Emprego exigirá adaptação; novas profissões surgem

Previsão do Fórum Econômico Mundial é que cinco milhões de empregos desapareçam até 2020 em países ricos

Escrito por
Redação producaodiario@svm.com.br
Legenda: Funções de baixa complexidade na indústria devem deixar de existir. Já a abertura de novas oportunidades, muitas de empregos que nem sequer existem ainda, é prevista em segmentos como tecnologia e serviços

Para além de proporcionar ganhos ao setor produtivo, a indústria 4.0 também impõe desafios ao mercado de trabalho, uma vez que a automatização de processos tornará desnecessária a mão de obra em diversos segmentos. Até 2020, cinco milhões de empregos nos países mais ricos do mundo podem desaparecer devido ao avanço da tecnologia, segundo projeção do Fórum Econômico Mundial em 2016.

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O estudo calcula uma perda total de 7,1 milhões de empregos, compensada pelo ganho de 2 milhões de novas posições. Aqueles que devem deixar de existir estão relacionados, principalmente, a atividades de baixa complexidade, que podem ser substituídas pelas novas tecnologias. Já a abertura de novas oportunidades, muitas de empregos que sequer existem ainda, é prevista em segmentos como tecnologia e serviços.

Para o presidente e fundador do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab, a sociedade precisa se preparar para esse novo momento, principalmente em relação ao sistema educacional.

"Temos que nos adaptar às necessidades contínuas de mudança. Um novo sistema educacional precisa mirar não só nas capacidades digitais e normas éticas, mas também deve estar baseado em um sistema para toda a vida", explica.

O Fórum também projeta que cerca de 65% das crianças que estavam entrando na escola primária em 2016 terão empregos que ainda não existem. Levantamento da Accenture, de 2015, aponta que 87% dos líderes de negócios mundiais incluídos no estudo acreditam que a aplicação da IoT para a indústria gerará novos empregos especializados, que necessitam de um conjunto de habilidades diferentes.

Para o professor André Fleury, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) e da Agência USP de Inovação, os profissionais não serão apenas operadores, mas criadores. "É preciso capacitar profissionais que, mais que executar processos, criem novos produtos, serviços, empreendimentos. Dentro do contexto das universidades, essa questão tem sido trabalhada", pontua.

De acordo com Sampaio Filho, presidente do Conselho Temático de Inovação e Tecnologia da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), essas mudanças devem começar a acontecer em um futuro próximo. Com isso, um projeto está sendo desenvolvido para identificar o perfil dos profissionais do futuro, com projeção de dez anos. Os resultados serão apresentados no segundo semestre.

Ambiente propício

Mas antes, conforme o relatório Indústria 4.0: internet das coisas, lançado em 2016 pelo Sistema Firjan, é necessário que seja formado um ambiente propício para que a internet das coisas seja efetivamente incorporada ao setor produtivo. Mesmo tratando-se de uma das tendências mais comentadas, o segmento ainda está em fase embrionária e precisa superar alguns desafios.

Entre eles está o avanço da infraestrutura e internet. Segundo o relatório, será necessária uma infraestrutura capaz de armazenar (nuvem), processar (alto desempenho) e comunicar elevadas quantidades de dados (ultra banda larga), além da disponibilização da comunicação em todos os lugares e por qualquer meio. Outras demandas apontadas são a queda de custos de energia para processamento de dados e miniaturi-zação de componentes.

Em caráter político, predominam fatores relacionados à padronização, como de protocolos de internet e interoperabilidade de rede. A diversidade regional em frequências de bandas, protocolos para tráfego, sistemas operacionais, entre outros, aumenta a complexidade e custos para usuários e desenvolvedores. Segundo cálculo da McKinsey, de 2015, prevê-se que a interoperabilidade será necessária para criar 40% do valor potencial.

Segurança da informação

As preocupações relacionadas à segurança de dados estão sendo amplamente debatidas ao redor do mundo, sendo uma apreensão ainda maior no contexto da indústria 4.0. No Brasil, o Marco Civil da Internet atua como legislação para estabelecer princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da internet. Ainda assim, não há uma legislação específica de segurança e privacidade em internet das coisas.

Ataques de hackers ou suscetibilidade a vírus são problemas sérios para os sistemas digitais e, portanto, exigem cuidados extras para evitar prejuízos para os negócios e clientes. Com isso, as empresas devem estar a par de técnicas como a criptografia, utilização de firewalls e proxys, camadas de proteção dos dados armazenados em nuvens, e isolamento de redes industriais. (YP)

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