'BNB não abre mão de financiar obra da Fraport no Aeroporto'

Banco já contatou as futuras concessionárias dos aeroportos de Fortaleza e Salvador, segundo o presidente

Escrito por Armando de Oliveira Lima - Repórter ,
Legenda: Objetivo do Banco do Nordeste é ser o agente financiador das futuras obras de ampliação e modernização do Aeroporto Internacional Pinto Martins, arrematado pela empresa alemã
Foto: Foto: Kid Jr.

Disposto a financiar grandes projetos estruturantes propostos por investidores privados, o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) lançou uma linha de crédito de R$ 11, 4 bilhões exclusiva para o segmento, o chamado FNE Infraestrutura, o qual pretende destinar uma cota significativa para uma ilustre empresa alemã: a Fraport. A nova concessionária do Aeroporto Internacional Pinto Martins vem sendo bastante badalada desde que venceu o leilão de concessão com lance de R$ 1,5 bilhão e, segundo revelou o presidente do BNB, Marcos Holanda, já foi contatada pela instituição.

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"Eu coloquei para a equipe do Banco: eu não abro mão do Banco do Nordeste não estar participando do financiamento dos projetos dos aeroportos. Eu não vejo sentido que a gente não participe do financiamento dessas obras, que considero muito importantes", afirmou Holanda na manhã de ontem, durante o I Fórum BNB de Infraestrutura.

No entanto, o valor disponível para um financiamento pela empresa alemã não foi mencionado pelo presidente do BNB, que citou os recursos de R$ 26 bilhões do FNE (Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste) como disponíveis para investidores somente neste ano. O FNE é a fonte originária de diversos produtos da carteira do Banco, como o mais recente FNE Infraestrutura.

Oportunidade

Ao enfatizar a necessidade de o Banco ser agente financiador das obras do Aeroporto de Fortaleza e também do de Salvador - arrematado pela Vince, com a qual o contato pelo BNB também já foi feito -, o presidente do Banco do Nordeste apontou para a lacuna deixada pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) como oportunidade. Isso porque o cronograma do BNDES estabelece um limite para os financiamentos de aeroportos em 40% do valor de projetos, colocando o BNB como opção de crédito para financiar o restante dos empreendimentos.

Fora do Brasil até o próximo dia 30 de abril por conta de uma agenda do Hub de Inovação do Nordeste (Hubine), Holanda afirmou que deixou técnicos autorizados a contatar os representantes da Fraport que virão a Fortaleza na próxima segunda-feira (24). O diretor de projetos sênior Andreas Montag e os diretores de projetos Klaus Jeschcke, Cecil White e Leonardo Carnielle serão recebidos pelo governo do Estado e devem visitar o aeroporto e também pontos turísticos do Ceará.

Bem recebidos

"Já fizemos contatos (com os representantes da Fraport). Fomos bem recebidos. Eles estão analisando quais as fontes que vão utilizar: próprias ou externas. Mas quisemos mostrar que o Banco do Nordeste pode apoiar o Aeroporto de Fortaleza", revelou Helton Chagas, superintendente de Negócios de Atacado e Governo do BNB. Parte do grupo técnico que fará contato com os representantes da Fraport em Fortaleza, Chagas disse que já está em contato com o governo estadual para participar da agenda dos visitantes.

"A gente sabe da necessidade de investimento e eles (os alemães) têm que ter a estrutura de investimento conhecida ainda neste ano para investir no próximo ano, quando têm que cumprir o contrato com o governo federal", ressaltou, observando que, apesar de a Fraport ser uma empresa estrangeira e o cadastro dela ser necessário para realizar o financiamento, o processo pode ser rápido, "mais pela forma de como foi feito, sendo objeto de um leilão". "Até porque a necessidade do projeto é assim; muito rápida", acrescentou o superintendente.

'Tudo que houver'

A nova estratégia dos governos - federal e estaduais - de conceder à iniciativa privada equipamentos e obras antes capitaneadas pelo poder público será aproveitada como oportunidade para o Banco do Nordeste, segundo Marcos Holanda. "Tudo que houver concessão, participação do setor privado e necessidade de financiamento, nós estaremos interessados em se colocar a disposição", assegurou.

Para mostrar o quanto ágil está sendo o trabalho do BNB nesta nova estratégia de atuação, ele enumerou conversas para financiar projetos da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), investidores de cimento e outros relacionados ao Porto do Pecém, além da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece). "Estamos abertos a qualquer tipo de demanda, em qualquer área: transporte, energia, saneamento, telecomunicações... Pois acho que é uma consolidação do papel do banco como banco de desenvolvimento atuar desta forma", afirmou o presidente.

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