Conheça 6 espécies de dinossauros que já viveram no Sertão cearense; veja imagens

Um dos fósseis está depositado no Museu de Paleontologia de Santana do Cariri

Uma região seca, com predominância do bioma Caatinga e cujo os volumes de chuvas tendem a ficar abaixo da média. Esta é a composição da região do Sertão cearense. Mas, nem sempre foi assim.

Há milhares de milhões de anos, o clima era outro e, inclusive, os animais que ali habitavam, também. Se hoje o Sertão é povoado por animais de pequeno e médio portes, no passado, eram gigantes quem dominavam a região.

Grandes e pesados ou pequenos e ágeis. Dinossauros, das mais variadas espécies, viveram no Sertão cearense, especialmente no Sul do Estado, onde hoje conhecemos como Bacia do Araripe.

O Diário do Nordeste reuniu as seis espécies descritas na Bacia que, segundo pesquisas científicas, habitaram o Sertão cearense. Faremos agora uma viagem no tempo. Ative sua imaginação e se transporte para a época em os caçadores podiam pesar até duas toneladas.

Santanaraptor Placidus

O nome Santanaraptor é uma homenagem ao local onde seu fóssil foi encontrado - na cidade de Santana do Cariri - e Placidus homenageia o fundador do Museu de Paleontologia do Município, Plácido Cidade Nuvens.

Foi um pequeno dinossauro 'Tyrannoraptor', da mesma linhagem dos mais famosos dinossauros carnívoros. A espécie viveu há aproximadamente 115 a 108 milhões de anos, durante o período Cretáceo Inferior. 

Ele media cerca de 2,5 metros de comprimento e 1,3 metros de altura, podendo pesar quase 20 quilos. Tinha longos braços, três dedos em cada uma das mãos e membros posteriores bem finos. Essa espécie vivia em pequenos grupos familiares, composto pelo casal e filhotes. 

Aratasaurus Museunacionali

O exemplar foi encontrado entre as cidades de Nova Olinda e Santana do Cariri. Ele é mais antigo do que o Santanaraptor. O fóssil foi batizado em homenagem ao Museu Nacional, cujo palácio na Quinta da Boa Vista foi destruído pelo incêndio em 2018.  Por isso, seu nome foi criado a partir da junção dos termos "Ara" e "Ata" que na língua Tupi significa 'nascido' e 'fogo'.

Este dinossauro era um animal de médio porte, chegando aos 3,12 metros e podendo ter pesado até 34 quilos. Pelas dimensões da pata e recorrendo a espécies evolutivamente próximas que são mais completas, a equipe chegou à conclusão de que se tratava de um animal de médio porte, chegando aos 3,12 metros e podendo ter pesado até 34,25 quilos.

Mirischia Asymmetrica

Essa foi uma pequena espécie de dinossauro também do período cretáceo, que viveu há cerca de 110 milhões. Era um animal emplumado, bípede, pequeno e bastante ágil. Esse dinossauro media cerca de 2 metros de comprimento e 1 metro de altura, pesando quase 7 quilos.

Foi batizado com a combinação da palavra em latim 'Mir', que significa maravilhoso, e 'Ischia', palavra grega que se refere a todos os ossos da pélvis. Já o nome da espécie, asymmetrica, diz respeito ao ísquio esquerdo do réptil ser diferente do ísquio direito, apresentando uma assimetria.

Ubirajara Jubatus 

Ele foi descrito por pesquisadores da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido. Seu nome é uma homenagem a entidade Tupi Ubirajara (Guerreiro da Lança). O animal foi o primeiro dinossauro não aviário a ser encontrado no antigo supercontinente de Gondwana com pele preservada.

Essa espécie viveu há 110 milhões de ano, entre o Ceará, Pernambuco e Piauí. O animal se destaca pela presença de duas estruturas rígidas feitas de queratina em cada lado dos seus ombros. 

Conforme pesquisadores, as estruturas eram algum tipo de ornamentação própria do animal a ser utilizada para atrair parceiros ou assustar inimigos. 

Irritator Challengeri

Esta é uma grande espécie que viveu no final do Cretáceo a 110 milhões de anos, onde hoje é o Sertão do Cariri. Ele tinha o porte médio e se alimentava de peixes e outros animais de pequeno porte, como tartarugas, répteis e até pterossauros. O Irritator podia medir até 8 metros de comprimento, com 3 metros de altura e pesando até 2 toneladas. 

"Uma dos regiões mais importantes do mundo"

Diante de um número tão expressivo de dinossauros que habitaram, há milhões de anos, a Bacia Sedimentar do Araripe, no Sul do Estado, uma vultosa quantidade de pesquisas científicas passou a ser realizada de modo a tentar entender a evolução da geologia. A coordenadora de geodiversidade do Geopark Araripe, Maria Edenilce Peixoto, avalia, inclusive, que a região é uma das mais importantes do mundo nesta seara. 

"É uma das principais do mundo em termo de paleontologia, tanto pela quantidade de fósseis achados aqui, como pelo excelente grau de preservação. Só de dinossauros, foram descritas seis espécies", pontua Edenilce. Para garantir sustentação a estas pesquisas científicas e, foi criado, em 1985, o Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, que mais tarde viria a ser doado à Universidade Regional do Cariri (Uurca).

O Museu de Paleontologia mantém projetos de escavações permanentes de fósseis em toda a Bacia do Araripe, bem como coleta sistemática de fósseis nas frentes de escavações do calcário laminado, nos municípios de Nova Olinda e Santana do Cariri. 

O Museu tornou-se propulsor da pesquisa paleontológica, na divulgação da ciência e no apoio à cultura do Cariri. Contudo, mesmo com a estrutura e sua relevante importância, dos seis fósseis descritos na região, apenas um ficou no Museu.

"É algo contraditório. Os fósseis são encontrados na região e, portanto, espera-se que fiquem na região. Eles são uma ferramente científica mas, antes de tudo, uma ferramenta de desenvolvimento local e de sensação de pertencimento", critica Edenilce.

Na tentativa de reparar esse erro "histórico", o Geoparke Araripe, que neste mês completa 16 anos, tem atuado ativamente no resgate de fósseis espalhados pelo mundo. "Há campanhas de repatriação de diversos fósseis. Inclusive, 1 mil serão repatriados da França, além de existir negociação em andamento de outros fósseis", acrescenta a coordenadora.

O atual acervo do Museu - equipamento pertencente ao Geopark Araripe - abriga vários grupos de fósseis, dentre eles, plantas, moluscos, artrópodes (crustáceos, aranhas, escorpiões e insetos); peixes (tubarões, raias e diversos peixes ósseos), anfíbios e répteis (tartarugas, lagartos, crocodilianos, pterossauros e dinossauros). Todo esse material fossilífero é proveniente, principalmente, das Formações Missão Velha e Santana (membros Crato, Ipubi e Romualdo) da Bacia do Araripe.

Principais objetivos do Geopark Araripe:

  • Proteger e conservar os sítios de maior relevância geológica/paleontológica, territorialmente denominados geossítios;
  • Possibilitar o conhecimento e a divulgação dos registros arqueológicos de povoamento ancestral da região;
  • Intensificar relações com todo um espectro de atividades (científicas, culturais, turísticas e econômicas), com ênfase na história evolutiva da Terra e da Vida;
  • Divulgar a história da ocupação do território, a cultura regional e suas manifestações, e as formas de utilização sustentável dos recursos naturais na região;