Há espaço para cultura 'sem dinheiro' na Capital

Diretor da Visa destaca interesse em replicar estudo em Fortaleza sobre benefícios do uso de meios digitais de pagamento e destacou 'contactless' como o futuro do setor

Escrito por Redação ,
Legenda: Segundo Gustavo Nomam, os novos investimentos em Fortaleza ajudaram a ampliar cultura digital, podendo impulsionar meios de pagamento eletrônico

Existe interesse da Visa em incluir Fortaleza nessa cultura digital sem dinheiro?

Com certeza. O estudo é replicável em qualquer cidade e Fortaleza é uma cidade importante, assim como o Ceará é um estado interessante no Brasil, e a gente tem todo o interesse de fazer o que gente puder para incentivar os meios eletrônicos. Eu não tenho dados específicos para falar agora, eu tenho certeza de que os impactos seriam positivos e muito grandes. A gente já faz muita coisa, também, com o Banco do Nordeste (BNB), quando a gente apresentou uma versão reduzida do estudo das "Cashless Cities", e a ideia é que as cidades vão ganhar, os consumidores vão ganhar, o governo vai ganhar, local e estadual. Eu não consigo falar que vamos fazer um atividade em 5.000 municípios no Brasil porque a gente não tem braço para fazer, mas estamos tentando mapear cidades e ver o que a gente pode usar de experiência, mas não dá para fazer muita coisa se os governos não quiserem e se os comércios não quiserem. Quando a gente foi falar com o BNB, foi justamente para isso, e apesar de não termos dados para comentar agora, nós temos todo o interesse de levar esse estudo e os impactos da cultura "cashless" também para Fortaleza. Não é vantajoso ter papel moeda para o cidadão normal. Dá para migrar? Dá. Mas vai depender de cada cidade e do interesse do governo e não é tão fácil para lidar com isso.

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Esse interesse cresce com o Data Center e novos investimentos em Fortaleza?

Eu acho que isso tudo ajuda para uma mudança até de mentalidade das pessoas, quando ela migra para uma economia mais digital e quando você fala em data center você já pensa que não precisa desse tipo de investimento quando lida com papel moeda. Quando começa a ter investimentos em tecnologia, não necessariamente em meios de pagamento, mas em tecnologia em geral, atrai profissionais que tem uma mentalidade mais digital e que vão querer usar isso. Você trabalha em um centro digital o tempo inteiro, você vai querer pagar com papel moeda? Não, eu quero usar a tecnologia. É uma demanda também da sociedade poder fazer isso e quanto mais pessoas com mentalidade tecnológica por trás, mais isso vai acontecer.

Essa nova cultura passa por onde? Pela cultura do "contactless"?

O cartão físico não exclui o vestível e o uso do smartphone com sistema de pagamento, então, vai ser uma escolha do portador usar esses métodos de pagamento. Mas pode ter certeza que esse ano a Visa vai introduzir muita coisa de pagamento sem contato, pois ele é muito mais eficiente, muito mais rápido de fazer, a experiência do consumidor é muito boa, e o consumidor vai sempre optar pelo meio que for mais cômodo, mais conveniente. Então quando você usa um contactless, faz um pagamento que você encosta e vai embora, dá uma experiência muito melhor. Se você chega encosta e vai embora, você não fica na fila do metrô, do restaurante ou de uma loja, então esse é um dos grandes investimentos aqui na feira. Então, o contactless deverá ser a principal iniciativa do meio nesse futuro próximo, e com isso a gente espera, também incentivar o uso dos meios eletrônicos de pagamentos.

Quanto levaria para o País aderir essa cultura de digital?

Não sabemos. Mas a penetração de cartões no Brasil tem subido, com o uso de cartões crescendo 12% em 2017 e o presidente da Abecs colocou bem que a indústria conseguiu isso mesmo com a economia não crescendo nesse patamar, então isso significa que os meios eletrônicos estão tomando o espaço do papel, ou seja, a indústria está crescendo. Não dá para cravar que daqui a X anos vamos ser uma sociedade sem dinheiro, ou cashless, mas a cada dia que passa estaremos mais próximos de atingir esse conceito. E se a gente conseguir implementar essa cultura nos segmentos em que hoje não há uma boa penetração do uso dos cartões, isso ainda vai aumentar.

Esses modelos mudam os conceitos de segurança. Como a Visa lida com isso?

Toda vez que a Visa lança um produto, uma das primeiras preocupações é a da segurança, a gente não vai lançar um produto que tenha uma falha de segurança, porque se um produto meu tem uma falha, eu saio do mercado. Quando você vai pegar hoje os números de cartões presentes e de cartões em loja, o nível de fraude é baixíssimo. São seis centavos para cada 100 dólares transacionados. Quando você vai para o e-commerce você tem uma dificuldade maior porque a gente não entra com o chip lá, então estamos investindo em tecnologias de segurança também nessas áreas, como o Visa Checkout, uma tecnologia de identificação facial e outras tecnologias de autenticação para dar mais segurança às transações. Investimentos em tecnologia em segurança estão no DNA da Visa.

*Diretor-executivo de relações governamentais da Visa

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