De concurseira a influencer: conheça Mila Costa, a cearense que mostra seu dia a dia com humor

Em entrevista à série Dona de Si, Mila Costa fala da transição de carreira e de como conquistou seus mais de 200 mil seguidores

Mila Costa, que não é Camila, no caso, é Mila mesmo, se destaca nas redes sociais por sua espontaneidade e irreverência, ao mostrar seu dia a dia para seus mais de 200 mil seguidores. A digital influencer conseguiu dar a volta por cima após perder o emprego no começo da pandemia e se vê realizada com seu trabalho por ser capaz de proporcionar momentos felizes aos seus seguidores, fazendo-os sorrir mesmo em momentos difíceis.   

Cearense radicada em Recife, advogada com pós-graduação em marketing, colunista do Dário do Nordeste, casada com João Gabriel, mais conhecido como “Rapazinho”, mãe dos pets Peter e Arya e grávida de sete meses de Manoela, começou a fazer vídeos engraçados quando estudava para concurso, juntamente com os colegas concurseiros. “A gente fazia os vídeos sobre as esculhambações, sobre vida de concurso e depois voltávamos para estudar. Não existia nem Instagram”. No entanto, quando surgiu a rede social, logo deram a ideia dela fazer uma conta e publicar os vídeos, dando início ao “No Caso Concurseira”. 

O Instagram passou a ser seguido por diversos concurseiros de todo o Brasil que se identificavam com os vídeos e situações mostradas por Mila, principalmente após um vídeo ter viralizado.  

Longe de parar por aí, Mila vem conquistando fãs e seguidores a cada dia e se viu precisando tomar uma decisão a respeito do seu futuro. Era necessário decidir se continuaria estudando para concurso ou se seguiria seu coração e mudaria de carreira e de nicho no Instagram. 

Á série Dona de Si, Mila Costa conta como foi sua trajetória, a mudança de perfil, como lida com a distância da família em Fortaleza e como é sua relação com seus “cães”, apelido carinhoso dos seus seguidores. 

 

Vamos começar pela mudança de perfil. Como foi sair do perfil “No Caso Concurseira” para o “No Caso Mila”? 

Eu estava começando a decidir não fazer mais concurso, porque, na verdade, o concurso para mim era uma válvula de escape. Eu fazia Direito e queria, dentro da área, fazer alguma coisa, mas eu sempre amei outra coisa, tanto é que dentro da Faculdade de Direito, eu comecei a fazer Publicidade, que era o que eu realmente gostava. Então, teve um momento em que eu pensei que o que eu queria não era concurso, porque eu gostava de falar sobre outros assuntos, tinha momentos que eu não estava tão dedicada ao estudo. Eu quis sair da pessoa jurídica e ir pra física, mostrar o outro lado. Eu achei que eu ia perder esse nicho de concurseiros, mas eles continuaram. Não foi desistência porque não passei, e sim, porque percebi que realmente não era aquilo que queria.  Foi aí que mudei para “No Caso Mila”, para continuar falando, além de concurso, - já que eu também já fui concurseira, isso é uma coisa que não se apaga - e de outros assuntos. O “No caso concurseira” durou dois anos e, desde 2018, estou com o “No caso Mila”. 

Como foi receber o convite para ser colunista do Diário do Nordeste? E como surgem as ideias de conteúdo para a coluna?  

Quando surgiu o convite eu não acreditei. Pensei: “será que é comigo mesmo? Não é possível, pois eu falo tanta besteira”. Só que, de fato, existe o lado do dia a dia “fuleragem” e existe um lado que já gostava de escrever. Eu amei muito o convite, eu estou me achando, Amor. No primeiro dia eu já botei na minha Bio. As ideias vêm muito do meu dia a dia, quando eu estou fazendo as coisas ou falando com minha mãe e ela me fala algo ou estando aqui sozinha - fico muito tempo sozinha - aí a ideia vem.   

Quem te acompanha percebe como você é decidida e sincera em tudo que se propõe. O que te inspira? O que te faz conseguir acordar todos os dias ligar a câmera do celular para produzir conteúdo? 

O que me inspira são as mensagens positivas que recebo de pessoas que dizem que melhorou o dia após ter visto meus vídeos e que, apesar de tudo, o único motivo de sorrir foi porque viu meus stories ou quando dizem que começaram a ver meu conteúdo porque passaram por um dia péssimo e queriam se divertir ou porque perderam algum amigo para a Covid. Mérito meu? Jamais, de forma alguma. Eu acho que, de alguma maneira, se tornou uma missão. Eu não digo muito missão porque eu não gosto muito de atribuir a isso, é como se eu tivesse me colocando no lugar de salvadora e eu não sou. Mas me inspira muito que as pessoas me escrevem dizendo que é legal me ver pois se sentem melhor. O que me inspira é fazer as pessoas felizes, eu me sinto muito bem. É como se eu sempre colocasse meus pés no chão, me transformando em uma pessoa cada vez mais real e normal. 

Como é a sua relação com os seus seguidores?  

