Quando o assunto é trânsito, andar com segurança é mais importante do que andar rápido. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a velocidade excessiva é a causa de uma em cada três mortes por acidentes de trânsito em todo o mundo. Por isso, medidas como a readequação de velocidade estão sendo adotadas em Fortaleza, desde 2018, e trazendo impactos positivos para a segurança viária.
Pesquisa feita pela Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) aponta que a média de acidentes com mortes em Fortaleza caiu 64,5% em vias que tiveram a velocidade readequada entre 2018 e 2020. O estudo considerou as avenidas Presidente Castelo Branco, Osório de Paiva, Francisco Sá, Coronel Carvalho, Augusto dos Anjos, Frei Cirilo, Gomes de Matos e Alberto Magno. Nestas últimas quatro vias, não houve registro de morte.
A redução de velocidade de 60 km/h para 50km/h já foi executada em 50 vias da Capital, segundo a AMC. A medida é implementada após estudos que têm como base critérios de acidentalidade viária e volume de tráfego. “Quando a gente começa a fazer a implementação, as pessoas tendem a ter um comportamento de uma velocidade menor do que o 50km/h, já obedecendo a sinalização. Isso diminui muito os riscos de mortalidade e de sinistros”, observa André Luís Barcelos, gerente de educação para o trânsito da AMC.
Em avenidas como a Av. Presidente Castelo Branco, mais conhecida como Av. Leste Oeste, primeira a ter a velocidade reduzida, a diminuição de vítimas fatais foi de 78%. De acordo com estudo da Autarquia, o melhor resultado foi da Av. Gomes de Matos, que teve redução de 83% no quantitativo de atropelamentos.
De acordo com Professor Flávio Cunto, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Transportes (PETRAN) da Universidade Federal do Ceará (UFC), a readequação da velocidade em várias vias arteriais de Fortaleza tem como objetivo reduzir a energia no momento que houver colisões. “É impossível prevenir todos os sinistros, entretanto, caso ocorram e se ocorrerem com energia baixa (velocidade) as chances de sobrevivência e de severidades baixas são altas”, argumenta.
Estudos apontam que ao reduzir a velocidade, o motorista consegue reagir mais rápido e, no caso de colisões ou atropelamentos, as chances de mortes são reduzidas. Segundo a OMS, a readequação da velocidade de 60 km/h para 50 km/h aumenta em dez vezes a chance de uma pessoa atropelada sobreviver. “Em um atropelamento que ocorre a 60 km/h, a chance de sobrevivência é de 15% a 10%. Se esse mesmo atropelamento ocorrer a 30km/h ou 40km/h a chance de sobrevivência é de 60% a 70%”, afirma Flávio Cunto.
E para quem pensa que a redução pode causar atrasos no deslocamento, o professor explica que a medida torna o fluxo mais fluido. “A redução de 60km/h para 50km/h traz uma homogeneidade para o fluxo. As pessoas passam a ter uma velocidade mais próxima uma das outras. Com a velocidade máxima a 60km/h, tem veículos a 30km/h, outros a 60km/h ou 65km/h. Mas quando a gente limita a 50km/h, essa variação entre veículos diminui, o que torna o trânsito mais fluido. É como se uma onda, mais homogênea”, explica.
Projeto Mobilidade Urbana
O Sistema Verdes Mares (SVM) lançou o projeto Mobilidade Urbana 2022, com patrocínio da Assembleia Legislativa do Estado do Ceará (ALCE) e apoio da AMC. Por meio de uma série de programas veiculados na TV Diário, o tema é discutido pelo olhar de especialistas locais e de outras partes do Brasil. As transmissões ocorrem de segunda a sexta-feira, às 22 horas; sábados e domingos, às 13h e 17 horas. Todos os episódios ficarão disponíveis no canal do Youtube da emissora. Confira.