Depois de um fevereiro com chuvas acima da média em todas as regiões do Estado, o Ceará começou março com 13 açudes sangrando. Essa é a maior quantidade desde 2020, tomando como referência o dia 4 de março. Naquele ano, 16 reservatórios estavam vertendo. Os dados são das resenhas diárias de monitoramento da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), levantados pelo Diário do Nordeste.
Em todo o Estado, a Cogerh acompanha a situação de 157 açudes. A resenha de monitoramento de segunda-feira (4) mostra que o aporte atual dos reservatórios é de 7,42 bilhões de metros cúbicos (m³). Isso corresponde a 40% da capacidade total.
Segundo informações da Companhia, os 13 reservatórios que ultrapassaram o máximo da capacidade estão localizados nas regiões Norte (9), Fortaleza (3) e Cariri (1). Apenas Sobral, município no Norte do Estado, concentra quatro desses açudes: Gerardo Atimbone, Patos, Santa Maria de Aracatiaçu e Santo Antônio de Aracatiaçu.
Os outros municípios da região Norte que têm açudes sangrando são: Forquilha (Arrebita e Forquilha), Granja (Itaúna), Massapê (Acaraú Mirim) e Santana do Acaraú (São Vicente). Na região Fortaleza, aparecem Caucaia (Cauhipe), Miraíma (São Pedro Timbaúba) e Pacoti (Germinal). No Cariri cearense, o reservatório Caldeirões, na cidade de Saboeiro, também está transbordando.
Além desses reservatórios, outros quatro estão com volume acima de 90% da capacidade: Angicos (em Coreaú), Aracoiaba (na cidade do mesmo nome), Gangorra (em Granja) e Tijuquinha (em Baturité). No mesmo dia do ano passado, eram 9 nessa situação.
Por outro lado, a Companhia aponta que 45 açudes ainda não atingiram 30% da capacidade em 2024. O relatório também indica que quatro reservatórios estão secos (Madeiro, em Pereiro; Várzea do Boi, em Tauá; Salão e Sousa, ambos em Canindé).
Outros 11 açudes são classificados como “volume morto” (não dispõem de tomada de água e têm menos de 5% da capacidade). Essa é a menor quantidade de reservatórios nessa situação desde 2019, tendo como referência o dia 4 de março. A quantidade de açudes secos também é a menor deste período.
Distribuição do aporte nas bacias hidrográficas
Apesar de, ao todo, os açudes monitorados pela Cogerh estarem com 40% da capacidade preenchida, a situação varia conforme a região analisada. Na bacia hidrográfica Coreaú, por exemplo, 80% da capacidade dos dez açudes já foi preenchida. Ao todo, a capacidade da bacia é de 299,4 hectômetros cúbicos (hm³). Enquanto isso, Sertões de Crateús, que também tem dez reservatórios (387,3 hm³), ainda não atingiu 20%.
Bacia hidrográfica com maior capacidade entre as 12 do Ceará, o Médio Jaguaribe comporta 7.373,1 hm³ e engloba 15 reservatórios. O atual volume preenchido na bacia é 1.785,1 hm³ — 24,2% da capacidade total. No outro extremo está a bacia hidrográfica Baixo Jaguaribe, que tem apenas um reservatório com 25,1 hm³. Atualmente, ele está com volume de 17,5 hm³ — 70% da capacidade.
Chuvas no Ceará
Após as fortes chuvas, o mês de fevereiro terminou com o melhor acumulado do Ceará dos últimos 17 anos. Foi o 5º melhor fevereiro da série histórica da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), iniciada em 1973.
Ao todo, choveu mais de 230 milímetros até a última quinta-feira (29), ou seja, volume 92.2% superior à média histórica para o mês, de 121.3 milímetros.
Conforme os dados da Funceme, a última que choveu assim no mês de fevereiro foi em 2007, quando houve pouco mais que o dobro da média: 243.3 mm. O levantamento revela ainda que os recordes continuam com os anos de 1985, com 312.5 mm (ou 157% acima da média); e 1980, com 289.9 mm (139% acima). O ano de 2004 completa a lista, com 245.1 mm (102% maior).