Uma das corridas mais tradicionais da capital cearense, a 17ª Meia Maratona Internacional de Fortaleza 2022 reuniu milhares de atletas brasileiros e estrangeiros no último domingo (24). No entanto, vários problemas foram relatados pelos participantes durante o evento. Em diversos vídeos, é possível ver os corredores dividindo espaço nas ruas com carros e caminhões.
Veja vídeo:
Ao Diário do Nordeste, os atletas denunciaram o risco em correr ao lado de veículos de grande porte. Marcada para às 5h30, a saída foi da Muralha do Forte Nossa Senhora. O momento coincidiu com o fim de uma grande festa realizada nas proximidades. Sem o bloqueio das ruas, corredores e automóveis se misturaram nas ruas. Anderson Monteiro participou da prova. Ele registrou a situação em vídeo, mostrando o perigo ao qual os atletas foram submetidos durante o trajeto.
“Tivemos que dividir espaço com carros em várias partes do percurso. Uma prova sem balizamento, chocou com o show no Marina Park. O envelope do kit, que deveria vir com o número de peito e chip, veio vazio. O mínimo para se fazer uma corrida é o respeito com o atleta. E não teve. Nossa esperança é que um dia a prova seja organizada por quem saiba fazer corrida, que não queira somente lucrar”, disse o corredor.
Infeliz coincidência
O evento foi organizado pela empresa Mandacaru Adventure e teve apoio da Federação Cearense de Atletismo (FCAt) e da Associação Cearense das Federações Desportivas.
Para o organizador do evento, Colombo Cialdini, houve uma infeliz coincidência porque no momento da largada da corrida a festa que estava acontecendo no Marina Park havia sido encerrada. Com isso, os carros se misturaram com os atletas. "Lamentamos profundamente o ocorrido. E reiteramos que as vias estavam fechadas e sinalizadas. Porém, não houve respeito dos motoristas aos agentes da AMC e da Via Livre", disse.
Ainda de acordo com a organização, não houve qualquer incidente com os mais de 10.500 corredores da prova e que os transtornos mostrados nos vídeos são apenas dos metros iniciais da largada, ficando as vias livres para os atletas nos demais percursos estabelecidos.
"Nosso evento ocorre a 17 anos de tradição e estava devidamente certificada e regularizada pelas instituições de atletismo e com toda a documentação correta para ser executada. Tivemos mais de 10 mil atletas, com 12 corredores internacionais. Além disso, fizemos uma doação de mais de 10 toneladas de alimentos para instituições filantrópicas ao fim da corrida", destacou Cialdini.
Além da prova principal, a de 21km, de 5 e 10km também foram disputadas.
Em nota, a Federação Cearense de Atletismo (FCAt) disse que o foi um fato lamentável e que colocou em risco os participantes do evento. "Entramos em contato com o organizador da corrida e solicitamos os devidos esclarecimentos sobre o que aconteceu, porque as vias não estavam devidamente fechadas, qual foi a falha", disse Jerry Welton, presidente da Fcat.
Por fim, a Federação disse que solicitou uma reunião com as empresas e órgãos para evitar novos episódios como o do último domingo. “Está claro que alguns procedimentos precisam ser aperfeiçoados para que os participantes de corridas, sejam em áreas urbanas e/ou de maré tenham o máximo de segurança para participarem desses eventos”, finalizou.
A prova foi em comemoração aos 296 anos de Fortaleza e 374 anos do Exército Brasileiro.
Trânsito
Responsável também pela ordenação do trânsito na capital cearense, a AMC (Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania) informou que a empresa organizadora apresentou um plano antes do evento e, por isso, recebeu autorização dos órgãos competentes.
Porém, ao realizar fiscalização no local do evento, a Autarquia constatou que parte dos bloqueios das ruas estavam em desacordo com a orientação dada pelo órgão ou não existiam. A AMC disse ainda que atuou para resolver o problema e zelar pela segurança dos atletas. O órgão municipal prometeu tomar providências sobre o tema.
Veja a nota completa:
“A Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) informa que a Mandacaru Adventure realizou os trâmites necessários para a realização da Meia Maratona Internacional de Fortaleza, obtendo autorização para realização do evento por parte de todos os órgãos competentes. No entanto, a partir de vistoria realizada pelo órgão no local do evento, foi constatado que alguns bloqueios estavam em desacordo com as orientações dadas. Além disso, a largada ocorreu sem a verificação de implantação de bloqueios necessários, ação de responsabilidade da empresa organizadora da prova.
Ao verificar os problemas ocorridos, a Autarquia atuou de forma a tentar reverter a situação de forma mais breve possível, a fim de garantir a continuidade da prova e a segurança dos competidores.
Vale ressaltar que coube à AMC aprovar o percurso da prova e fiscalizar o cumprimento das obrigações e orientações dadas à organizadora, que era responsável pela implantação de bloqueio das vias e contratação de pessoal credenciado para realizar o controle de tráfego.
Agora, a AMC analisa as providências que podem ser tomadas diante da questão.”