Febre, dor de cabeça, tosse, "moleza"... Esses são alguns dos sintomas das síndromes gripais que aumentam durante o período chuvoso no Ceará, e as crianças, de até 9 anos, são 20% dos casos recebidos nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Fortaleza, em abril, até o momento.
Entre o dia 1º e 14 deste mês, 882 pequenos precisaram de assistência médica nas unidades. Ao todo, 4.362 atendimentos foram feitos por causa das viroses, como registra a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa). Os casos são de infecção viral causada por diferentes agentes, que levam a gripes, pneumonias e até a insuficiência respiratória.
Abril, em duas semanas, já superou todo o mês de fevereiro (4.234) e janeiro (3.473) em relação às síndromes gripais. Em março, o total de atendimentos do tipo nas UPAs foi de 7.027 casos.
Os casos podem ser ainda maiores do que o registro disponível já que algumas unidades, como a UPA do Bom Jardim, a do Cristo Redentor e a do Vila Velha, não aparecem com dados atualizados desde janeiro deste ano.
O balanço disponível mostra que os maiores números de atendimentos neste mês acontecem na Upa do Canindezinho (1.292), Upa do José Walter (768) e na Upa da Praia do Futuro (718).
Sintomas gripais:
- Febre repentina
- Calafrios
- Dor de garganta
- Dor de cabeça
- Tosse
- Coriza
- Ausência e/ou dificuldade em perceber cheiro/sabor
A médica pediátrica Vanuza Chagas, em entrevista ao Diário do Nordeste, explica que o aumento de casos é esperado até maio, quando acontece o fim da quadra chuvosa. "Estamos vendo um grande número de casos de bronquiolite, inclusive, levando bebês e crianças a internamentos. No público idoso, temos relatos de infecção pelo vírus sincicial respiratório", completa.
Quem está com sintomas gripais precisa manter o isolamento para evitar a propagação das doenças. "Ficar em casa e não frequentar ambientes com outras crianças, principalmente os ambientes fechados, não ir para a escola", detalha Vanuza. Mas, quando é a hora de buscar ajuda médica?
"Os pais precisam ficar alertas para os casos de febre persistente por mais de 72h, a desconforto respiratório, criança que recusa alimentação e tem diarreia, vômito ou dor abdominal", lista.
O mais recente Boletim InfoGripe, elaborado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e publicado na última quinta-feira (11), alerta para o aumento da infecção por Vírus Sincicial Respiratório (VSR) e da influeza. No País, isso causa um aumento não só da incidência da doença como da mortalidade por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) nas crianças pequenas. Ao todo, 18 capitais, incluindo Fortaleza, estão com sinais do crescimento de casos de SRAG.
Síndromes gripais em bebês
Entre os pequenos, os bebês e as crianças de até 4 anos são ainda mais afetadas pelos vírus respiratórios. Já na faixa etária dos adultos, o público entre 20 e 29 anos concentra os casos.
Os casos aumentam em meio à campanha de vacinação contra a influenza que acontece há um mês – desde o dia 11 de março – e segue até 31 de maio. Neste ano, a vacinação foi antecipada devido ao tradicional aumento de casos na quadra chuvosa do Estado.
Já podem receber o imunizantes as crianças de 6 meses a menores de 6 anos de idade, os idosos a partir de 60 anos e gestantes, por exemplo. As vacinas estão disponíveis em postos de saúde de todo o Estado. Confira a lista completa:
- Crianças de 6 meses a menores de 6 anos de idade (5 anos, 11 meses e 29 dias);
- Idosos a partir de 60 anos;
- Trabalhadores da Saúde;
- Gestantes e puérperas;
- Professores do ensino básico e superior;
- Povos indígenas;
- Pessoas em Situação de Rua;
- Profissionais das Forças de Segurança e Salvamento;
- Profissionais das Forças Armadas;
- Pessoas com doenças crônicas não transmissíveis e outras condições clínicas especiais, independentemente da idade;
- Pessoas com deficiência permanente;
- Caminhoneiros;
- Trabalhadores de transporte coletivo rodoviário para passageiros urbanos e de longo curso;
- Trabalhadores Portuários;
- População privada de liberdade e funcionários do sistema de privação de liberdade;
- Adolescentes e jovens de 12 a 21 anos de idade sob medidas socioeducativas.
A meta de vacinação contra a gripe no Ceará é de 3.292.017 pessoas dos grupos prioritários e, até o momento, foram aplicadas 608.819 doses, o que corresponde a 21% do total. As crianças apresentam a maior adesão com 23%, conforme a Secretaria da Saúde.