Ceará registra 12 mortes e mais de 90 casos de meningite neste ano

Do total de mortes, quase metade foi de crianças de 1 até 9 anos

O Ceará registrou um total de 12 mortes por meningite neste ano. Dos 93 casos reportados da doença até o dia 8 de junho, 5 foram de doença meningocócica (causada por bactérias) e 88 de outras meningites (ocasionadas por vírus, parasitas, fungos ou outros agentes).

Mais da metade dos casos foram registrados na Coordenadoria de Fortaleza, que abrange os municípios de Aquiraz, Eusébio e Itaitinga, além da capital. Os dados são da Planilha de Notificação Semanal (PNS) da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa), além de dados complementares enviados pela Pasta. 

O número de casos registrados é menor, em comparação com igual período do ano passado, quando 124 registros foram contabilizados. Em contrapartida, o número de óbitos cresceu. Em 2023, foram 7 mortes causadas entre janeiro e o início de junho. Desse total, a faixa etária de 1 até 9 anos concentra 41,6% dos óbitos, segundo a Secretaria de Saúde do Estado.

A meningite é uma inflamação das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. A meningite pode ser causada por diversos microrganismos, como vírus, bactérias, fungos e outros.

De acordo com a médica infectologista do Hospital São José, Fernanda Remígio, a meningite bacteriana é, geralmente, a forma mais grave da doença e os sintomas incluem:

  • Febre;
  • Dor de cabeça;
  • Rigidez na nuca;
  • Mal-estar;
  • Vômito;
  • Náusea.

​Além desses sintomas, caso a pessoa não seja tratada a tempo, podem aparecer sintomas mais graves, como: convulsões, coma e até a morte. Além desses, o Ministério da Saúde descreve ainda os sintomas de meningites causadas por outros agentes, que são bem semelhantes aos causados por meningites bacterianas.

  • Sintomas de meningite viral: febre, dor de cabeça, rigidez de nuca, náusea, vomito, falta de apetite, irritabilidade, sonolência ou dificuldade para acordar do sono, letargia, fotofobia (aumento da sensibilidade à luz). Em bebês, os sintomas citados podem ser mais difíceis de perceber. O bebê pode ficar irritado, vomitar, alimentar-se mal ou parecer letárgico ou irresponsivo a estímulos. Também podem apresentar a fontanela (moleira) protuberante ou reflexos anormais.
  • Sintomas de meningite por parasitas: dores de cabeça, rigidez de nuca, náuseas, vômitos, fotofobia (sensibilidade à luz) e/ou estado mental alterado (confusão).
  • Sintomas de meningite por fungos: febre, dor de cabeça, rigidez de nuca, náusea, vômitos, fotofobia (sensibilidade à luz) e estado mental alterado.

A transmissão ocorre de pessoa para pessoa, através do contato mais próximo. A médica Fernanda Remígio detalha como acontece esse contágio.

“A transmissão das meningites se dá por meio das gotículas que liberamos ao falar e respirar. Existem grupos de pessoas em que a doença é um agravante. As crianças, os idosos e as pessoas imunossuprimidas são as mais vulneráveis a contraírem a doença e são considerados grupos de risco”

PREVENÇÃO

Em 2023, o Ceará não atingiu a meta de cobertura vacinal mínima, que é de 95% contra meningite. Nem para a primeira dose, que estacionou em 90,81%, tampouco para a dose de reforço, que ficou em 90,01%, de acordo com dados do painel da Secretaria de Informação e Saúde Digital (SEIDIGI) do Ministério da Saúde.

A médica pediatra Vanuza Chagas destaca a importância da vacinação como melhor forma de prevenção e destaca o alto índice de mortalidade da doença.

"1 em cada 5 sobreviventes da meningite por meningococo apresentam sequelas graves, que podem incluir amputação de membros, perda auditiva, deficiência visual. Por isso é tão importante a vacinação!", pontua Vanuza

Em 2024, até dez de junho, o Ceará vacinou 79,57% do público esperado para receber a vacina meningocócica C e 76,23% tomaram o primeiro reforço. O número ainda está abaixo da meta e traz um alerta para os pais que ainda não levaram as crianças para tomar o imunizante. 

"Vale destacar que quando você tem uma grande parcela da população protegida, você acaba protegendo a todos, pois se tem menos pessoas com chance de transmitir, tem menos chances de alguém contrair a doença. Por isso é tão importante tomar a vacina", destaca a infectologista Fernanda Remígio.

 

*Sob a supervisão de Dahiana Araújo