'Mesmo sem extra, deu para poupar em julho'

Faltou o dinheiro que a mãe recebia de um curso de culinária e o salário-estágio do filho também atrasou

Escrito por Redação ,
Legenda: Mesmo com as dificuldades de todo mês para sustentar a família, Antônia Eliane disse que conseguiu guardar R$ 300,00 neste mês
Foto: Foto: Lucas de Menezes

 

Mesmo conseguindo pagar as contas de água, de luz e o valor total da fatura do cartão de crédito e ainda poupar um dinheirinho, a família Lino da Silva teve um orçamento mais apertado neste mês de julho. Durante o mês de férias, Antônia Eliane Rodrigues Lino não contou com a renda extra de R$ 300,00 oriunda das aulas de culinária que ela ministra em Caucaia.

Além disso, o retorno do filho mais velho com a mulher e o filho para a casa dos pais foi novamente adiada, fazendo com que a despesa fosse dobrada para a comerciante.

>Plano de investir no próprio negócio está sendo revisado

>Economia foi mais uma vez adiada

"O pagamento do estágio do meu filho Erberson (o universitário José Erberson Lino, de 18 anos) atrasou de novo este mês. Pagaram o atrasado, mas o atual não saiu ainda. Então não deu para ele arcar com as contas. Precisei ajudar a pagar as dívidas da casa dele e também as contas aqui de casa. E com o recesso do curso de culinária não tive essa ajuda esse mês. O jeito foi deixar para depois a compra do computador", lamenta.

Apesar das dificuldades, ela disse que conseguiu guardar R$ 300,00 neste mês. Mas o dinheiro já tem destino certo. "Eu e minha filha Ellen (a adolescente Ellen Lino da Silva, 12 anos) vamos viajar no próximo fim de semana para Aprazível (distrito do município de Sobral, no interior do Estado). Vai ser a viagem de férias dela, para compensar o mês inteiro de trabalho no mercadinho", afirma.

Embora reconheça o esforço da adolescente a frente do negócio da família, contando apenas com a ajuda de um jovem entregador dos garrafões de água vendidos no mercadinho, Eliane diz que as vendas vão de mal a pior. "Nosso comércio está fraquejando porque eu e meu marido não temos tempo e eles (Ellen e o entregador de água) são muito jovens para dar conta da responsabilidade. E, como dizem, quem engorda o negócio é o olho do dono", lamenta.

Novos planos

A dona de casa tem novos planos para a filha e também para o negócio da família a partir deste mês de agosto. "A Ellen sonha em fazer um curso de violão. E como surgiu a oportunidade aqui perto de casa, ela vai cursar a partir de agosto e a gente vai dar um jeito de comprar um violão assim que começarem as aulas. Em troca ela promete melhorar as notas e o comportamento", afirma sorrindo, enquanto recebe um beijo da caçula.

Além do investimento no instrumento musical da menina, Eliane lembra que ainda precisará comprar um tênis e uma calça comprida para a volta às aulas da filha.

"O jeito vai ser comprar no cartão. Mas vai dá certo, pois só faltam dois meses para quitarmos a dívida dos banheiros (reforma realizada no início do ano), que foi parcelada em cinco prestações", lembra.

A compra do computador também faz parte do planejamento. "Em agosto, com a volta das aulas de culinária, vamos ter novamente uma renda extra, então vai dá para economizar. Também estou incentivando meu filho a batalhar para assumir as despesas dele. Então antes do fim do ano quero comprar o computador, que será para uso meu e da Ellen. Quero colocar ela num curso de informática e depois ela vai me ensinando. Ela está na idade de fazer cursos para se preparar para o futuro e eu não quero abrir mão disso", planeja a mãe.

Futuro do mercadinho

Quanto ao mercadinho, principalmente com o tempo mais reduzido da filha, a comerciante diz que pretende transformá-lo numa lojinha de presentes.

"Eu já vendo perfumes, então penso aumentar o estoque de perfumaria e também começar a vender brinquedos, artigos de plástico e outras opções para presente. Assim não perco a clientela e posso abrir o comércio só depois das 15h30, quando meu marido chega do trabalho, e também nos fins de semana, já que não terei mais mercadoria perecível", explica.

Ângela Cavalcante
Repórter

Vida e Finança$

No dia 25 de janeiro, o caderno de Negócios do Diário do Nordeste deu início à série de reportagens “Vida e Finanças”, que acompanha mensalmente até dezembro deste ano, publicando sempre entre o primeiro e o último fim de semana de cada mês, a rotina e o orçamento doméstico de três famílias cearenses das classes A, C e D, com o propósito de saber como cada uma se comportará diante das mudanças econômicas previstas para 2015, cujas perspectivas são de um ano difícil, com arrocho fiscal, aumento nos preços dos combustíveis, alta das tarifas públicas e redução do nível de emprego.

O critério para definição da faixa de renda das três famílias protagonistas desta série tem por base a classificação do Centro de Políticas Sociais (CPS) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), segundo a qual são consideradas de classe A famílias com renda acima de R$ 9.754; C aquelas que possuem renda familiar entre R$ 1.734 e R$7.475; e D para a faixa de R$ 1.085 a R$ 1.734 de ganho mensal. Ainda conforme a divisão do CPS/FGV, famílias das classes B e E possuem, respectivamente, rendimentos entre R$ 7.475 a R$ 9.745 e de R$ 0 a R$ 1.085.

Depois de conviver durante sete meses com dificuldades e êxitos, novos e antigos desafios enfrentados pelas famílias entrevistadas, de conhecer suas dúvidas e expectativas, acompanhar mudanças nos planos traçados para o ano ou adiamento de projetos para contornar a conjuntura econômica e de torcer pelo sucesso de cada personagem, chegamos à sétima publicação da série Vida e Finanças com uma perspectiva mais animadora para as famílias, de retomada do crescimento do País no segundo semestre de 2015.

 

 

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