Ceará e Fortaleza iniciam estratégias do Clássico-Rei já no fim de semana

Com cinco dias de preparativos até o duelo dos arquirrivais na Arena Castelão, os dois times têm pela frente rivais diretos na tabela e devem projetar força máxima somente para quarta-feira (2). Às 19h15, pela 7ª rodada da Série A

Restam cinco dias até o primeiro Clássico-Rei da Série A do Campeonato Brasileiro em 2020. Na próxima quarta-feira (2), Ceará e Fortaleza se enfrentam na Arena Castelão, às 19h15, pela 7ª rodada. E as estratégias para um novo duelo começam a ser traçadas nos confrontos de véspera.

O discurso sempre será "um jogo após o outro", mas o principal confronto do futebol cearense marca uma disputa à parte no Brasileirão e tem peso para além dos três pontos na tabela: o impacto envolve contextos locais, confiança e acirra os torcedores.

Por isso, a análise inicial é de datas. Na última quarta-feira (26), ambos entraram em campo para compromissos fora de casa: o Leão empatou com o Corinthians na 1ª divisão (1 a 1), e o Vovô eliminou o Vitória com triunfo pela 3ª fase da Copa do Brasil (3 a 4).

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O time tricolor retorna à Capital para enfrentar o RB Bragantino, amanhã, às 21 horas. A delegação alvinegra tem pela frente compromisso com o Atlético/GO, no domingo (30), às 18 horas, em Goiânia.

No fim, a equipe de Porangabuçu tem 24 horas a mais de descanso, em vantagem atrapalhada por viagem de volta ao Estado. Com acúmulo de desgaste, seja em campo ou fora, a tendência é de escalações diferentes nos compromissos próximos a fim de guardar energias para o Clássico-Rei.

"A parte física e muscular refletiu parâmetros de descanso, mas a parte neural, responsável pelo reflexo, pela ação rápida, pareceu cansada (contra o Vitória). E quando se está cansado, você até tenta, mas seu reflexo sempre fica atrasado", explica o técnico Guto Ferreira.

Cuidados do elenco

A comissão técnica alvinegra tem formação ideal definida, seja por opção ou lesão: esquema 4-2-3-1 com plantel físico, de velocidade e uma peça de referência no ataque. E a manutenção foi fundamental na primeira vitória do Brasileirão e também na classificação na Copa do Brasil.

A grande atenção, no entanto, se volta para Fernando Sobral. O meia atuou nas últimas 11 partidas, sempre como titular. Com Guto, ocupou a faixa central na armação e também o lado direito do trio atrás da referência ofensiva, sendo fundamental no encaixe na proposta de marcação do Vovô. Por isso, deve ter descanso.

O caso é similar ao de Samuel Xavier - o lateral-direito participou de 26 dos 29 jogos do Ceará em 2020. Como são peças tidas como titulares, uma contusão afetaria diretamente o planejamento estratégico para o Clássico-Rei.

No escopo de mexidas, a precaução exige o rodízio do plantel. Isso porque o zagueiro Luiz Otávio, e os volantes Fabinho e William Oliveira estão pendurados por acúmulo de cartões amarelos.

Força máxima

No caso tricolor, o rodízio é algo presente na filosofia de Rogério Ceni. "Acho que a não escalação de alguém não causa surpresa no Fortaleza", reforçou o comandante, após duelo contra o Corinthians.

Como entrará em campo novamente em menos de 72 horas após duelo com o Corinthians, a escala do plantel é passível de mexidas e deve envolver nomes com alta rotação no esquema 4-2-4. Há garantia de um descanso diante da maratona: o volante Juninho, punido com suspensão automática por cartões.

Assim, o meio-campo precisa de respiro diante das alternativas para a posição: Derley, Luiz Henrique, Mariano Vázquez, Marlon ou Ronald. O atleta de 34 anos é titular ao lado de Felipe e dono da bola parada, portanto, importante no Clássico-Rei.

A idade é fator determinante também nas análises de Osvaldo (33) e Wellington Paulista (36). A dupla participou dos últimos dois jogos, com minutagens diferentes: o velocista com 215, e o centroavante com 206. Pilares no sistema ofensivo, devem ceder lugar no ataque.

Termômetro na elite

Na tabela da elite nacional há equilíbrio entre Ceará e Fortaleza - a diferença é de um ponto. Com gestões equilibradas e elencos repletos de investimento, a projeção é de equidade, mesmo que um dos rivais consiga melhor desempenho na temporada.

No recorte atual, o Leão está na frente, em 14º, com cinco pontos. O Vovô é o 19º, somando quatro. Contexto incipiente pois o torneio possui 38 rodadas, e estamos caminhando para a 6ª. O detalhe crucial é o impacto do Clássico-Rei na sequência.

Em 2019, o primeiro duelo foi vencido pelos alvinegros. Naquela ocasião, com Thiago Galhardo e Felippe Cardoso em gols seguidos no começo, o time de Enderson Moreira conseguiu ser superior na Arena Castelão e bateu o rival por 2 a 1 - o desconto foi de Juninho, em pênalti.

O impacto positivo imediato veio na goleada diante da Chapecoense, também em casa, por 4 a 1. Placares que antecederam justamente o grande jejum de vitórias do Ceará naquela edição: 10 jogos e mudanças de cargo, com a chegada de Adilson Baptista.

Para o Fortaleza, o efeito foi inverso. Aquele revés inicial culminou com o jogo de despedida de Ceni antes da ida ao Cruzeiro, que teve retorno 49 dias depois. No entanto, o triunfo no segundo turno fez a equipe engatar invencibilidade.

Ao vencer com gol de Wellington Paulista, o Tricolor acumulou um intervalo de sete duelos que lhe permitiu vaga na Sul-Americana e o 9º lugar: cinco vitórias e dois empates. Foi o melhor período de desempenho na Série A, isso porque antes do Ceará, o time perdeu para o Corinthians por 3 a 2.

Na análise, é fato, o futuro não pode ser determinado pelo Clássico-Rei. O Brasileirão não existe apenas contra o arquirrival e os dois duelos na tabela. Aborda-se a pontuação obtida no todo, a consistência do trabalho e os ápices de resultado. Mas isso não descarta a relevância do confronto.

O futebol está longe do determinismo, faz-se por conjuntos de elementos e pode ser descrito como esporte tático, técnico, físico e também extremamente emocional. O aspecto final citado tem relação com a intensidade, confiança, inspiração e vontade de agir, ou seja, um conjunto psíquico obtido ao se sagrar vencedor dos duelos memoráveis. Quando o conflito é local, há ganho futuro ao vencedor.

O ônus é administrar tamanha energia. Pelo excesso, tudo se perde, a máxima vale. Trabalhar o coletivo requer 'pés no chão' e conhecimento dos limites ao se deparar com situações de fragilidade. Por isso, o detentor dos três pontos no Clássico-Rei precisa se desfazer de qualquer 'poder supremo', e o derrotado da alcunha de fracasso exacerbado. Teremos um duelo memorável em 2020: caso haja empate, a discussão segue para os próximos capítulos.