O técnico Cuca foi apresentado oficialmente pelo Corinthians nesta sexta-feira (21). Em 40 minutos de entrevista, o treinador respondeu, principalmente, a perguntas sobre a condenação que sofreu em Berna, na Suíça, por estupro a uma menina de 13 anos, quando ainda era atleta do Grêmio, e que provocou protestos de torcedores contra o acerto.
Ele afirmou ser "totalmente inocente", disse ter "vaga lembrança" do episódio ocorrido em 1987 - a condenação se deu em 1989 - revelou arrependimento por ter falado pouco do assunto, prometeu "passar por cima" dos protestos contra a sua contratação e manifestou o desejo de abraçar causas sociais em benefício das mulheres contra violência sexual.
"É um tema delicado, pessoal, mas faço questão de falar e ser aberto. Eu estava no Grêmio há uns 20 dias. Tenho vaga lembrança de tudo que aconteceu. Na lembrança que tenho, tinha 23 anos, íamos jogar uma partida e pouco antes subiu uma menina para o quarto. O quarto em que eu estava com mais três jogadores era duplo, tinha duas camas. Essa foi minha participação nesse caso [...] Sou totalmente inocente, não fiz nada. As pessoas falam que houve um estupro. Eu não fiz nada".
Arrependimento
Cuca avaliou que um de erros foi ter falado pouco sobre o caso que o levou à condenação pela Justiça suíça e alegou não ter podido se defender à época. Segundo ele, a vítima declarou que o treinador - jogador à época - não participou.
"O meu erro foi não ter me defendido. Primeiro, não tinha dinheiro para me defender. Segundo, nem soube que eu tinha sido julgado. Por três vezes, a moça esteve lá na frente. Ficamos para averiguação. Eu juro por Nossa Senhora que eu não estava. Como posso ser condenado pela internet? A internet te julga e te pune".
Cuca também revelou o desejo de participar de movimentos contra abusos e que defendem as mulheres. "Sou pai, sou avô. Quero que as mulheres estejam cada vez mais protegidas. Mais da metade da torcida do Corinthians é feminina. Um time que tem a causa 'respeita às minas'. Essa causa que está existindo eu quero abraçar também até por proteção às minhas filhas, minha mulher, minha irmã", comentou.
Entenda o caso
Em 1989, Cuca, então meio-campista do Grêmio, foi detido com os também atletas Eduardo Hamester, Henrique Etges e Fernando Castoldi, sob a acusação de "manter atos sexuais" com uma menina de 13 anos, em episódio de 1987.
Os jogadores permaneceram em cárcere por 30 dias. Fernando foi o primeiro a ser liberado, já que a sua participação no ato não foi comprovada. Dois anos mais tarde, Cuca acabou condenado a 15 meses de prisão e ao pagamento de US$ 8 mil. Em matéria publicada à época pelo Estadão, o treinador disse que o episódio o fez adquirir "experiência".
Em depoimentos à época, a vítima narrou ter sido segurada à força pelos quatro jogadores. O processo segue sob sigilo protegido pela lei de proteção de dados da Suíça. Cuca nega ter cometido abuso ou violência contra a mulher e alega que não teve a oportunidade de se defender. O julgamento foi feito à revelia, já que todos voltaram ao Brasil.