Moda íntima do Ceará aposta em inovação e se destaca no mercado

Segundo maior polo produtor deste segmento no País, o Estado amplia ainda mais a participação, sendo o principal exportador de lingerie

Escrito por Lígia Costa - Repórter ,

Rendadas, costuradas com tules e tecidos tecnológicos ou ostentando bojos confortáveis e modelagens sensuais. São muitas as opções de lingeries disponíveis no mercado. E o Ceará, tradicionalmente, é um dos mais fortes representantes do segmento.

Hoje, o Estado figura como o segundo maior polo de fabricação de lingeries do Brasil, atrás somente da região serrana de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, aponta levantamento da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit).

Conforme a entidade, mais do que lingeries, o dado referente ao Ceará contempla ainda itens do segmento moda praia. A cidade de Juruaia, em Minas Gerais, forma o terceiro maior polo do País, concentrando cerca de 200 empresas voltadas exclusivamente para a produção de itens de moda íntima.

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Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Confecção de Roupas e Chapéus de Senhora no Estado do Ceará (Sindconfecções), Elano Martins Guilherme, ao longo dos últimos 15 anos, o setor de confecção do Ceará, como um todo, tem perdido "bastante espaço" no cenário nacional. Porém, o setor específico de lingerie vem "na contramão", apresentando um dos melhores desempenhos do País. "Hoje, o nosso Estado é o maior exportador em número de peças íntimas do Brasil. E nós, do sindicato, queremos retomar em 2019 uma feira (Salão da Moda Íntima) para aquecer o setor e trazer visibilidade à nossa produção", conta Guilherme.

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De janeiro a junho desse ano, a exportação de itens de moda íntima despontou no Ceará. Conforme dados divulgados pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), no período foram enviados para fora 8.487 quilos (kg) de "Sutiãs e bustiês", o equivalente a US$ 506.013. O salto é de 2,20%, se comparado ao primeiro semestre do ano passado, quando foram exportados US$ 495.126.

Já os produtos descritos como "Espartilhos, suspensórios, ligas, artefatos semelhantes e partes" garantiram um incremento ainda maior, movimentando nos primeiros seis meses desse ano US$ 277.828. A variação é positiva (47,89%) se comparada a igual período de 2017, quando o montante alcançado chegou à casa dos US$ 187.858. No somatório dos dois segmentos, foram movimentados US$ 783,841 no primeiro semestre de 2018, alta de 14,76% ante igual período de 2017.

Diretor-presidente da Liebe Lingerie, Cairo Benevides afirma que, embora esteja em segundo lugar no ranking nacional, o Ceará ainda tem uma vantagem sobre o primeiro colocado.

"Em Nova Friburgo tem muitas microempresas e aqui já temos muitas grandes e médias empresas", analisa, reivindicando mais incentivo por parte do Governo do Estado à formalização de empresas do ramo. Caso as pequenas facções de confecção de moda íntima se tornassem empresas formalizadas e contabilizadas nos levantamentos, "poderíamos ser o primeiro polo no mercado nacional", estima Benevides.

Balanço nacional

Enquanto o Ceará alavancou o volume de exportação de moda íntima no primeiro semestre de 2018, no Brasil, o resultado ficou aquém. O Mdic indica que, em relação aos seis primeiros meses de 2017, o País retraiu em 15,21% a exportação de "Sutiãs, cintas, espartilhos, suspensórios, ligas e artefatos semelhantes, e suas partes, mesmo de malha". A exportação de itens do tipo atingiu o valor de US$ 4.540.467 esse ano, enquanto que, no ano passado, o valor registrado foi de US$ 5.355.314.

Importação

Se as exportações aumentaram em 2018 no Ceará, a importação de itens de moda íntima no Estado foi ainda mais expressiva. No segmento "Sutiãs, cintas, espartilhos, suspensórios, ligas e artefatos semelhantes, e suas partes, mesmo de malha", o valor de importação chegou a US$ 612.541, de janeiro a junho de 2018. O valor é 183,18% superior a igual período do ano passado, quando o valor de importação foi de US$ 216.302.

A justificativa para o grande salto na importação é porque o Ceará ainda depende muito de muitos insumos trazidos de fora para manter em dia a sua produção, justifica a gerente do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Karina Frota.

"Parte do que é importado serve como matéria-prima para o produto que é confeccionado no Ceará e que, posteriormente, se transforma em produto final para ficar no mercado doméstico ou para ser exportado com valor agregado superior", diz, ressaltando que o Ceará é hoje o maior exportador de sutiãs e bustiês do Brasil.

Ampliação

Atuando há 13 anos na confecção de lingeries em modal e algodão soft, a Econfort Lingerie mira exportar mais. Hoje, envia seus produtos para Bolívia, Paraguai e Uruguai, mas a expectativa é arrematar negócios com outros países, como o Chile.

"Esse é um ano difícil, com greve (dos caminhoneiros) e Copa do Mundo, mas a gente tem expectativa de crescer 20% esse ano, em faturamento e vendas, ante 2017, atendendo a outros estados brasileiros e ao Mercosul", projeta o diretor da empresa, Rodrigo Lima.

A Liebe Lingerie também envia itens da marca para países como Bolívia, Paraguai, Chile, Argentina, mas se prepara para alcançar novos mercados e ultrapassar os 5% do total da produção exportados hoje, calcula o diretor-presidente da empresa, Cairo Benevides.

"Nossa venda maciça ainda é no mercado nacional, mas estamos em contato com representantes especializados em exportação para ampliar negociação em países em que a gente não vende. Nosso entendimento é que temos muito espaço porque nossa lingerie tem muita beleza", afirma.

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