Perda no País daria para custear 9 olimpíadas

Ao todo, R$ 351 bilhões foram sonegados no Brasil até a última sexta-feira (26), aponta Sinprofaz

Escrito por Redação ,
Legenda: A estimativa é que R$ 280,8 bilhões, isto é, 80% do total, foram escoados em operações de lavagem de dinheiro
Foto: Foto: Helene Santos

A sonegação de impostos no Brasil já atingiu, no ano, a cifra de R$ 351 bilhões até a última sexta-feira (26). A estimativa é do Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz), por meio da ferramenta Sonegômetro, fruto de um estudo da entidade com o objetivo de chamar a atenção dos brasileiros para os valores da sonegação no País por meio de um painel instalado nas cidades de São Paulo e Porto Alegre.

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O déficit de R$ 170 bilhões previsto pelo governo interino de Michel Temer para 2016 seria equacionado com folga se os impostos sonegados desde o início do ano fossem recuperados. A retomada dos créditos inscritos na Dívida Ativa da União - que fechou o ano passado em R$ 1,5 trilhão -, além de conter o déficit, evitaria o aumento dos impostos sobre a população brasileira, alternativa que é considerada pelo governo para equilibrar o orçamento.

Além disso, o montante perdido em sonegação seria o suficiente para que o País sediasse neste ano mais nove edições das Olimpíadas e Paraolimpíadas com o orçamento da Rio 2016, avaliado em R$ 38,2 bilhões, de acordo com a terceira atualização da Matriz de Responsabilidade Olímpica, divulgada no último dia 21 de agosto. Ou ainda para construir 11,7 mil presídios de segurança máxima no País.

Lavagem de dinheiro

O Sinprofaz estima que, dos R$ 351 bilhões registrados pelo Sonegômetro, R$ 280,8 bilhões, isto é, 80% do total, foram escoados em operações de lavagem de dinheiro. O rombo só não é maior, de acordo com a entidade, por conta do trabalho da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN), que tem por missão recuperar judicialmente os créditos tributários e não-tributários devidos por pessoas físicas e jurídicas.

De acordo com o Sinprofaz, a sonegação fiscal afeta a livre concorrência e é um dos motivos pelos quais os tributos no Brasil são tão elevados. "A PGFN não cobra o cidadão comum ou o pequeno empreendedor, mas apenas dívidas superiores a R$ 1 milhão, oriundas de grandes empresas. O pequeno empresário é a vítima dessa realidade pois, além de não conseguir crescer, sofre com a concorrência desleal", explica o presidente do Sinprofaz, Achilles Frias.

Somente nos últimos quatro anos, a ação da Procuradoria resultou na recuperação direta de mais de R$ 76 bilhões e evitou, em um ano, a perda de R$ 500 bilhões dos cofres públicos. "O investimento na PGFN traz um retorno imediato ao governo e à sociedade. Para cada R$ 1 investido na Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, há retorno de R$ 800 reais para a União", aponta Frias. 

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