Aos 10 meses de vida, Heitor Miguel nasceu de novo. Era 8 de fevereiro de 2022 quando o corpo cearense ainda tão miúdo parou de respirar. E voltou, para depois parar de novo 2 vezes. E voltar. Aí foi a vez do coração cessar as batidas. Mas acordar, cansado, e resistente.
Após ver o filho piorar de uma gripe com sintomas "anormais para uma criança", que se estendiam há dias, a agricultora Bárbara Beserra, 23, relembra os momentos desde quando o levou a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em Crateús, onde moram, até quando pensou que "Heitor não estaria mais" com ela.
Meu filho teve quatro paradas, três respiratórias e uma cardíaca, ainda nos primeiros atendimentos, aqui em Crateús. Foi o pior momento da minha vida, eu estava em choque e não parava de chorar.
Da UPA da cidade, o bebê foi encaminhado às pressas para o hospital de referência de Crateús, onde foi diagnosticado com um “quadro grave de infecção pulmonar”.
Seria preciso, então, transferência urgente para um hospital de alta complexidade. O mais próximo estava a 200 km, em Sobral.
‘Pensei que ele não ia aguentar’
Pela gravidade da situação, o procedimento de transferência foi realizado pela Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer), da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS), junto ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192 Ceará).
Bárbara relata que se sentiu parte de um "filme de terror". “Chamaram a ambulância do Samu e o helicóptero pra levar urgentemente meu filho para Sobral, porque talvez ele não fosse escapar. Foi tudo muito rápido”, lembra a mãe, que estava sozinha e teve apoio apenas de Regiane - uma desconhecida de quem só lembra do primeiro nome.
Eu pensava que ele não ia aguentar, que ele não ia mais ficar comigo.
Quando chegou ao Hospital Regional Norte (HRN), onde ficou internado por 8 dias, Heitor foi encaminhado para atendimento imediato, o que, segundo Aline Ibiapina, coordenadora médica da clínica pediátrica do HRN, foi fundamental para a recuperação.
"Ele estava com desconforto respiratório e bradicardia (batimentos cardíacos mais lentos do que o normal), mas o quadro foi revertido. A agilidade no atendimento e transferência auxiliaram no desfecho positivo”, avalia a médica.
Para o coordenador do Samu 192 Ceará na região Norte, Giovanni Andrade, “o serviço foi um componente de muita importância para o sucesso da ocorrência”, já que pôde “transportar o paciente da forma mais segura e célere possível”, conclui.
Nessa quarta-feira (16), faz um mês que o pequeno crateuense recebeu alta médica.
"Agora, mal saio de perto dele"
Depois de um mês da saída de Heitor do hospital, a mãe comemora o bom estado de saúde do filho agora. Para ela, vê-lo bem, de volta ao corpo "brincalhão e enpergico", traduz e materializa “toda felicidade e alegria do mundo”.
"Deu tudo certo, graças a Deus, ao socorro rápido e ao atendimento em todos os hospitais. E ele continua melhorando. Agora, o cuidado é redobrado. Eu mal saio de perto dele", confessa Bárbara.