Aliando determinação à disciplina, um estudante de 13 anos foi primeiro lugar no vestibular para o curso de administração da Universidade Estadual do Ceará (Uece), no semestre de 2021.1. Caio Temponi foi aprovado ainda, em 2020, na classificação máxima da Escola Preparatória de Cadetes do Ar (Epcar), em Minas Gerais, ao acertar todas as questões da prova e consagrar-se como a pessoa mais jovem a passar no processo.
Apesar da felicidade em torno da conquista, Caio pretende continuar estudando para cursar direito, pois o seu grande sonho é virar juiz federal. “Eu decidi optar por essa profissão, porque é algo que te garante estabilidade financeira e também eu gosto, né? Para ter um país melhor, poder ajudar as pessoas que precisam também”, relata.
Atualmente, o desejo de ajudar o próximo já se concretiza no cotidiano de Caio. O garoto decidiu dar aulas de modo gratuito a outros alunos do Brasil por meio de um canal no YouTube. “Eu fico bastante feliz de poder compartilhar o meu conhecimento e ajudar outras pessoas também a conseguirem seus sonhos. Quem gosta de matemática, pode aprofundar mais, quem gosta de fazer olimpíada, concursos militares”.
Ao comentar dicas para as pessoas obterem o melhor desempenho, o estudante relata que é importante estudar com qualidade e não com quantidade. “Estudar como você pode e também fazer as horas trabalharem a seu favor, estudar bem”.
Medalhista de ouro
De acordo com a mãe do adolescente, Laurismara Martins Temponi, ele também foi medalhista de ouro na Olimpíada de Mayo Nível 1, tornando-se o único brasileiro a levar a conquista na edição, que contou com a presença de competidores de outros 12 países. Esta disputa internacional, na área matemática, é voltada a alunos do ensino fundamental e médio.
“Ele passou e foi o único medalhista de ouro do Brasil, com 44 pontos. A maior nota da competição de todos os países. Se eu não me engano, o segundo tirou 34 pontos, então são 10 pontos abaixo dele”, detalha.
Adiantamento escolar
Laurismara explica ainda que tudo começou quando Caio tinha entre cinco e seis anos de idade. O seu conhecimento o fez avançar três séries escolares ao longo dos anos. “Ele sempre, desde novinho, teve muita facilidade em aprender. Nós levamos ele numa neuropsicóloga pra avaliação e foi constatado que o QI [Quociente de Inteligência] dele era alto”.
“Então ele pulou o primeiro ano do Ensino Fundamental I, o terceiro ano e o oitavo ano do Ensino Fundamental II. A gente sempre foi acompanhando ele para o que ele precisava. Graças a Deus eu e meu marido nunca erramos com ele, a gente vê muito o que ele precisa no momento, tudo é muito pensado, muita responsabilidade”, continua.
Rotina de estudos
Ao relatar a rotina de estudos do filho, Martins Temponi pontua que o garoto tem algumas aulas de olimpíadas pela manhã e à noite, em alguns dias da semana. No período da tarde, ele frequenta o 1º ano do Ensino Médio em uma turma preparatória para o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). “Ele faz aulas de inglês também, já é fluente, vai tirar agora o CAE [sigla em inglês para Certificado de Inglês Avançado], que é a penúltima prova da Cambridge”.
Além disso, o acompanhamento familiar sempre esteve presente no dia a dia do adolescente. “O meu marido, desde quando o Caio era muito novo, sempre fez um planejamento com ele. Ele não pulou nenhuma fase, sempre teve aquele acompanhamento de matérias muito certinho”, explana Laurismara.
“Meu marido dava uma matéria de matemática, por exemplo, pegava o mais fácil e depois ia nos exercícios do Enem e colégios militares até chegar no ITA. Quando meu marido via que ele já sabia tudo, aí ia pra próxima matéria”.
Diversão também faz parte
Apesar de ter grande facilidade com os estudos, a mãe explica que o menino é uma criança normal, que investe também em brincadeiras. “Agora, na pandemia, ele não pode brincar muito, a gente tem algumas restrições que a gente tem que fazer. Então, assim, a gente evita sair e ir pra lugares públicos”.
Segundo Caio, além de estudar, ele adora jogar xadrez, futebol e praticar pingue-pongue com o pai. “Eu não tô conseguindo jogar futebol por enquanto por causa da pandemia, mas eu gosto bastante dessas atividades”.
A família, natural da cidade de Três Rios, no estado do Rio de Janeiro, passou quatro anos em Juiz de Fora e veio morar em Fortaleza no final do ano passado, a fim de investir ainda mais nos estudos do jovem. "Nós viemos para dar um futuro melhor pra ele”, finaliza Laurismara.