Orgulho, luta e inclusão

O Dia do Orgulho Autista, celebrado em 18 de junho, é muito mais do que uma data no calendário. É um convite à reflexão e à celebração das diferenças. Um momento para reafirmar que a diversidade neurológica faz parte da nossa sociedade e merece ser reconhecida com respeito e dignidade.
Como mãe atípica, vivi e continuo vivendo os desafios que milhares de famílias enfrentam todos os dias: o acesso ao diagnóstico, a busca por terapias adequadas, o enfrentamento de olhares preconceituosos e a luta constante para garantir direitos básicos. Cada pequena conquista do meu filho é, para mim, uma grande vitória. E é justamente por essa vivência que compreendo a importância dessa data.
O orgulho de ser autista não é um conceito abstrato. É a afirmação de identidade de pessoas que, historicamente, foram silenciadas, invisibilizadas ou forçadas a se adaptar a padrões que não respeitam sua forma de ser e sentir o mundo. Ter orgulho é dizer: “Eu existo. Eu tenho direito de ser quem sou.” É entender que as diferenças não nos diminuem. Ao contrário, nos tornam únicos.
Essa é uma luta que não diz respeito apenas às pessoas autistas. É uma responsabilidade coletiva. Precisamos de uma sociedade que enxergue o autismo com naturalidade e que ofereça condições reais de inclusão: nas escolas, no mercado de trabalho, nos serviços públicos e em todos os espaços sociais. E mais do que estruturar políticas, é preciso transformar mentalidades.
Ainda vemos muitos casos de exclusão, bullying, falta de preparo e de acolhimento em ambientes que deveriam ser seguros para todos. Por isso, o Dia do Orgulho Autista também é um chamado à escuta ativa. Precisamos ouvir mais as pessoas autistas sobre suas vivências, suas necessidades e suas expectativas. Quem vive o autismo sabe exatamente do que precisa.
Mais do que empatia, é preciso ação. Não basta aceitar. É preciso incluir de forma concreta, com políticas eficazes, formação de profissionais, estrutura nas escolas e atendimento especializado na saúde. Mas, além de todas as questões estruturais, é fundamental uma mudança cultural: parar de enxergar o autismo apenas como uma condição clínica e começar a olhar como parte da diversidade humana.
Neste Dia do Orgulho Autista, o que desejo é que a sociedade avance no olhar, na escuta e no respeito. Que as pessoas autistas possam viver com dignidade, autonomia e, sobretudo, com liberdade para serem exatamente quem são. Que o orgulho que celebramos hoje seja um passo a mais para quebrar estigmas, abrir caminhos e construir um futuro mais justo e humano para todos.
Luana Régia é deputada estadual do Ceará