Em meio ao aumento de atividades realizadas pela internet durante a pandemia, como aulas remotas e reuniões, a Central Única das Favelas (Cufa) desenvolveu a iniciativa de distribuir chips de internet para cerca de 5 mil favelas em todo o Brasil. No Ceará, devem ser entregues pelo menos 12 mil chips em aproximadamente 40 comunidades na capital.
A ação vai beneficiar ainda outros municípios como Juazeiro do Norte, Sobral, Aracati e Maracanaú. Conforme o presidente global da Cufa, Preto Zezé, as distribuições no Estado terão início a partir do dia 16 de outubro.
A iniciativa faz parte do Projeto Mães da Favela, com foco no grupo de mulheres com filhos, que estão sem renda ou emprego. Representantes comunitários da Cufa realizam a ponte entre a iniciativa e os moradores.
Dentre os bairros e comunidades contemplados pelo recebimento estão: Barroso II, Pantanal, Couto Fernandes, Conjunto Esperança, Conjunto Palmeiras, Pici, Barra do Ceará, Gengibre, Verdes Mares, Sapiranga, Lagamar, Cidade de Deus, Babilônia, Portelinha, Pirambu, Poço da Draga, Riacho Doce, Rosalina, Serrinha e Bom Jardim.
"Isso garante que as as pessoas tenham acesso a informação, que é uma coisa muito importante para as pessoas para vários aspectos”, afirma o presidente da Cufa.
Para Preto Zezé, o projeto possibilita o acesso para mães e filhos realizarem atividades de busca, de estudo e até de trabalho em meio a pandemia. Com o chip, acredita que os moradores poderão criar ou até fortalecer negócios já existentes.
“Além do coronavírus ser um problema de saúde, também virou um problema econômico e o impacto que a gente espera é que possamos produzir uma conectividade nesses territórios mais vulneráveis, fortalecer essas mães, seus filhos e aumentar o acesso à educação”, acrescenta.
Impacto
No Ceará, já foram entregues cerca de 42 mil cestas básicas e mais de 3 mil cartões “vales mães”, para compra de alimentos em supermercados. Para os próximos meses, além da distribuição de 12 mil chips, também desejam entregar mais 12 mil cestas básicas.
Além de ter sido beneficiada com cesta básica, a vendedora ambulante e confeiteira, Maria Vandeisa de Sousa, 43 anos, também se cadastrou para receber o chip. Mãe de dois filhos, Francisco Igor e Manuel Alan, de respectivamente 16 e 21 anos, compartilha que a doação facilitará os estudos e o contato com a escola do ente mais novo.
“Hoje em dia não dá certo acompanhar nem as reuniões escolares dele, porque não tem como. É muito difícil o acesso. Às vezes os amigos tem e a gente se apoia para conseguir ver”, explica Maria.
Mães da Favela
O Projeto Mães da Favela foi lançado em abril deste ano com o objetivo de realizar distribuições de cestas básicas para mães, selecionadas a partir das lideranças regionais da instituição e respeitando a ordem de necessidade. Além da Cufa, também participam a Comunidade Door e Alô Social. A distribuição do chip é uma continuação dessas ações.
Em Fortaleza, a Cufa também realizou outras iniciativas, como transferência de renda no valor de R$ 240 e distribuição de ovos e de botijão de gás. Para a dona de casa, Roseane de Jesus Cardoso, 35 anos, essas ações voltadas para as favelas da capital são muito necessárias, principalmente em um momento de crise.
“Para a gente que mora em favela foi maravilhoso, porque a gente já não tem tanto, e o projeto abraça as pessoas e também as mães que não trabalham. Foi uma ajuda boa”, finaliza.