso ser julgado pela Federação Internacional de Judô (FIJ). Neste fim de semana, por exemplo, Rafaela irá competir em um campeonato interclubes com o Instituto Reação, onde treina diariamente e do qual faz parte como atleta.
A judoca diz não ter pensado na hipótese de ficar fora dos Jogos Olímpicos de Tóquio, no ano que vem, devido ao doping.
"Eu ainda tenho algumas competições, como o Bichara falou. Não estou suspensa. Tenho o Grand Slam de Brasília, Mundial Militar, em outubro. World Master, com os melhores da temporada. São competições importantes, valem a classificação olímpica. Eu tenho 27 anos. Se acontecer o pior, não vou falar para você que eu posso treinar para 2024 porque sabemos como o judô é. Não passou pela minha cabeça ainda (ficar fora da Olimpíada). Não tenho nada a esconder, vou provar a minha inocência".
No comando do Instituto Reação, Flávio Canto explicou que chegou a sugerir que Rafaela Silva ficasse fora da competição interclubes neste fim de semana.
"Eu conversei com ela, porque eu sei que vai ter um monte de gente em cima dela agora. E ela falou: 'Eu não devo nada a ninguém, vou lutar. Minha vida é essa. Estou dentro'", afirmou o medalhista olímpico.