Você provavelmente já assistiu a algum filme internacional com menção ao “Valentine’s Day” ou “Dia de São Valentim”. É com balões de coração para todos os lados, jantares românticos, trocas de cartões e presentes e declarações apaixonadas que a indústria cinematográfica costuma retratar esta data, por aqui reconhecida como o Dia dos Namorados.
Uma das diferenças básicas do exterior em relação ao Brasil, porém, é exatamente o dia escolhido para esta celebração. Em países como Estados Unidos, Japão, África do Sul, Austrália e ainda boa parte da Europa, o romantismo está aflorado em 14 de fevereiro, enquanto os brasileiros estão mais do que acostumados ao 12 de junho.
Mas quem é o tal São Valentim?
Há pelo menos três São Valentins conhecidos na história, incluindo um africano e outro que atuou como bispo em Terni, na Itália; mas aquele cuja biografia foi mais dinfundida era um padre que viveu em Roma durante o governo de Cláudio 2, no século 3.
Naquele período, os casamentos estavam banidos, pois o imperador acreditava que os homens solteiros e sem responsabilidades familiares serviriam melhor ao exército romano.
Contrário ao posicionamento de Cláudio 2, Valentim seguiu abençoando as uniões clandestinamente, organizando cerimônias em segredo, até que foi descoberto e preso por descumprir as ordens.
Conta-se que o local indicado para a prisão foi a casa do prefeito de Roma, que era pagão e tinha uma filha cega. São Valentim teria então curado a jovem e convertido toda a família. Mas, ao tomar conhecimento do caso, o imperador mandou que ele fosse açoitado e decapitado na via Flamínia.
Dois séculos depois, em 14 de fevereiro de 496, o papa Gelásio I instituiu, em homenagem ao mártir, o Dia de São Valentim. A atitude foi também uma tentativa de ressignificar uma festa tradicional pagã conhecida como Lupercália (em homenagem ao deus Lupercus), que acontecia em meados deste mês para celebrar a fertilidade e a chegada da primavera.
Desde 1969, porém, o Dia de São Valentim não é mais oficialmente celebrado pela Igreja Católica. A decisão foi publicada em carta pelo papa Paulo VI. Naquele ano, vários santos foram retirados do calendário em virtude da precariedade de comprovações históricas.
Junho de Santo Antônio e João Dória
Mas já que tantas tradições de fora são importadas para o Brasil, por que justo o Dia dos Namorados mudou de data quando chegou aqui? A resposta até pode flertar com a proximidade ao 13 de junho de Santo Antônio, popularmente conhecido como o santo casamenteiro, mas a verdade é que há por trás disso uma estratégia comercial.
Em 1948, o publicitário João Dória, pai do atual governador do Estado de São Paulo, teve sua agência Standart Propaganda contratada pela loja Exposição Clipper para melhorar o resultado das vendas em junho, mês considerado fraco para o comércio naquele período.
Datas como o Dia das Mães, em maio, inspiraram a criação do Dia dos Namorados brasileiro, que acabou se afastando do fevereiro de São Valentim e, sem acasos, do carnaval geralmente celebrado neste período.
Entre os slogans da campanha de João Dória estavam: "Não é só com beijos que se prova o amor!" e "Não se esqueçam: amor com amor se paga". A iniciativa foi considerada a melhor do ano pela Associação Paulista de Propaganda e se fortaleceu nos fevereiros seguintes em todos os estados brasileiros.
É devido a isso que, até hoje, o 12 de junho simboliza aquecimento para o comércio nacional e, por que não dizer, também para os corações.