Primeira travesti doutora do Brasil denuncia casos de assédio e transfobia na Unilab de Redenção

Luma Nogueira Andrade relata que tem sofrido sanções da reitoria da universidade

A professora Luma Nogueira Andrade, recém-eleita ao posto de diretora do Instituto de Humanidades (IH), o maior da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), denuncia uma série de práticas de assédio, transfobia e perseguição que ela estaria sofrendo na Instituição de ensino. 

Ela, que é a primeira travesti doutora do país, conta que os ataques tiveram início quando ela se candidatou ao cargo e se intensificaram após a docente sair vencedora do pleito. As denúncias foram realizadas nesta quinta (12), no auditório do Campus da Liberdade da Unilab, localizado na cidade de Redenção.

Durante o ato, Luma contou que antes mesmo de sua posse, “a atual gestão da Reitoria desmontou completamente o órgão e tomou uma série de medidas que inviabilizariam o pleno funcionamento do espaço”. 

“O sucateamento do IH não ocorre por incapacidade ou ingerência de minha atuação como diretora, como tentam disseminar, mas pelo cerceamento que tenho vivenciado, que afeta não apenas a minha pessoa, pois vai além, ao causar prejuízos irreparáveis e cumulativos às coordenações de cursos, servidoras/es terceirizadas/os e discentes”, desabafa. 

Em carta pública, Luma Andrade narra que a antiga diretoria teria se negado a realizar a transição para a nova gestão. Além disso, ainda segundo a docente, a gestão da Universidade teria removido a totalidade dos técnicos administrativos (TAEs) do Instituto para a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPPG).  

A administração se negou, ainda na versão de Luma, a apresentar o Plano de Gestão Anual e a entregar o domínio do perfil do Instagram oficial do Instituto. A reportagem do Diário do Nordeste tentou contato, por telefone e e-mail, com a Unilab, no entanto, não houve retorno até a publicação desta matéria.  

A precarização da unidade acadêmica causa, na avaliação da nova diretora, “prejuízo no serviço administrativo de todos os cursos, docentes e discentes vinculados”. Os ataques direcionados à docente, seria na ordem de “assédio moral e até mesmo transfobia”, destaca a professora. 

Lacuna 

Outra denúncia feita pela nova diretora do IH diz respeito à redução no quantitativo de servidores que atuem no do Instituto de Humanidades. Ela teria solicitado técnicos e outros servidores, mas não foraa atendida. “Foi disponibilizado apenas duas estagiárias, que não suprem a demanda de recursos humanos”. 

Com isso, ainda segundo Luma Andrade, a falta de recursos e profissionais afeta diretamente o pleno funcionamento do Instituto. “Para piorar a situação, os poucos profissionais disponíveis, entre eles duas funcionárias grávidas, estão sobrecarregados, não dando conta da grande demanda”, completa.