O quanto as cidades podem ser inteligentes? E como seriam capazes de entregar mais virtudes e menos demandas para os que as fazem? O questionamento vem sendo feito por urbanistas, sociólogos, gestores públicos e especialistas de áreas distintas. O fundamento para análises, teses e ações não é unicamente o do ambiente a serviço do habitante, mas o do ambiente e do habitante convivendo harmonicamente, com o aproveitamento racional de espaços e tecnologias e com a aplicação de regras coerentes e planejadas conforme as necessidades reais de seus moradores. Pode-se dizer que, pelo fundo que ostentam, cidades inteligentes são um conceito social que engloba presente e futuro.
Atualmente, o Centro de Estudos e Debates Estratégicos da Câmara dos Deputados vem conhecendo pesquisas e experiências de boas práticas no que diz respeito a cidades inteligentes (ou "smart cities", no inglês, idioma no qual se cunharam a expressão e sua definição), apresentadas por especialistas e acadêmicos.
É uma forma de a instituição se inteirar de propostas inovadoras que, em curto período, podem fazer consideráveis diferenças. E é importante que se cumpra esse roteiro, uma vez que o tratamento meticuloso da pauta pode ser o motor que a faça superar obstáculos em meio a tanta aridez que se costuma testemunhar no cenário político. Dois parlamentares cearenses integram aquele núcleo do Legislativo: Dênis Bezerra (PSB) e Idilvan Alencar (PDT).
Deve-se observar que a implementação de medidas que possibilitem novas configurações não pode ser um procedimento verticalizado, dependente tão-somente da vontade política dos governantes de plantão e imposto de cima a baixo. Muito mais do que isso, é uma sequência de decisões e atos que exige debates, alterações legislativas, adequações culturais e, sobretudo, educação e preparação. Afinal, essa série visa à adoção e à multiplicação de estratégias capazes de melhorar a qualidade de vida nos centros urbanos brasileiros e, como consequência, tornar as cidades mais humanas, inteligentes e sustentáveis.
Há uma tendência mundial, percebida com atenção por estudiosos de áreas relacionadas ao tema, que sustenta uma tríade elementar sobre as mesmas bases: moradia, lazer e trabalho. A ideia é de que as pessoas se desloquem menos, minimizando impactos ambientais, portanto, no desempenho de funções rotineiras. E que encontrem mais segurança, conforto e agilidade nos movimentos cotidianos.
É para esse ponto que se fazem cabíveis os olhares dos fortalezenses e de cidades em crescimento. Afinal, a integração nos bairros - até mesmo o desafio de se empregarem para a região central da capital aplicações modernas, incluindo parcerias público-privadas - vem sendo discutida há alguns anos, e com intensidade, em instâncias oficiais e fóruns das universidades e do terceiro setor.
Considerando que não tardarão a ser empreendidos os confrontos de propostas visando às eleições municipais de 2020, não é excessivo se esperar que partidos e instituições de estudos políticos possam se debruçar mais sobre o assunto e, assim, oferecer abordagens mais qualificadas para a sociedade.