Eu vivo dizendo que eu tenho muita sorte, porque 99,5% são pessoas incríveis. Eu chamo meus seguidores de cães, de cachorro mesmo, é carinho. Eu tenho um fã clube, “o canil da Mila”. São os meus cães, eles simplesmente se juntaram no Instagram, depois fizeram um grupo e são melhores amigos. Tudo meu eles engajam, por isso que eu fico dizendo que eles são muito melhores do que eu e eu nem mereço. Como é que uma pessoa faz isso por alguém desconhecido? É muito amor gratuito, eu fico chocada, sério! Eu fico feliz e parece que eles ficam o dobro. É inacreditável você encontrar pessoas assim, eles são maravilhosos eu não sei até a maneira que eu tenho de retribuir a nível do que eles fazem por mim. Eles mandam presentes feito a mão para mim, para minha filha, ligam para os clientes, dizem que estão interessados por que me viram falando, fazem comentários, gastam o tempo deles para me ver feliz, me ver realizada, rapaz eu só posso realmente ter sido muito abençoada. 

Por falar em fã, você tem uma fã bem famosa, a Juliette! 

Sim! Ela me seguia na época do concurso, tenho até direct dela daquele período que mudei de concurseira para “No caso Mila”, em que dizia que os concurseiros iam me perder, que eu sou deles! Na live que ela fez, mandei uma mensagem brincando e meus seguidores viram e começaram a me marcar. Era uma mensagem atrás da outra. Só via meu nome. Foi quando ela falou de mim, que me seguia. A assessora dela até comentou para Juliette que estou grávida e veio me escrever depois dizendo que me segue. Foi muito legal. 

E hoje em dia, como é a sua rotina? 

Experimento os produtos, vou atrás de ver e de testar tudo. Eu realmente faço só o que eu acredito. Eu faço meus horários baseado nos meus clientes. Eu vou ter a Manoela em julho, mas eu estou conseguindo fazer tudo porque estou bem nesse sétimo mês. Só quando meu marido pede para eu fazer alguma coisa, eu digo que estou com um pouquinho com dorzinha nas costas, mas aí é coisa rápida, que passa. Brincando, a verdade é que eu sinto esses incômodos, mas geralmente é na hora de dormir, durante o dia eu estou me sentindo bem mais disposta do que no começo da gravidez. Eu não sou muito organizada na vida, mas no trabalho eu sou, assim não organizada de fazer uma planilha no Excel, mas eu descobri que, se você não se organizar o mínimo, vai dar merda. Eu sou mais comprometida do que organizada, sempre entrego a mais que o cliente pede, se eu acho que eu não está o suficiente, eu entrego mais porque eu quero, gosto que o cliente olhe para mim e diga: “vamos trabalhar contigo de novo, porque foi muito bom, teve resultado”. E minha equipe toda é uma assessora. E é o que tem para hoje mesmo.    

A pandemia te afetou de alguma forma, seja positivamente ou negativamente? 

Eu trabalhei até fevereiro do ano passado em uma empresa, fiquei muito triste por perder a estabilidade que tinha. Depois disso, fiquei sempre em casa, 24 horas, e o que tinha para mostrar era minha vida real mesmo.  

Acabou que virou uma espécie de “reality show”. Não que o Boninho vá aparecer aqui em casa, mas eu pensei: “O que eu tenho hoje? Meu Instagram, amor, então vamos lá!”. Passei a me dedicar com o intuito de conseguir mais parcerias e foi o que aconteceu. Então a mensagem que eu tenho a dizer é: nunca saia do seu emprego. Brincadeira. 

Durante a pandemia, eu era a pessoa que estava sendo vista. Acho que, nesse aspecto, das pessoas estarem mais em casa, me favoreceu horrores. Contudo, as pessoas foram voltando, não ao normal, porque a gente não está normal ainda, mas elas continuaram a me ver. Eu cresci muito durante o período, eu tinha 115 mil antes da pandemia. 

Conta como começou a sua história com o Rapazinho?  

Rapazinho é pernambucano, mas foi transferido para trabalhar em Fortaleza. Nesse meio tempo a gente se conheceu. Eu estava num bar “risca faca” porque eu fui obrigada a ir, era o aniversário da minha prima. Por que? Porque o solteiro é obrigado a fazer essas coisas. Ele era frequentador assíduo do lugar. Então a gente se conheceu e com cinco meses de namoro, ele recebeu a proposta para voltar a Recife e eu falei que não ia ficar namorando a distância. Nem a pau! Eu não sou nem obrigada, eu com 32 anos, namorando a distância, nada contra idade, mas eu já namorei a distância a minha vida inteira. Não tinha a menor estrutura psicológica mais. Então, bem naturalmente ele disse para eu vir. Bem naturalmente, depois de uma pressão incrível! E eu ainda disse que queria a data de noivado, porque não queria ficar amancebada a vida inteira.  Na verdade, nosso casamento estava marcado para setembro do ano passado, mas adiamos por causa da pandemia. Claro que eu vou casar! Nada contra quem é amancebado, mas eu quero casar. A parte pior do casamento eu já vivo que é a convivência, eu quero a festa. Eu quero subir no pau de sebo e encher a cara e eu não vou fazer? Tu é doida, é?    

