A busca por métodos contraceptivos é uma realidade na vida das mulheres. Desde cedo, na entrada da puberdade, quem começa a ter acompanhamento ginecológico é apresentada ao mundo das pílulas. Porém, há opções com alto índice de eficácia e menos difundida: os dispositivos intrauterinos, ou DIU.
“Sem dúvidas, os DIUs são opções seguras para a saúde, com excelente eficácia contraceptiva, se enquadrando em muitos perfis e anseios femininos. Por isso, sou grande entusiasta do método”, comenta Rayanne Pinheiro, ginecologista e sexóloga.
Para além da contracepção, o DIU pode também ser usado para outras finalidades como no tratamento da endometriose, adenomiose ou em mulheres com grande fluxo menstrual.
Existem dois tipos de DIU: os dispositivos Intra- uterinos hormonais como o Kyleena (sistema intrauterino de Levonogestrel 12mcg/dia) ou Mirena (sistema intrauterino de Levonogestrel 20mcg/dia) e os não hormonais como o DIU de cobre com diversos modelos e formatos, com duração média de cinco e dez anos e o DIU de cobre com prata com duração média de 5 anos.
Considerado um dos métodos de mais eficácia, ambos têm uma taxa de falha muito baixa. O DIU de cobre tem falha de 0,6% a 0,8% ao ano, enquanto o Mirena tem de 0,2%, anualmente. Segundo estudo da Universidade de Princeton de 2018, nove das cem mulheres que utilizaram pílula, método mais difundido, engravidaram no período de um ano. O mesmo estudo avaliou a taxa de eficácia do DIU Mirena em 99,8% e o de cobre em 99,2%.
Quem pode usar?
Não há um perfil especifico ou uma idade adequada para quem quer usar o método contraceptivo DIU ou implante. A médica Rayanne afirma ter pacientes de todas as idades, como adolescentes que iniciaram a vida sexual ou mulheres adultas que não querem ter que lembrar de tomar remédios diários como os anticoncepcionais orais.
É o caso de Roberta Leite, designer e estudante de engenharia civil, faz uso do dispositivo intrauterino desde fevereiro do ano passado e está satisfeita com o método contraceptivo escolhido.
“Eu faço uso de anticoncepcional desde o início da menstruação, sempre tive fluxo elevado e muitas cólicas, e com o uso do hormônio eu melhorei as duas condições. Já tomei a pílula, mas achava muito complicado lembrar todo dia, com horário certo. Como algumas amigas estavam utilizando o DIU e os relatos eram positivos eu resolvi experimentar, afirma Roberta.
Há ainda o perfil de mulheres que optam por realizar um planejamento familiar com o objetivo de organizar a vida profissional e pessoal, pois trabalham, estudam ou são empreendedoras e não querem ser mães a curto ou médio prazo.
Por fim, existem aquelas com mais de 40 anos que precisam de baixa exposição hormonal presente no dispositivo intrauterino (DIU) e que buscam evitar outras substâncias contidas nos anticoncepcionais.
Mitos e verdades
As incertezas e dúvidas quando o assunto é escolher qual dos métodos contraceptivos usar, ainda são muitas. Especialmente em um método pouco difundido como o DIU.
Rayanne relata que, no último ano, o consumo de métodos contraceptivos convencionais como às pílulas caiu em torno de 5%. Segundo a ginecologista, muitas dessas mulheres migraram para o uso dos LARCS, métodos de longa ação e alta eficiência como os DIUS e o implante subdérmico
"O medo das mulheres relacionados a possíveis complicações do uso, principalmente dos DIUs, se deve à propagação de mitos relacionados principalmente a efeitos que ocorreram em um passado remoto com dispositivo mais antigos, bem diferentes dos que temos hoje”, ressalta a médica.
Para Roberta, a decisão de trocar de contraceptivo foi algo tranquilo. “Não tive nenhum tipo de medo, como eu já passei por outros métodos e queria fazer a mudança, eu não tive dúvida que seria necessária essa experiência”, complementa.
Os relatos relacionados a receios sobre o método, incluem uma possível movimentação do dispositivo dentro do útero.
“Esse acontecimento não é frequente e mesmo havendo essa movimentação, na maioria das vezes, não há perda significativa da eficácia do método, principalmente quando falamos de DIUs hormonais”, explica a ginecologista.
Para isso é recomendável realizar a ultrassonografia transvaginal após quatro a 12 semanas pós-inserção e repetir de forma regular a cada seis ou 12 meses para verificar a posição do DIU de forma contínua.
Após a inserção do dispositivo, Roberta comenta que sentiu cólica, algo comum no pós-operatório. Além disso, escolheu permanecer sem fazer atividade física por um tempo para não correr risco do DIU se deslocar no útero. Por fim, afirma ter realizado o exame de ultrassom para conferência da posição do aparelho.
Outra dúvida frequente relacionada ao método está associada a quem tem planos de engravidar mesmo fazendo o uso do DIU, se pode atrapalhar no futuro ou se pode chegar a atrasar o processo após retirada do dispositivo.
“Os estudos científicos demonstram claramente que as taxas de gravidez de mulheres que utilizaram DIU e as que não utilizavam são iguais após a retirada do dispositivo. Além disso, não há qualquer atraso na recuperação da fertilidade. Logo após a retirada, a mulher já pode liberar para engravidar”, salienta Rayanne.
Missão como médica
A ginecologista e sexóloga Rayanne Pinheiro resolveu levar para as redes sociais a vivência que tinha no consultório. Em seu perfil, costuma publicar diversos conteúdos de interesse feminino, principalmente as dúvidas que pairam sobre a intimidade das mulheres.
Um dos assuntos mais comentados são os tipos de contraceptivo mais se encaixam para cada paciente.
“Certamente uma das minhas missões como médica de mulheres é ofertar opções de contraceptivos que estejam em consonância com cada paciente, com seus objetivos, fase da vida, condições de saúde e desejos”, afirma.