Como é o dia a dia de vocês com relação ao seu trabalho nas redes sociais? 

Rapazinho é mega simpático, ele só não gosta de câmera, não gosta de aparecer, mas ele fala! Tem gente que acha que ele é mudo. É muito raro ele interagir, quando ele interage é porque alguma coisa aconteceu, não sei, deu uma doida, deu um surto, como no vídeo da dança do Xand. 

Mas assim, ele um dos caras mais companheiros, que eu já vi, não é nem só com quem me relacionei, é que eu já vi mesmo. Muito parceiro, as coisas que ele faz, ninguém vê. Eu vou gravar um vídeo, ele não aparece, mas quem ajeitou a câmera, quem gravou, quem foi pesquisar qual era a melhor luz foi ele. Eu vou lançar uma linha de batons agora em junho e é ele que está indo atrás de questões fiscais, indo atrás de tudo. Nos bastidores ele me ajuda muito. As pessoas ainda não entenderam que cada um tem uma maneira de amar e demostrar diferente, isso não significa aceitar qualquer coisa. Eu acho que as pessoas realmente gostam de acreditar em algo que é visto, elas não querem mais se dar o trabalho de olhar o que acontece nos bastidores daquela relação. As pessoas ainda comentam: “Mila ele não ri!”. Como é que ele não ri? Eu filmo o menino 10 segundos, uma vez por mês. Como é que a pessoa conclui isso? Mas em compensação, tem outras pessoas que falam: “meu Deus do céu, não tem homem assim mais nesse mundo”. Ele é super companheiro em todos os aspectos. De madrugada, eu levanto várias vezes para fazer xixi e toda vez que eu levanto, ele acorda também perguntando se estou bem. São coisas que ninguém filma e nunca será filmado, mas ele é muito parceiro e eu sempre quis uma pessoa assim. 

Ele é muito parceiro e isso é tão subjetivo que se eu for botar uma câmera aqui ainda não vai dar para entender tudo. De acordo com as linguagens do amor, a dele é o de serviço e eu sou de palavras. Ele busca me agradar e eu busco fazer o que ele gosta. A gente tem uma sintonia muito grande de parceria.  

Você comenta no seu Instagram sobre sua família aqui em Fortaleza. Como era o convívio quando morava aqui? 

Minha relação era maravilhosa quando eu morava Fortaleza. Assim, tinha dias que era horrível que eu queria sair de casa para sempre e quando eu morresse eles iriam me dar valor (risos). Eu e minha irmã somos totalmente diferentes: é água e vinho. Ela parece a Madre Tereza de Calcutá e eu, coitada! Não sei o que mamãe fez na criação, que foi a mesma, não sei o que foi que deu errado, na mais nova. A gente era muito diferente, mas depois que os meninos nasceram a gente recriou um vínculo, eu não sei explicar como foi isso. Ela tem 3 filhos e quer ter o quarto. E eu acho o máximo e tenho cada vez mais vontade de defender e incentivar que ela tenha mais filhos e dizer que o “bicho” é dela, que ela transa quantas vezes ela quiser, que o dinheiro é dela, que ela tem TV sim, mas prefere transar. Eu gosto dessa defesa e dessa ligação que a gente criou. Eu quero ter uma “ruma” de menino também. La em casa mamãe só teve duas, agora vai ter o quádruplo de netos. Porque, por mim, eu tenho um bocado também. O povo começa: “deixa nascer para tu ver se tu vai querer”. Pois tá bom! Pois quando nascer eu digo! Oh inferno! É não, respondo assim não. Só digo: “está bom, obrigada pelo toque”.    

Do que você mais sente falta em Fortaleza? 

Eu sinto muita falta de duas coisas. De perder essa fase de crescimento dos meus sobrinhos que são pequenos. Depois que é adolescente não, fica cinco anos insuportável, mas nessa idade que você está aprendendo a falar, andar e tudo mais, passa muito rápido. E o envelhecimento dos meus pais que também passa muito rápido. Então são duas coisas que me machucam muito, mas é uma escolha. As pessoas precisam se adaptar as escolhas, ter a consciência que a escolha foi minha, e só às vezes culpar a pessoa do lado, mas só uma vez a cada seis meses mesmo. Eu vivo dizendo que foi rasgado um pedaço de mim desde que saí da casa da minha mãe em Fortaleza para vir morar em Recife. Eu convivo bem com esse pedaço rasgado, é como se fosse um órgão que vivesse por si só rasgado, mas continua funcionando.

Aqui em casa eu tento colocar tudo o que eu fazia na casa da minha mãe, para que eu consiga ter uma extensão do que era lá. Eu tento trazer o que a gente tinha lá pra cá, porque eu quero que meus filhos, quando eles voltarem para Fortaleza ou para perto da minha família, eles já se sintam parte de uma coisa que eles já são a parte, um complemento. 
 

Para finalizar, você se considera Dona de Si? 

Me sinto sim “Dona de mim”. Iza total! Solta música da Iza..